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Morhan Acre comemora 34 anos durante Dia D da Mancha, 22 de setembro

O Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) do Acre comemora os 34 anos de sua fundação no próximo dia 22, durante o Dia D da Mancha. A iniciativa, que faz parte da Semana Estadual de Combate e Prevenção à Hanseníase, levará informações sobre a doença para a sociedade, assim como as formas de tratamento oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O evento acontece a partir das 9h, no Centro de Rio Branco (Avenida Getulio Vargas, 20), com a participação da 1a secretária de comunicação do Morhan Nacional, Valdenora da Cruz Rodrigues, e do conselheiro de saúde da entidade, Artur Custódio.

O objetivo é promover ações educativas que conscientizem a população quanto aos sinais e sintomas da doença, ao diagnóstico precoce e à realização de tratamento, reafirmando o compromisso com a luta contra a hanseníase do estado do Acre. “Os principais motivos para que a hanseníase ainda não tenha sido erradicada do país são o preconceito e a falta de informação. Por isso, o Morhan dedica-se a divulgar informações qualificadas sobre como prevenir, identificar e tratar a doença”, diz a coordenadora nacional do Morhan, Lucimar Costa.  

Um agravante da hanseníase é o estigma social e o preconceito ainda associados à doença, que possivelmente é a mais antiga da história. “O medo da discriminação afasta pacientes das unidades de saúde e dificulta o diagnóstico e o tratamento da hanseníase. Por isso, a informação é o melhor remédio”, acrescenta Artur, que, durante a atividade, destacará os avanços do SUS e a importância dos conselhos de saúde no enfrentamento da hanseníase. A doença tem cura, o tratamento é gratuito, está disponível no SUS e dura entre seis e 18 meses.

Data passa a ser celebrada anualmente – A Semana Estadual de Combate e Prevenção à Hanseníase é comemorado anualmente em setembro. Em 2016, um importante passo foi a aprovação, na Assembleia Legislativa do Acre, do projeto de lei de autoria da deputada Maria Antônia (PROS) que reconhece a prática de isolamento e internação compulsória de pessoas atingidas pela hanseníase até dezembro de 1986. O projeto prevê ainda a integração de órgãos e entidades, públicas e privadas, em ações conjuntas em benefício da comunidade. Também cria oportunidades de parceria com os acadêmicos de diversos cursos de graduação para realizarem trabalhos de campo com a população.

“Estou muito feliz e quero deixar aqui meu agradecimento ao Movimento por me convidar e estarmos juntos nesta luta. Tudo que contribui para a promoção da saúde da população deve ser defendido com muita seriedade. Desde a sanção do projeto, os profissionais qualificados começarão a trabalhar para a implantação e intensificação de campanhas públicas com o intuito de conscientizar, prevenir e orientar a população acreana sobre a doença”, diz deputada.

Histórico – O movimento busca o reconhecimento público e do governo federal do holocausto vivido por milhares de pessoas a partir da separação de pais e filhos. Durante décadas, os doentes foram internados em instituições fechadas, conhecidas como leprosários ou hospitais-colônia.

O isolamento compulsório imposto aos portadores da doença como forma de evitar o contágio fez com que bebês e crianças fossem levados para educandários ou orfanatos e entregues a outras famílias. Muitos desapareceram. 

Após anos de luta contra a doença e o preconceito, os pacientes encontraram apoio no Congresso Nacional por meio da Medida Provisória 373, apresentada pelo então senador Tião Viana (atual governador do Acre). A Lei 11.520/2007 dispõe sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios até 31 de dezembro de 1986. A pensão vitalícia, atualmente de R$ 1.340, é paga para quase 10 mil pacientes de hanseníase em todo o Brasil, dos quais 600 no Acre.

“Buscamos agora, junto ao governo federal, o pagamento de uma indenização para os filhos que foram separados dos seus pais, pelo Estado”, afirma Terezinha Prudêncio, coordenadora do Morhan Estadual Acre. Terezinha foi diagnosticada com a doença quando tinha 23 anos e internada em um hospital-colônia, permanecendo por cerca de 20 anos separada de seus cinco filhos, vendo-os através das grades do portão de ferro que marcavam a saída do local. (Assessoria)

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