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“A Rede conseguiu mostrar a sociedade que não temos candidaturas apadrinhadas”, disse Carlos Gomes

Com 15.735 votos, o que equivale a 8, 28% dos votos válidos, o candidato a prefeitura de Rio Branco, Carlos Gomes, da Rede Sustentabilidade, finalizou a campanha eleitoral em terceiro lugar. De acordo com a opinião dos internautas, Gomes foi a grande surpresa da eleição de 2016.

Para o ex-candidato, o debate na TV Gazeta foi o divisor de águas para ter obtido essa margem de votos.

“Diferentemente da outra TV, eles não condicionaram uma porcentagem para a participação. Convidaram de igual forma todas as candidaturas (…) a projeção do debate foi que alavancou a nossa candidatura na reta final e conseguimos ter uma votação expressiva”, disse.

Quanto aos projetos para o futuro, Gomes afirmar que independente de uma possível candidatura em 2018, o momento é de militar em favor da sociedade.

Por fim, ele agradece a cada voto recebido.  Quero agradecer a todas as pessoas que acreditaram no nosso projeto. Aos que votaram e até mesmo aos que não votaram, porém respeitaram nossa candidatura, muito obrigado. Meu sentimento é de gratidão. A palavra que define nossa campanha é gratidão a todas as pessoas que se conectaram conosco. Confira a entrevista;

A GAZETA – Você esperava ter essa expressão de votos?

Carlos Gomes – Sabe, essa eleição foi muito gratificante. Sem sombra de dúvidas esse resultado nos surpreendeu. Considero uma vitória, não apenas minha, mas, de toda uma equipe. Foi uma candidatura pedagógica. De alguma forma conseguimos mostrar a polarização tradicional que é possível fazer campanha com pouco recurso e discutindo a cidade no mérito, respeitando os adversários, mas, sobretudo se conectando com as pessoas, que é quem efetivamente deve sair vitorioso no processo eleitoral. Ter 15.735 votos para quem nunca tinha disputado uma eleição, para quem era desconhecido, que só contava com 19 segundos de tempo na TV, sem estrutura, sem dúvidas foi surpreendente. Foi linda a caminhada e diria que foi até histórico para nós, por ser a nossa primeira campanha e sair com um desempenho tão bacana.

A GAZETA – Foi difícil trabalhar com pouco recurso?

Carlos Gomes – Foi um limitado. Tínhamos muitas pessoas que desejavam ajudar nesse processo eleitoral, porém, não tínhamos como estruturar essas pessoas. Não tínhamos, por exemplo, carros a disposição. Uma vez ou outro que um ou outro filiado de Rede acabava se oferecendo para ajudar. Foi desafiador, sem sombra de dúvidas, para uma campanha que foi totalmente franciscana.

A GAZETA – Você foi impedido de participar do debate da TV Acre. Como foi viver essa experiência?

Carlos Gomes – Essa foi uma grande luta que travamos. O mais traumático de tudo isso não foi não poder participar do debate, foi ver um veículo de comunicação negar a democracia para que uma candidatura pudessem se apresentar aos eleitores. Lamentavelmente, a emissora mancha a história democrática da pós-redemocratização do país ao cercear a candidatura, de um debate que tinha o objetivo discutir a cidade, as pessoas. Ao final o resultado nas urnas contrariou, inclusive, as pesquisas que a própria TV Acre encomendou.

A GAZETA – No debate da TV Gazeta foi considerado pelos eleitores o melhor participante. Muito se comentou sobre sua participação nas redes sociais. Como você recebeu os elogios?

Carlos Gomes – No início foi até engraçado. Minha meta nesse debate era sobreviver. Imagina, você vai para um debate em que tem uma deputada estadual, um prefeito bem avaliado em reeleição e um vereador com mais de 30 anos de vida pública. Aí vai um jovem de 27 anos, que nunca tinha sido candidato, enfim, a meta era realmente sobreviver. Meu desejo era mostrar as pessoas quais eram as nossas posições sobre os temas que foram levantados. Quando a gente foi que vi a real proporção de tudo. Fiquei surpreso.

 A GAZETA – Qual foi seu primeiro pensamento após perceber essa grande repercussão?

Carlos Gomes – A sensação que tive foi de mais responsabilidade diante dos eleitores, afinal de contas, a expectativa de quem já conhecia o Carlos Gomes aumentou e quem não conhecia, passou a ter interesse no que tínhamos a dizer. O mais gratificante foi conquistar o respeito de quem votou e não votou no Carlos Gomes.

A GAZETA – Você acredita que o debate da TV Gazeta foi um divisor de águas na tua campanha?

Carlos Gomes – Sem sombras de dúvidas. Diferentemente da outra TV, eles não condicionaram uma porcentagem para a participação. Convidaram de igual forma todas as candidaturas. Tentamos aproveitar o máximo do tempo, mesmo sabendo o qual é desafiador é ter três concorrentes, um mediador, vários jornalistas ao fundo, câmeras, uma cidade inteira te analisando, observando e até julgando tuas propostas, tuas suposições. Foi o momento de maior exaustão emocional. Ali não era mais o físico, era também emocional. A projeção do debate foi que alavancou a nossa candidatura na reta final e conseguimos ter uma votação expressiva.

A GAZETA – Qual foi a maior experiência que você vivenciou nesse processo eleitoral?

Carlos Gomes – A disputa em si é uma faculdade de vida. Disputar uma eleição a prefeitura de uma capital, contra forças hegemônicas de poder é uma grande lição, não só para mim, mas, para toda uma geração que se encontra insatisfeita com a política que vem se revezando não só no Estado e capital. Todo o processo foi uma grande lição, desde o momento em que éramos desconhecidos até conseguirmos participar das rodadas de entrevistas. Foi uma faculdade de vida e também um foco de esperança das pessoas que continuam marginalizadas do âmbito do Direito e da Cidadania.

A GAZETA – Quais teus projetos para o futuro. Tem alguma pretensão de se candidatar a outro cargo político?

Carlos Gomes – É bem engraçado isso. As pessoas já me lançaram a candidato a deputado estadual, federal, senador, governo. Independentemente do que possa acontecer na próxima eleição, uma coisa é certeza, continuarei na militância. Estamos nos reunindo para debater a PEC 241, para depois nos reunir com a bancada tanto da Câmara e do Senado para expor nossas angústias. Entendemos que é importante reduzir os gastos do poder público, porém defendemos que isso seja amplamente debatido.

Fiquei sabendo através de um vereador da atual legislatura que o prefeito, no plano plurianual, no próximo mandato, pretende reajustar o aumento da tarifa do transporte público, concedendo mais isenção. Estaremos nos mobilizando para contrapor esse projeto. Ainda mais agora que a Petrobrás muda a forma de definição do preço da tarifa combustível, gás e petróleo. Estaremos militando.

A GAZETA – A Rede Sustentabilidade sai fortalecida dessa eleição?

Carlos Gomes – Sem sombra de dúvidas. Tivemos candidaturas em Brasileia e Tarauacá. Em Rio Branco conseguimos um bom resultado na eleição majoritária. Para um partido que tem pouco mais de um ano de registro no TSE, isso é maravilhoso. Saímos fortalecidos sim do processo, apesar a nossa intenção ser que a população que saia fortalecida deum processo eleitoral, pois, ela quem paga as contas das crises políticas, da corrupção. A Rede conseguiu mostrar a sociedade que não temos candidaturas apadrinhadas. Portanto, fica para esses partidos e sociedade que a Rede é uma alternativa em construção e consolidação.

A GAZETA – Considerações Finais.

Carlos Gomes – Quero agradecer a todas as pessoas que acreditaram no nosso projeto. Aos que votaram e até mesmo aos que não votaram, porém respeitaram nossa candidatura, muito obrigado. Meu sentimento é de gratidão. A palavra que define nossa campanha é gratidão a todas as pessoas que se conectaram conosco. Tivemos o momento de pedir e agora é o momento de agradecer e, para isso estamos repassando em todos os locais em que estivemos pedindo voto. Depois disso vamos reorganizar as trincheiras de luta. Fica aí minha gratidão a todas as pessoas que se solidarizaram democraticamente conosco. A eleição acabou, a vida segue e a luta continua.

A Gazeta do Acre: