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Bope contém rebelião e onda de pânico na cidade; governador dá duro recado ao crime

Rio Branco teve ontem mais uma noite marcada por tensão, medo e confrontos envolvendo facções criminosas. Tudo começou após uma troca de tiros na frente da Unidade Prisional 4 (UP-4), mais conhecida pelo antigo nome de ‘Papudinha’. O tiroteio causou pânico nas pessoas que passavam pelo local na hora e gerou uma rebelião na unidade prisional, que foi contida por volta das 21h30, por agentes do Batalhão de Operações Espe-ciais da Polícia Militar (Bope).

Não houve mortes na rebelião. Apenas feridos. Quatro detentos se machucaram e tiveram que ser encaminhados ao Huerb.
Os policiais do Bope conseguiram prender um dos acusados de promover o tiroteio e apreenderam as armas utilizadas, munições e até coletes à prova de bala e granadas.

O tiroteio que motivou toda a desordem na unidade seria uma espécie de emboscada contra um grupo de presidiários no regime semiaberto que chegavam ao local para passar a noite.

‘Estamos abandonados’

O governador Tião Viana se posicionou também, em uma entrevista coletiva emergencial, juntamente com o secretário estadual de Segurança Pública, Emylson Farias, e do procurador-geral do MP/AC, Oswaldo d’Albuquerque, e várias outras autoridades da cúpula de Segurança.
Tião Viana frisou que o Acre está sofrendo os reflexos de uma guerra nacional de facções entre o Comando Vermelho e o PCC. Em Roraima, 25 presi-diários morreram nos últimos dias. Em Rondônia, foram oito presidiários mortos. A Inteligência da Polícia Civil acreana recebeu a informação, ontem de manhã, que 65 presos, membros de facção, se dirigiam para Rondônia e Acre. Quarenta deles ficaram no estado vizinho e 25 vieram para cá, com artilharia pesada (granadas, carros blindados e coletes à prova de bala), com objetivo de fazer o ataque ao presídio.

Esse alerta rápido fez as forças de segurança do Estado rea-girem contra os criminosos. Diante do episódio, o governador revelou que no Acre a situação é delicada devido ao descontrole das fronteiras, em face do avizinhamento com dois dos maiores produtores de cocaína e outras drogas do mundo, que são a Bolívia e o Peru.

“A situação está sem controle na ponta e o Governo Federal tem fechado os olhos para um grande agente letal que são as drogas. A porta de entrada está completamente vulnerável. E esta é uma atribuição constitucional do Governo Federal. Temos uma polícia que nos orgulha demais, o apoio da magistratura e do Ministério Público. Mas falta a presença como deveria ser do Governo Federal. A Amazônia desprotegida”, disse Tião Viana, frisando que os estados tem cerca de R$ 2 bilhões em recursos que deveriam ir para o reforço da segurança.

Sobre este montante contingenciado, Tião Viana disse que já fez vários pedidos, teve conversas e reuniões nos ministérios em Brasília, mas não consegue a liberação. Por isso, a questão já foi ‘judicializada’, sendo o fato comunicado ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Tião frisou que enquanto este combate não for da União, o problema não vai se resolver, ele frisou que as pessoas tenham mais zelo e perícia ao sair de casa de noite e cobrou recursos para que o Acre tenha estruturas maiores de combate ao crime, como presídios federais.

O secretário Emylson Farias reforçou que esta situação vivida ontem não é exclusiva do Acre, mas sim de todos os estados brasileiros, e que a polícia vai continuar fortalecendo seus efetivos para seguir firma no combate à criminalidade, com ações intensas. Inclusive, mais presidiários cabeças de façções devem ser transportados do Estado e lideranças isoladas.

O procurador Oswaldo D’Albuquerque realçou as palavras do governador de que os recursos contingenciados atrapalham demais o esforço da segurança. E afirmou que o MP vai lutar tanto para acabar com este contingenciamento de recursos, quanto para que as ações contra o crime organizado passem a ter medidas a nível nacional. “O MP vai apresentar um plano de ação. Só assim resolveremos os problemas nos presídios. Daqui e de todo o país. Um exemplo é o de acabar com o acesso ao sinal de celular nas unidades prisionais”, comentou o procurador, completando que “o Estado é forte, mas o Governo Federal precisa dar o suporte necessário”.

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