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Rebelião em presídio de Rio Branco resulta em três mortos e quatro feridos

 Uma rebelião no Complexo Penitenciário Francisco D’Oliveira Conde, em Rio Branco, foi iniciada no início da noite desta quinta-feira, 20. De acordo com a assessoria de Segurança Pública, a confusão foi originada pelos presos do pavilhão K. Disparos de armas de fogo dentro do local resultaram em três mortos e quatro feridos. Durante a ação, dois agentes penitenciários foram feitos reféns.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) e atendentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram deslocados para o local.

A equipe do Jornal A GAZETA teve contato com um dos presidiários por meio de uma ligação feita de dentro do complexo. No momento da rebelião, ele pedia socorro e gritava que havia pessoas mortas no local. “Os homens mataram os nossos parceiros aqui, mataram três. Eles estão invadindo aqui e querem nos matar. Queremos os Direitos Humanos aqui. Estamos com agentes (penitenciários) reféns aqui e se não pararem de atirar, nós vamos matar eles”, disse.

Pouco tempo depois, os dois agentes que estavam sendo mantidos reféns foram liberados. A Polícia Militar também conseguiu controlar a rebelião nos pavilhões K e L. Os policiais, no entanto, levaram mais tempo para contornar a situação no pavilhão J.

Desesperada, a esposa de um dos presos, que não quis ser identificada, disse que mantinha contato com o marido pelo celular. Segundo ela, na quarta-feira, 19, as visitas íntimas foram suspensas e o clima dentro do presídio era de pânico. “Não há normalidade nisso. A gente sentia que algo assim estava para acontecer”.

O acesso dos presidiários ao telefone celular e à internet foi algo que também chamou atenção durante a rebelião na noite de ontem. A todo o momento, vídeos e fotos em alta resolução chegavam aos grupos de WhatsApp com imagens em tempo real.

Um dos vídeos mostrava um detento morto no chão, enquanto os demais presidiários oravam em torno dele. Um homem, que na imagem é identificado como irmão dele, dizia que o ato teria volta.

Dois agentes penitenciários foram presos por terem fornecido armas aos detentos, afirmou a assessoria do governo.

A rua ao lado do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) foi isolada para receber os feridos em segurança. Homens do Bope também controlaram a passagem dos veículos em frente ao Instituto Médico Legal (IML), complexo da Sesp, na Rodovia Antônio da Rocha Viana, para a chegada dos mortos.

As forças de segurança foram intensificadas nas ruas de Rio Branco na madrugada desta sexta-feira. Segundo a assessoria do governo, a medida foi necessária para prevenir novas ações criminosas e manter a paz na cidade.

Ainda na noite de ontem, o secretário de Segurança, Emylson Farias, falou sobre os procedimentos tomados após a rebelião. “Nossa preocupação maior agora é com o meio externo. Estamos com inúmeros policiais na cidade de Rio Branco, com policiais militares, com policiais civis e de trânsito. Então todas as pessoas estão dispostas para que a gente tenha uma noite tranquila. O que ocorreu dentro do presídio, mais uma vez, foi rivalidade entre facções. Uma facção querendo se sobrepor sobre a outra”.

Incêndio

Logo após a polícia controlar a rebelião e o presídio ser isolado para perícia, um incêndio tomou conta da Escola Estadual Doutor Carlos Vasconcelos, no bairro 15, do outro lado da cidade. O fogo foi controlado pelos bombeiros por volta das 20h30. De acordo com a Secretaria de Educação do Acre (SEE), não havia nenhum aluno dentro da instituição.

A suspeita é que o incêndio tenha ocorrido em retaliação às mortes dos presidiários na noite desta quinta-feira, mas a causa ainda será investigada.

Governo Federal vai liberar R$ 3 milhões do fundo penitenciário para o Acre

O Governo Federal vai liberar R$ 3 milhões do fundo penitenciário para o Acre nesta sexta-feira, 21. A notícia foi dada ao governador Tião Viana por meio de uma ligação do ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, nesta quinta-feira 20.

Segundo o governador, esse valor será investido para reforçar o sistema de segurança do Estado.

A Gazeta do Acre: