Com a chegada do perío-do de chuvas no Estado, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) intensificou as ações de combate ao Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue, Chikungunya e Zika. O combate ao mosquito neste verão contará com o esforço de oito ministérios e da Casa Civil. O lançamento oficial da campanha deste ano será no dia 20 de novembro.
Além do conhecido Dia “D”, quando há mobilização nacional em todo o país, serão realizadas ações para lembrar que toda sexta-feira é dia de eliminar focos do mosquito. Para evitar que as pessoas fiquem doentes e necessário que pessoas se mantenham informadas para se prevenirem e tomarem ações adequadas para diminuir ou mesmo exterminar de vez os criadouros desses seres indesejados e, com isso, combater as doenças transmitidas por esses insetos.
De acordo com a diretora da Vigilância Epidemiológica Municipal, Socorro Martins, ao longo do ano os agentes de saúde estiveram visitando as residências para vistoriar os quintais, reservatórios de água, entulhos deixados nos quintais e os demais criadouros do mosquito.
“A intensificação será com os arrastões. Já fizemos no Calçadão da Benjamin Constant e no Calafate. Estamos trabalhando nas escolas também, nossa intenção é educar as crianças. Eles aprenderam a lição direitinho e mostram aos pais a importância da campanha contra o mosquito”, detalhou a diretora.
Para evitar que o problema se torne ainda maior, a diretora pede a conscientização da população para não deixar acumular água parada em casa e no trabalho. As imobiliárias também foram orientadas a vistoriar as casas desocupadas. “São muitas as ações, mas a principal delas começa por você cuidando do seu quintal”, destacou Socorro Martins.
A Semsa disponibilizou o número 0800-64715116 para que a população denuncie focos da doença. As ligações podem ser feitas de 7h às 13h de segunda à sexta-feira. Esse número é para o caso de terrenos baldios, piscinas abandonadas e qualquer outro foco de dengue. A ajuda da comunidade é muito importante para identificar esses locais e diminuir os focos do mosquito.
A ação do poder público tem surtido efeito. Além da redução no número de casos de dengue, houve diminuição também na porcentagem do Levantamento Rápido por Aedes aegypti (do Lira’a). Em outubro de 2010, o Lira’a na Capital era de 6,47% e em 2011 foi de 9,82%. A última edição apontou 3,4%, isso aponta uma redução de 92% de focos do mosquito nos domicílios.
Dados Zika
O Brasil registrou, até 17 de setembro, 200.465 casos prováveis de Zika, o que representa uma taxa de incidência de 98,1 casos a cada 100 mil habitantes. Foram confirmados laboratorialmente, em 2016, três óbitos pela doença no país. Em relação às gestantes, foram registrados 16.473 casos prováveis em todo o país.
A transmissão autóctone do vírus no país foi confirmada a partir de abril de 2015, com a confirmação laboratorial no município de Camaçari/BA. O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação dos casos em fevereiro deste ano.
Desde então, estados e municípios vinham preparando seus sistemas de registros para encaminhar estas notificações ao Ministério da Saúde. Antes disso, o monitoramento do vírus Zika era realizado por meio de vigilância sentinela.
Ações Permanentes
Desde a identificação do vírus Zika no Brasil e sua associação com os casos de malformações neurológicas no segundo semestre de 2015, o Ministério da Saúde tem tratado o tema como prioridade.
Os recursos federais destinados à Vigilância em Saúde, Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS), para a transferência aos estados, municípios e Distrito Federal que incluem as ações de combate ao Aedes aegypti, cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015), passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão em 2015.
E, no ano de 2016, teve um incremento de R$ 580 milhões, chegando o valor a R$ 1,87 bilhão. Além disso, o Ministério da Saúde contou com apoio extra do Congresso Nacional, por meio de emenda parlamentar, no valor de R$ 500 milhões.
Números registrados no Acre
Até o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde em outubro apontou uma redução de mais de 30% nos casos notificados de dengue entre 2015 e 2016.
Segundo dados da Vigilância Epidemiológica Estadual, de janeiro a outubro de 2015, o Estado notificou 12.414 casos suspeitos de dengue. Comparado com igual período de 2014, quando foram registrados 23.999 casos suspeitos, observa-se uma redução significativa de 48,2% de casos notificados.
Os primeiros casos de dengue ocorreram em 1995, em Rio Branco. Entretanto, somente no ano 2000 foram registrados os primeiros casos autóctones, ou seja, com origem local. Desde então, a doença se manifestou de forma endêmica com o registro de sete epidemias, nos anos de 2000, 2004, 2005, 2009, 2010, 2011 e 2014, havendo inclusive, a ocorrência de casos de dengue com sinais de alarme, dengue grave e óbitos em Rio Branco.
Antes conhecidos como parentes distantes da dengue, a febre chikungunya e o zika vírus tiveram os primeiros casos registrados no Brasil em 2014 e 2015, respectivamente. O primeiro caso do vírus da Zika no Acre foi confirmado em fevereiro de 2016 pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre). Já o primeiro caso de microcefalia relacionado ao vírus da Zika no Estado, ocorreu em julho de 2016.
Em 2016 foram notificados 43 casos de microcefalia. O acumulado de 2015 e 2016 somam 54 casos – 50 residem no Acre, três em Rondônia e um no Amazonas. Dos 50 casos residentes no Acre, 30 foram descartados por investigação clínica epidemiológica e/ou laboratorial, 18 estão sob investigação e dois foram confirmados.
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 32 cm.
Após ter dengue três vezes, jovem redobra os cuidados em casa
Há alguns anos o mosquito aedes aegypti vêm causando doenças em todo o país. Como o inseto se reproduz em água limpa, qualquer quantidade de água parada pode virar um criadouro do mosquito. O agente administrativo, Luan Dias, de 26 anos, morador da Capital, teve dengue três vezes e depois disso redobrou os cuidados em casa.
O jovem conta que das três vezes que teve a doença, a primeira foi a mais intensa e dolorida. Na época, com apenas 14 anos, Dias lembra que passou cerca de oito dias de cama.
“A primeira vez foi terrível. Pegou dengue eu, minha avó e meu pai. Na minha família acredito que só meu irmão e minha mãe não tiveram dengue, muita gente pegou. Eu sentia muita ânsia de vômito, muita febre, fiquei todo empolado, tudo doía em mim, meus ossos, até a luz incomodava meus olhos”, relatou.
Dias afirma ter consciência de que a prevenção contra o mosquito é a única arma contra a doença. Ele explica que toda a família sempre cuidou do espaço externo e interno da casa, com o intuito de evitar que acumule água em latas, embalagens, vasos de plantas, garrafas, entre outros.
“Nós sempre tivemos essa preocupação de não acumular água no terreno, mas como não depende só da gente, né? O mosquito se prolifera muito rápido, e não podemos nos preocupar com coisas que vai além do que podemos fazer. Contamos com o apoio das pessoas para cuidarem de suas casas”.
Para o agente administrativo, combater a proliferação do mosquito é um dever de toda a população. “As pessoas tem que ter essa preocupação de não deixar água empoçada, sempre ter o cuidado de ir ao quintal e dar uma olhada. Às vezes você não joga lixo no seu quintal, mas uma pessoa passa e joga, por exemplo, uma sacola ou lata de refrigerante, e tudo isso pode acumular água. Sempre tem pessoas mal-educadas que esse tipo de serviço”.
Agentes de saúde
Para orientar a população em como se prevenir e tratar os locais que acumulam água, diariamente, os agentes de endemias da Prefeitura visitam diversas casas na cidade. Por isso, receber bem o agente de saúde é fundamental no combate ao mosquito.
Muitas vezes os agentes de saúde são mal recebidos, ou até mesmo impedidos de entrar nas residências porque as pessoas se sentem inseguras. Vale lembrar que os profissionais sempre estão identificados com uniforme e crachá.
Segundo o jovem, sua família sempre recebe bem os agentes de endemias. Ele destaca a importância desses profissionais de saúde. “Eles instruem quanto a importância de não deixar água parada. Não deixar eles entrarem é o mesmo que fechar as portas para a Saúde. Os agentes são de extrema importância porque eles instruem e informam a população, cooperando com a diminuição do desenvolvimento desses mosquitos”, concluiu.
Dona de casa procura unidade de saúde depois de sete dias com sintomas da dengue
“Só hoje eu procurei a unidade de saúde porque vi que a situação estava feia”, disse a dona de casa, Vangela Bezerra, de 53 anos, que há sete dias vinha sentindo sintomas da dengue como dor no corpo, febre e o aparecimento de manchas vermelhas na pele.
Enquanto esperava atendimento na Upa do bairro Sobral, Bezerra conta que a princípio achou que se tratava apenas de uma gripe. Porém, com a permanência dos sintomas característicos da doença, ela não tinha dúvidas de que seria diagnosticada com dengue.
Quem já teve dengue reclama que a dor e indisposição seguem por um tempo, mesmo depois da doença curada. No caso da dona de casa, os sintomas persistiram até ela procurar ajuda profissional. “Eu estava tomando dipirona e paracetamol, eu queria de saber se passava a febre e a dor”, falou.
Muita gente não sabe, mas os sintomas da dengue podem durar um, dois, três, vários meses depois que o paciente recebeu o diagnóstico de cura. Algumas pessoas sentem mais, outras menos, mas a sensação de fraqueza pode continuar.
Para impedir que o mosquito aedes aegypti chegue até sua casa, a melhor atitude é combater a proliferação do inseto evitando o acúmulo de água. Bezerra afirma que cuidar da limpeza do quintal periodicamente é essencial para evitar o desenvolvimento de larvas do mosquito.
“Caixa d’água limpa e fechada sempre, além disso, os agentes sempre fazem visitas, jogam veneno e nunca foi encontrado um foco do mosquito na minha casa. Mas não adianta eu cuidar do meu quintal e o vizinho não, né? É um trabalho coletivo”, desabafou.
Vale lembrar que o mosquito aedes aegypti é transmissor dos vírus da dengue, chikunguya e zika. Por isso, a importância de eliminar o inseto transmissor de várias doenças.
Principais sintomas
Para identificar a doença logo no início é preciso ficar atentos aos sintomas característicos da dengue. Ao perceber sinais da doença, a pessoa tem que procurar uma unidade de saúde.
Atenção. Fortes dores de cabeça, febre, náuseas e vômitos, moleza e cansaço, dor atrás dos olhos, falta de apetite, e manchas vermelhas (parecidas com sarampo) na pele, podem ser sintomas da dengue. Já a dengue hemorrágica tem sintomas mais fortes como dificuldade de respiração, perda de consciência, sangramento na boca, gengivas e nariz, boca seca e muita sede, forte dores abdominais, etc.
Como identificar o aedes aegypti?
Você sabe como identificar o mosquito transmissor da dengue, chikunguya e zika vírus? Não é fácil reconhecer o inseto. A principal diferença para os demais pernilongos é a coloração escura e o tórax com faixas brancas. O aedes aegypti mede menos que um centímetro, tem aparência inofensiva e costumar picar nas primeiras horas da manhã, e nas últimas horas da tarde. Porém, ele pode atacar em qualquer horário do dia, dentro ou fora de casa.
Os ovos do mosquito Aedes aegypti adquirem resistência e sobrevivem até mais de 450 dias sem água
Você já deve ter ouvido falar que o Aedes aegyp-ti é um mosquito com hábitos oportunistas. Por qual razão? É um mosquito doméstico, que vive dentro ou ao redor de domicílios ou de outros locais frequentados por pessoas, como estabelecimentos comerciais, escolas ou igrejas, por exemplo. Tem hábitos preferencialmente diurnos e alimenta-se de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer.
De acordo com o Instituto Oswaldo Cruz, a fêmea do mosquito é capaz de gerar de 70 a 150 ovos, cujo ciclo evolutivo é de 11 a 18 dias, e no prazo de um mês ela pode picar várias pessoas, o que aumenta a possibilidade de transmitir a doença. Uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante a sua vida.
Os ovos são distribuídos por diversos criadouros, uma estratégia que garante a dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver infectada pelo vírus da dengue quando realizar a postura de ovos, há a possibilidade de as larvas filhas já nascerem com o vírus.
Por ser um mosquito que vive perto do homem, sua presença é mais comum em áreas urbanas e a infestação é mais intensa em regiões com alta densidade populacional – principalmente, em espaços urbanos com ocupação desordenada, onde as fêmeas têm mais oportunidades para alimentação e dispõem de mais criadouros para desovar.
A infestação do mosquito é sempre mais intensa no verão, em função da elevação da temperatura e da intensificação de chuvas – fatores que propiciam a eclosão de ovos do mosquito.
Para evitar esta situação, é preciso adotar medidas permanentes para o controle do vetor, durante todo o ano, a partir de ações preventivas de eliminação de focos do vetor. Por isso, recomenda-se que as pessoas, além de evitarem deixar recipientes com água parada, limpem as paredes desses depósitos com esponja e sabão. Os criadouros são principalmente pneus, latas, vidros, garrafas, vasos de flores, pratos de vasos, caixas de água, tonéis, latões, cisternas, piscinas, tampinhas de garrafas, bebedouros de animais, entre outros.
Os ovos adquirem resistência ao ressecamento muito rapidamente, em apenas 15h após a postura. A partir de então, podem resistir a longos períodos de dessecação – até 450 dias, segundo estudos. Esta resistência é uma grande vantagem para o mosquito, pois permite que os ovos sobrevivam por muitos meses em ambientes secos, até que o próximo período chuvoso e quente propicie a eclosão.
Em condições favoráveis de umidade e temperatura, o desenvolvimento do embrião do mosquito é concluído em 48 horas. A resistência à dessecação permite também que os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes secos. Esse aspecto importante do ciclo de vida do mosquito demonstra a necessidade do combate continuado aos criadouros, em todas as estações do ano.
Em 1955, o Brasil erradicou o Aedes aegypti como resultado de medidas para controle da doença. No entanto, no final da década de 1960, foi verificado que o vetor estava presente novamente em território nacional. Hoje, o mosquito é encontrado em todos os estados brasileiros.
Origem do mosquito ‘odioso’
O Aedes aegypti é um mosquito de origem africana que teve sua primeira descrição realizada no Egito (daí a origem de seu nome). Ele provavelmente chegou aos outros continentes graças às embarcações saídas da África transportando negros, os chamados navios negreiros. Com ampla distribuição pelo globo, o mosquito-da-dengue é adaptado ao ambiente urbano, onde encontra vários reservató-rios ideais para sua fase larval. No Brasil, o Aedes aegypti foi identificado pela primeira vez em 1898.
Até o momento não existem vacinas que forneçam proteção contra a dengue. Sendo assim, a única forma de prevenção é a luta contra o mosquito. Para isso, a eliminação dos cria-douros e a utilização de larvicidas e inseticidas fazem-se necessárias.
O nome Aedes aegypti significa “odioso do Egito”, sendo que Aedes deriva do grego e quer dizer “odioso” e aegypti é do latim.