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Embaixador de Taiwan no Brasil fala sobre potenciais do Acre e expectativas de parcerias para negócios

 Taiwan e Acre. O que um Estado Insular, cujo nome oficial é República da China (RC), uma ilha situada em plena Ásia Oriental poderia ter em comum com um estado brasileiro localizado no coração da Amazônia? Neste mundo moderno, que derrubou limites geográficos mediante o avanço da tecnologia, a resposta seria grandes oportunidades de negócios.

Para entender melhor essa possibilidade, A GAZETA fez uma entrevista exclusiva com o embaixador de Taiwan no Brasil, Isaac Meng-Hung Tsai, que durante a semana que se passou cumpriu várias agendas por Rio Branco. Tsai aprofundou as expectativas de negócios que podiam ser gerados através de parcerias entre empresários brasileiros/acreanos e taiwaneses, ressaltando as potencialidades do Acre que poderiam ser levados para o mercado de Taiwan e as de Taiwan que poderiam ser incorporadas para o avanço tecnológico produtivo local.

O embaixador também indicou que Taiwan, pelo know-how, aporte, números, credibilidade e, sobretudo, experiência, pode ser uma base de negócios para que o empresariado acreano possa ingressar com seus produtos exóticos no mercado asiático. E falou sobre como superar a barreira do desconhecimento que distancia o povo acreano com o taiwanês.

A GAZETA: Senhor embaixador, qual é o proposito dessa passagem pelo Acre?

Isaac Tsai: O objetivo da visita ao Acre é para estudar possíveis parcerias entre Brasil e Taiwan. O Acre tem muitas potencialidades e o que queremos é estabelecer uma boa parceria para Taiwan, e para o Acre. O principal foco da economia brasileira está voltado para a exportação de frutos nativos. Já a de Taiwan está voltada para a exportação de produtos tecnológicos. Os pontos fortes de cada um são distintos. Uma parceria iria ser muito benéfica para ambos os lados, uma vez que a economia entre o Brasil e Taiwan é complementar.

Esta é uma visita de curto tempo. Inicialmente, viemos para fazer um projeto de cooperação com o Centro de Defesa dos Direitos Humanos e de Educação Popular do Acre/CDHEP [trata-se da agenda que o embaixador cumpriu na última quarta-feira, dia 9, de entrega de móveis, equipamentos e um veículo no valor de R$ 178 mil para entidades que trabalham com pessoas em situação de rua em Rio Branco, com interlocução do gabinete do senador Jorge Viana]. E estamos aproveitando esta oportunidade para fazer uma divulgação para os acreanos de como é Taiwan, e para mostrar nossa intenção de ter esta parceria aqui, junto do empresário acreano.

 

A GAZETA: Em pontos bem distantes no mapa, como o senhor avalia a grande diferença existente entre estas duas nações?

  1. T.: O empresário brasileiro, sobretudo o acreano, não conhece muito bem como é Taiwan. E vice-versa. O empresário taiwanês também não está familiarizado com a realidade empresarial daqui. Então, o objetivo é superar esta barreira do desconhecido. Queremos fazer uma divulgação maior na mídia brasileira, ressaltando o grande potencial de Taiwan, para que os empresários acreanos possam conhecer melhor e até começar a apostar no que o nosso país tem a oferecer de oportunidades negociais, no sentido de firmamos uma parceria.

 

A GAZETA: O que o Acre e o que Taiwan tanto podem ganhar com esta parceria?

I.T.: Escutamos a apresentação do governador Tião Viana sobre o Estado e fomos conhecer o laboratório do Complexo de Piscicultura da Peixes de Amazônia. Temos alguma ideia do que podemos levar para o mercado de Taiwan: peixes exóticos para compra; castanha e açaí, que em Taiwan a gente também conhece com este mesmo nome. Esses são os produtos principais. Mas acredito que se estabelecermos parcerias com os empresários locais, podemos ter um campo maior de variedades em negócios para levarmos em produtos acreanos para Taiwan.

Aqui no Acre, no Brasil em geral, há certa carência de tecnologias, que é o nosso maior forte. Taiwan pode oferecer essa tecnologia, através de parcerias.

 

A GAZETA: Além disso, Taiwan pode abrir as portas para o mercado asiático…

I.T.: Sim. O empresário acreano, se quiser expandir o campo de atuação de seu negócio, pode usar Taiwan como base estratégica para entrar no mercado asiático. Mas por que Taiwan? Por que oferecemos esta oportunidade? Porque Taiwan tem, de longa data, um grande aporte no comércio asiático. Cerca de 70% das exportações de Taiwan são destinadas ao mercado asiático. Em 2015, Taiwan teve um volume de exportações de 285 bilhões de dólares [o que equivale a cerca de 960 bilhões de reais] para mundo inteiro. Deste total, cerca de 200 bilhões ficaram na Ásia. Essa é uma prova de que o empresário taiwanês tem credibilidade e conhece bem as características mais peculiares deste mercado. Além disso, Taiwan tem inúmeros investimentos em países asiáticos.  A nossa habilidade negocial ajudaria muito ao empresário brasileiro que almeja expandir o seu negócio para a Ásia.

 

A GAZETA: Quais os caminhos práticos que a embaixada oferece para que o empresariado local descubra esse mercado taiwanês e, consequente, mercado asiático?

I.T.: Acho que tem muitos caminhos para o empresário acreano conhecer melhor Taiwan, e vice-versa. Os interessados podem procurar nosso escritório em Brasília [fone: 61 3364-0222], tanto para exportação quanto para a importação. Podemos oferecer uma lista de compradores e credores taiwaneses a empresários acreanos interessados. E há, ainda, uma forma mais prática que são as feiras de trade show. Muitos comerciantes, para conhecer melhor um país, participam de feiras para iniciar o contato com parcerias. Temos um calendário amplo para 2017, com várias oportunidades de feiras especializadas para estreitar os laços entre Brasil e Taiwan. As feiras começarão em março e terminarão em novembro. Por exemplo, para quem quer promover produtos agrícolas, temos a feira em junho só de alimentos. Lá pode promover café, açaí, cachaça, licores, todo tipo de alimentos. Essa é uma boa forma de fazer negócios e contatos. E, depois, tem que ter um contato direto. O empresário taiwanês e o acreano podem ir a cada localidade para selar a parceria. O melhor local para começar esse trade é nas feiras.

Lá, participa a maioria dos empresários taiwaneses que têm negócios mundiais. Cada semana tem uma feira diferente. É um evento anual. Outro grande atrativo ao empresário acreano é a feira de trade da semana de computação. A de Taiwan é uma das três melhores do mundo, na qual podemos oferecer algumas das tecnologias mais avançadas da atualidade.

 

A GAZETA: E quais seriam os planos taiwaneses para o mercado local?

I.T.: O interesse é uma via de mão dupla. Taiwan também quer conhecer bem o empresário brasileiro, pois tem planos de expandir seus negócios e se fortalecer não só no mercado brasileiro, mas também no continente latino-americano. O Mercosul é um mercado que as empresas taiwanesas enxergam como muito promissor.

 

 

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