A professora acreana Mariusa Carvalho, de 72 anos, conheceu a taquigrafia ainda na adolescência. O estágio na Câmara Municipal de Rio Branco foi sua primeira experiência profissional na área. De lá pra cá, o rumo da sua vida mudou completamente. Na década de 70, após morar em outros estados e trabalhar em áreas diferentes, Carvalho voltou para o Acre.
A taquigrafia parecia ser a vocação da professora. De volta ao estado, Carvalho foi aprovada em um processo seletivo e voltou a compor o grupo de taquígrafos da Câmara. Anos depois, aprovada em um concurso público, Carvalho passou a fazer parte da Assembleia Legislativa do Acre, onde se aposentou como taquígrafa em 2014.
A carreira escolhida pela acreana foi responsável pelo sustento e educação das três filhas, que aprenderam taquigrafia durante a adolescência e, apesar de não exercerem a profissão, são apaixonadas pela taquigrafia. Hoje, o amor pela taquigrafia une três gerações da família Carvalho: mãe, filhas e neto.
Carvalho é uma das poucas professoras de taquigrafia no Acre. Em busca de capacitar novos profissionais na área, ela chegou a ministrar aulas na praça da capital e a criar uma escola de Taquigrafia, que fechou em pouco tempo devido à baixa procura. Atualmente, a professora dar aula gratuitas na Universidade Federal do Acre (Ufac) como Projeto de Extensão.
“A taquigrafia foi a base para nós, inclusive de sobrevivência. É algo que nós nos apaixonamos em função da paixão dela, por um conjunto de fatores: pela raridade do conjunto profissional, pela beleza da prática, pelo círculo de pessoas que estão envolvidas. Por isso é uma profissão tão cativante”, falou a filha da professora, Nádia Carvalho, de 38 anos.
Segundo Nádia, a taquigrafia parece ser difícil de aprender no primeiro momento, porém o aprendizado é simples. O curso tem duração de aproximadamente 140 horas. “A princípio parece extremamente difícil, uma pessoa adulta voltar a escrever de outra forma. Parece impossível até, mas 100% das pessoas conseguem aprender taquigrafia”.
Sobre a Taquigrafia
Uma profissão com quase dois séculos no Brasil, remunerações altas, mas de conhecimento e interesse de poucos profissionais. Assim é a taquigrafia, que consiste na escrita através de símbolos e abreviações das palavras. A profissão é uma verdadeira arte de escrever depressa.
Um taquígrafo pode atuar em setores públicos e privados, como por exemplo, no Poder Judiciário, Tribunais, Câmara de Vereadores, controladorias, entre outros. “O taquígrafo é a testemunha ocular das grandes decisões administrativas governamentais, por isso ele ‘não pode’ ser substituídos por maquinários e gravadores”, explicou Carvalho.
De acordo com artigo publicado pela professora Mariusa, atualmente a taquigrafia está presente na Assembleia Legislativa com 14 profissionais, na Câmara Municipal com quatro taquígrafos, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e Tribunal de Justiça, ambos com dois profissionais na área.