O empreendedorismo se consolida como um poderoso antídoto ao desemprego
A atual situação da economia brasileira preocupa principalmente os trabalhadores. O sistema de plano de demissões voluntárias tem tirado o sono de muita gente. As instituições privadas ou estatais alegam que com a execução desses planos resultam em economias milionárias.
O Banco do Brasil já anunciou que vai ampliar o atendimento digital e lançar um plano de aposentadoria para parte dos funcionários. Isso pode representar a demissão de um universo de 18 mil servidores, além do fechamento de 402 agências por todo o país.
Assim como no BB, a Caixa Econômica Federal pode fechar algumas agências. A informação foi repassada pelo presidente da instituição financeira, Gilberto Occhi. As unidades que apresentam resultados deficitários vão passar por uma revista para saber se há condições de continuar funcionando. Atualmente, mais de 3,7 mil agências da estatal funcionam no país.
O Banco do Brasil prevê uma economia anual de 750 milhões com essa medida. A Caixa visa seguir o mesmo caminho com essas possíveis reduções.
O Bradesco também poderá fechar agências e transferi-las para postos de atendimento menores nos próximos meses, afirmou o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco. Até então, o banco vinha descartando a possibilidade de fechar agências com a sobreposição de unidades do HSBC.
O Bradesco disse esperar uma queda na inadimplência das empresas a partir do ano que vem, depois de um ano em que todos os grandes bancos precisaram renegociar dívidas de grandes empresas.
Se você pensa que só os bancos estão passando por essa situação, saiba também que os Correios devem apresentar em breve um plano de demissão voluntária (PDV) aos funcionários. O público-alvo são 13 mil funcionários e a empresa aceitará a adesão de até 8 mil deles.
Os Correios estimam que, bem-sucedido, o PDV trará economia de R$ 850 milhões a R$ 1 bilhão por ano para a estatal. A estatal tem como foco funcionários com mais de 55 anos, aposentados ou com tempo de serviço para requerer a aposentaria.
Em nota, os Correios afirmaram que estão aguardando a aprovação do Ministério do Planejamento para apresentar o plano aos funcionários.
Sebrae é alternativa para empresas e demitidos por conta da crise econômica
Uma demissão pode parecer o fim do mundo. Mas não é. Nesses casos o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Acre pode ajudar na recolocação da pessoa no mercado de trabalho. O empreendedorismo se consolida como um poderoso antídoto ao desemprego.
De acordo com a gerente de Unidade de Orientação Empresarial do Sebrae, Soraya Neves, o órgão já identificou um aumento considerável na demanda de pessoas que estão decididas a fazer um investimento por necessidade nos últimos 12 meses.
“O momento de crise que nós estamos vivendo é mais comum que seja por necessidade do que por oportunidade. Eles buscam o Sebrae para apoio e orientação na hora de tomar uma decisão sobre o que investir”, detalhou.
Aquela pessoa que tem o sonho de investir ela decide por oportunidade, alega Soraya. O perfil desse público que tem cada vez mais procurado o órgão, são aquelas pessoas que trabalhavam no setor público e em empresas privadas.
“Existe uma responsabilidade muito grande na hora de decidir um negócio próprio. Em tempos de crise, o investimento tem que correr o menor risco possível. Além disso, o empreendedor uma sensibilidade e ter consciência de que o negócio tem que ser bem-sucedido. Para isso, o planejar é fundamental”, avisa Soraya.
Nessa etapa, o Sebrae ajuda muito. Segundo a gerente os critérios da gestão de negócio devem estar bem definidos. “Mas, nesse processo não é só o projeto que recebe a atenção do Sebrae. Aqui, o próprio empreendedor é capacitado, através do trabalho das características empreendedoras. O Sebrae atua também na manutenção do negócio para garantir a sustentabilidade no mercado”, avaliou.
Nesse sentido, o órgão pode ajudar não só quem vai abrir um negócio como também as empresas a enfrentar esse momento de crise. “É um ciclo. As empresas que já estão instaladas e atuando no mercado elas precisam buscar informações e orientações para buscar sustentabilidade. E o Sebrae atua fortemente nesse sentido”, confirmou Soraya.
O Sebrae no Acre, por meio de sua Unidade de Orientação Empresarial, oferece Consultoria em Gestão Empresarial para micro e pequenas empresas. Na ocasião é oferecido um atendimento especializado em áreas específicas, como: finanças, marketing, planejamento, legislação, processos, plano de negócios e agronegócios, para orientar sobre legalização, gestão, desenvolvimento de negócios e outros.
Uma assistente jurídica pode virar também manicure, um técnico em telefonia que vende cosméticos ou um professor que se descobriu expert em hambúrgueres. Em tempos de aumento do desemprego e diminuição da renda, mesmo quem tem trabalho está explorando um novo caminho profissional.
Mercado crescente
No Brasil, o número de microempreendedores individuais (MEI´s) ultrapassou o número de micro e pequenas empresas. Desde sua criação em 2008, até janeiro, o país já formalizou mais de 5.720.194 micro empreendedores individuais, ou seja, quase 20 % a mais de MEI´s sobre o número de micro e pequenas empresas (MPEs) abertas, que totalizam 4.777.069. Assim, o número de pequenos negócios empresariais (MEIs + MPEs) chega a 10.497.263.
O Microempreendedor Individual (MEI) trabalha por conta própria, ou tem um empregado. O faturamento anual é de até R$ 60 mil. Ele se constitui pelo Portal do Empreendedor e fica inscrito no Simples Nacional e tem a vantagem da carga tributária reduzida. Ele paga INSS, ICMS (se for indústria ou comércio) e/ou ISS (atividades de serviço). O pagamento é fixo e mensal, independente do que faturar.
Interessados
Soraya relata que apesar de ter pessoas que já sabem no que investir, muitas outras não tem a menor noção. Por isso, o Sebrae tem um portfólio de dicas de negócio. “Apesar disso, não é papel do Sebrae dizer onde a pessoa deve investir. Aqui mostramos um panorama geral, ideias de negócios, mercado de trabalho. Esses elementos servem se reflexão para o investidor para que ele tome a melhor decisão.
Para participar empresário interessado deve procurar os Pontos de Atendimento Sebrae. Em Rio Branco são dois pontos: Um na Rua Rio Grande do Sul, 109 – Centro e o outro está situado na Organização em Centros de Atendimento/OCA ou ainda pela Central de Relacionamento 0800-570-0800.
Cursos profissionalizantes ganham cada vez mais espaço no gosto dos trabalhadores
O país vive um momento de crise financeira, econômica e política. Com empresas fechando, bancos reduzindo quadro de funcionários, lojas falindo, dentre tantos outros empreendimentos em situação crítica, buscar uma solução imediata parece a melhor medida a se tomar.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) oferta cursos em vários segmentos. Gastronomia, moda, beleza, saúde, hospitalidade, gestão, comércio, infraestrutura, informática são alguns deles.
Centenas de pessoas aproveitaram essa oportunidade para se capacitar. E o retorno é rápido. Alunos do Senac saem preparados ou aperfei-çoam o que já sabem para voltar ao mercado de trabalho. Uma chance de mudar o rumo da vida ou apenas melhorá-lo para atingir o sucesso e conseguir a renda.
O diretor de Educação Profissional do Senac, Abrão Suteli Maia, observou o cenário atual e reconhece que o mercado está mais enxuto para o trabalhador. “As contratações públicas, pelo o que o Governo Federal está colocando com essa PEC [55] para aprovar, serão suspensas durante um período. Até processos seletivos, concursos públicos, estão suspensos. Tem toda uma situação de corte de recursos que vão diminuir a demanda de contratação dos governos. Uma das saídas, que a gente percebe, é a diminuição de vagas no comércio, que já está acontecendo”, analisa.
Abrão aponta que muitas pessoas que perderam o emprego ao longo do ano estão migrando para o empreendedorismo e isso, segundo ele, é bom. “Por muito tempo só se deu valor ao ensino superior. No entanto, já se percebeu que o mercado de trabalho não está dando conta da demanda de formandos dos cursos a nível superior. Hoje, os cursos técnicos e capacitações profissionais já são procurados não só por jovens saindo do ensino médio, mas também por pessoas de mais idade, que buscam ou aprender uma nova atividade ou aperfeiçoar a que já tinha”.
De acordo com o diretor de Educação Profissional, muitos dos alunos que concluem os cursos do Senac acabam despertando o espírito empreendedor. Isso acontece muito no segmento da beleza. Dos cursos de cabeleireiro saem diversos empreendedores que não se intimidam em abrir o negócio próprio.
Só em 2015, o Senac já beneficiou em todo o Acre em torno de 21 mil pessoas. Em 2016, mais 17 mil foram contempladas com os cursos.
E para 2017, Abrão faz uma prévia de que logo será anunciada a oferta de mais 30 cursos em diferentes segmentos e isso é só o começo. Para ficar por dentro das notícias do Senac basta acessar o site www.ac.senac.br ou acompanhar as novidades pela página da instituição no Facebook: Senac_ac.
Com 50 anos de idade, cozinheira busca capacitação profissional como fuga para a crise financeira: “Agora que a vida está começando”
Aos 15 anos de idade, Antônia Moreno já sabia o que queria fazer: cozinhar. Em uma casa de quinze irmãos, ela buscava alguma forma de ajudar na renda da família. A vizinha era uma cozinheira de mão cheia e ensinava alguns pratos para ela. Havia dias em que Antônia conseguia até uns trocados, já que a comida feita era vendida.
Os anos se passaram e Antônia, nessa etapa da vida, já havia desistido da escola. “Estudei muito pouco”, recorda ela. E ainda que a sala de aula não tenha lhe garantido um futuro, a cozinha o fez.
Antônia trabalhou a vida inteira nesse ramo. Hoje, aos 50 anos de idade, precisou fazer uma mudança radical para não ficar para trás.
Os últimos quatro anos foram dedicados ao serviço em um restaurante da cidade. Ela recorda que no começo ia tudo bem, com pagamentos em dia. Contudo, a crise financeira, que até então mais parecia algo que só se lê nos jornais, atingiu o estabelecimento. Algumas pessoas foram demitidas e as que restaram começaram a ter seus salários atrasados.
Foi difícil para Antônia, pois ela era totalmente dependente daquele dinheiro para o sustento da casa. Chegou a iniciar o curso de cozinheira no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), mas, sem poder passar mais um mês com as contas atrasadas, ela resolveu deixar o emprego.
Desistir? Engana-se quem pensou que Antônia pararia por aí. A cozinheira se apegou ainda mais ao curso no Senac e descobriu que podia ser ainda melhor no que faz.
Nesse mesmo período, um dos cinco filhos dela também ficou desempregado. Foi ele, inclusive, que teve a ideia de montar um negócio próprio para os dois. E assim mãe e filho têm feito.
Inicialmente, o Restaurante Sabor & Acre funciona no modo delivery, apenas entrega. Antônia prepara os almoços que são entregues onde o cliente solicita. A renda que ela consegue tirar do novo negócio já é equivalente ao salário que ela recebia no antigo emprego.
Outra atitude que ela tomou para não se deixar desamparar diante da crise foi voltar a estudar. Com o apoio dos filhos, Antônia, após décadas, voltou a sentar em uma sala de aula. Ela faz parte de uma das turmas do Programa Quero Ler, no bairro Mocinha Magalhães.
O curso de Cozinheiro no Senac encerra agora em dezembro e ela está ansiosa para este momento. Sabe que foi a decisão certa a tomar, pois a capacitação tornou seu trabalhou mais aperfeiçoado e qualificado.
Ela conta que terá de apresentar um prato para a avaliação final, mas, apesar do nervosismo, está preparada para esse momento.
Aos empreendedores, mesmo aqueles que ainda não despertaram para isso, ela deixa um recado. “Para as pessoas que não conhecem os cursos do Senac, esse momento é uma ótima chance para buscar crescer. Eu tenho 50 anos e pra mim agora que a vida está começando. Então, não se deixe abater pelas dificuldades. Não desista”.