Acender chamas de esperança, num tempo em que as paixões viciosas transformam o mundo numa tragédia inigualável, é como acender uma vela ao santo otimismo num mundo em trevas. Pois, até mesmo o espírito natalino, tão presente e contagiante em outras épocas, este ano tem sido ofuscado pela supremacia do mal com seus horrores mil. Querer esconder esta realidade caótica, em que o mundo está metido, é querer tapar o sol com uma peneira.
Todavia, na condição de cristãos, devemos buscar forças no íntimo da alma, com aquela boa vontade própria de quem tem esperança de melhores dias, e trazer de volta o otimismo do espírito natalino, nos alcançando com sua mensagem de paz, de solidariedade, de esperança; dando-nos uma chance de recomeçar a partir da escuridão em que estamos metidos.
Que se avive esta chama de esperança, o espírito natalino, e nos livre do sentimento de só avistar males no presente século; a alegrar a todos nós com estímulo de felicidade, bonança, prosperidade e poder de solução; arrefecendo os ânimos irritados dos homens e mulheres violentos; alcançando com a paz todas as cidades deste mundo confuso.
O espírito natalino é bem vindo a uma sociedade, de homens e mulheres, em que todos querem solução imediata para os aperreios opressores. Nesse caso, aquela clássica afirmação do profeta Isaias: …”os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fadigam.” Deve ecoar nos nossos espíritos angustiados pelas circunstâncias do momento.
Afinal, precisamos exercitar a nossa alma a esperar “mais do que os guardas (noturnos) pelo romper da manhã”. Esperar e torcer, nem que seja por segundos, pela chegada do recorrente surgimento de modelos, mesmo utópicos, de convívio social. Esperar e “torcer” que a distância entre o sonho de uma sociedade ideal, e sua ilusória concretização, diminua.
Chamas de esperança, para fazer frente ao pensamento mesquinho e egoísta, impregnado em nossa alma, de só olhar para os nossos próprios interesses em detrimento do próximo. Chamas de esperança que nos faça agir considerando a humanidade em si mesmo e na pessoa dos demais, nunca como meio, mas sempre como fim em si mesmo, com o fim estabelecer uma outra forma de relação com os seres humanos e com a natureza, sem a instrumentalização do mundo globalizado. Chamas de esperança, que faça reviver o ideal de uma civilização cosmopolita que permita, que nós, seres humanos possamos nos tratar e respeitar como membros de uma só comunidade, não apenas pelo estreitamento das relações interpessoais, quanto pelo fato de compartilhar-mos uma causa comum.
Compartilhar a mesma condição, reconhecer em si e nos demais a mesma dignidade, enfim, sentir-se no mundo como co-habitantes do mesmo. Suscitar campanhas, de solidariedade humana, oriunda dos mais diferentes segmentos sociais, concitando o povo a fazer doações de alimentos, visando minorar a fome dos menos favorecidos socialmente. Essa farta solidariedade humana, mesmo que só aconteça em épocas natalinas, é salutar; uma vez que é melhor fazer pouco, do que nada fazer.
Proprietários de lojas e comércio em geral, deveriam trocar essas manjadas músicas sertanejas, pelo Jingle Bells:
Ho Ho Ho Ho!
Tocam os sinos, tocam os sinos
Tocam por todo o caminho
Oh, é tão divertido conduzir
Um cavalo puxando um trenó.
Senhoras e Senhores
Dou-lhes o Jingle Bass!
Afinal, eu sou do tempo em que todos eram filhos de Papai Noel!
Francisco Assis dos Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades. E-mail: [email protected]