Em nota divulgada nesta sexta-feira, 23, a Fundação Nacional do Índio (Funai) criticou e considerou “desrespeitosa” a divulgação de fotos de uma tribo indígena isolada localizada na fronteira do Acre com o Peru. As fotos foram feitas pelo fotógrafo Ricardo Stucker e divulgadas na última quarta-feira, 21.
Para o órgão, a exposição das fotografias demonstra “violência simbólica” aos índios da região que, segundo a Funai, continuam isolados por decisões próprias. A entidade também disse que o sobrevoo foi “invasivo”.
“O teor invasivo do sobrevoo e, consequentemente, das fotografias pode ser percebido no semblante de terror dos indígenas e na postura de ataque ao empunhar arcos e flechas contra a aeronave, conforme registrado na própria reportagem. Os efeitos de uma violência simbólica desse nível são social e culturalmente imensuráveis”, diz a nota.
Em outro trecho, a Funai diz “refutar” argumentos que defendem esse tipo de trabalho pode contribuir para a defesa do indígenas, “uma vez que atende somente aos interesses de venda de notícias sensacionalistas, não segue estratégias de proteção territorial e se omite diante dos direitos dos povos indígenas. Prova disso é o fato de que o trabalho foi realizado à revelia dos trâmites necessários ao controle de acesso a Terras Indígenas, inexistindo autorização de ingresso ou observância do direito de imagem, o que configura violação de direitos fundamentais preconizados na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho”.
Por fim, a entidade afirma que “tomará providências para a devida responsabilização dos autores e envolvidos, assim como para o resguardo dos povos indígenas”.
O sertanista e assessor indígena do governo, José Meirelles, conta que a tribo é a mesma avistada por uma equipe da Funai em 2008. Ele lembra que na época, os índios lançaram flechas no avião que sobrevoava a área em baixa altitude. Para ele, as novas imagens possibilitam conhecer novas características dos índios isolados.