Confira a retrospectiva com alguns dos momentos mais marcantes de 2016. Desde a maior seca enfrentada no Estado nos últimos anos até o medo trazido pela epidemia de zika vírus, dengue e febre chikungunya. Na política, relembre as eleições municipais e o impeachment de Dilma Rousseff, que levou Michel Temer a assumir a vaga de presidente do Brasil.
Eleições municipais
A campanha para prefeito e vereador em Rio Branco foi breve em 2016. Com menos tempo de propaganda na mídia e um período mais curto de campanha, os candidatos foram diretos em suas propostas. Na Capital, Marcus Alexandre (PT/AC) conseguiu se reeleger.
Quem roubou a cena no final da campanha foi o candidato da Rede Sustentabilidade, Carlos Gomes, que obteve 15.735 votos, equivalente a 8,28%. Após ser deixado de fora do debate da emissora TV Acre, filiada da Rede Globo, o jovem viu sua popularidade crescer ao ponto de conquistar mais votos nas urnas do que o experiente Raimundo Vaz (PR).
A Câmara Municipal de Rio Branco definiu os 17 vereadores que ocuparão as cadeiras da Casa pelos próximos quatro anos. O candidato Roberto Duarte (PMDB) foi o mais votado, com 3.984 votos, o que equivale a 2,09% do eleitorado. Os demais foram: Elzinha Mendonça (PDT), Dr. Jakson Ramos (PT), Railson Correia (PTN), Rodrigo Forneck (PT), Lene Petecão (PSD), N. Lima (DEM), Pastor Manuel Marcos (PRB), Emerson Jarude (PSL), Célio Gadelha (PSDB), Raimundo Neném (PHS), Eduardo Farias (PCdoB), Dankar (PT), Antônio Morais (PT), Artêmio (PSB), Juruna (PSL), Clezio Moreira (PSDB).
Em Cruzeiro do Sul, o candidato a prefeito Ilderlei Cordeiro, do PMDB, foi denunciado por compra de votos. Apesar do escândalo, ele conseguiu se eleger com 18.119 votos. O caso continua sob investigação.
Ainda no interior, Marechal Thaumaturgo elegeu como prefeito o indígena Isaac Piyãnko. Ele alcançou 56,52% dos votos.
O mosquito transmissor do medo
Não tem como esquecer o período tenso e de temor trazido pela descoberta de novas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. De repente, as pessoas tinham que se preocupar não só com a dengue, mas também com chikungunya e com o zika vírus.
As mais afetadas eram as mulheres grávidas. Estudos indicaram uma ligação entre o zika vírus e a microcefalia em bebês ainda durante a gestação.
E os casos começaram a aparecer. No primeiro semestre do ano, por vários lugares do país, bebês nasciam com microcefalia e o pânico aumentava.
Durante o auge da proliferação do mosquito, a Secretaria Estadual de Saúde enviava boletins diários com informações sobre o número de casos à imprensa.
Foi um problema real e que precisou do esforço de todos para ser superado. Além disso, com a chegada do período de estiagem, não se ouviu mais falar em microcefalia, apenas em casos isolados.
Sai Dilma, entra Temer
Na política nacional, o Brasil viveu um momento conturbado e que acarretou no processo de impeachment da presidente eleita em 2014, Dilma Rousseff (PT), com o seu vice, Michel Temer (PMDB), assumindo a faixa presidencial. A novela foi marcada por muitos capítulos, o que deixou o país estagnado e esperando por um norte político a ser seguido. Internacionalmente, o impasse quanto à conjuntura política enfraqueceu ainda mais a já fragilizada bandeira verde-amarela.
Tudo começou, na verdade, em 2015, quando a Câmara dos Deputados protocolou o pedido de impeachment, alegando que Dilma teria cometido crime de irresponsabilidade fiscal (as ‘pedaladas’). Os apoiadores de Dilma tacharam o processo como uma tentativa de ‘golpe’. Em dezembro, o então presidente Eduardo Cunha (PMDB/RJ) – hoje preso pela Operação Lava-Jato – aceitou o pedido, tornando real a possibilidade de Dilma sofrer o impeachment.
No começo do ano, tentou-se formar a comissão do processo na Câmara, mas o STJ barrou. Meses depois, o Tribunal sinalizou que não ia intervir mais. Em 17 de abril, com uma sessão transmitida em TV aberta para todo o país, a Câmara dos Deputados votou ‘sim’ pela abertura do processo de impea-chment contra a presidente. Cunha saiu logo em seguida, e o presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP/MA), chegou a ameaçar anular a sessão que aprovou a abertura do processo, mas desistiu. Em maio, o Senado tomou a mesma decisão.
De maio a julho, o processo ficou na Comissão Especial do Senado. No começo de agosto, o segundo parecer no plenário do Senado teve os 81 senadores presentes, com 59 senadores votando junto com o relator pró-impeachment. Em 26 de agosto, o presidente do Supremo, Ricardo Lewan-dowski, abriu o julgamento final no Senado. Foram 5 dias até a aprovação do impeachment por 61 senadores. A perda do mandato de Dilma ocorreu em 31 de agosto.
Temer foi empossado na mesma data, com mandato até dezembro de 2018.
Ainda assim, o assunto não está resolvido. Em 4 meses de mandato, Temer só recebeu críticas e muito pouco apoio. Sua popularidade está em baixa, as denúncias de corrupção não param, e o desejo por novas eleições é crescente em muitas instituições e no povo. 2017 promete!
Rio Acre atinge menor cota dos últimos 46 anos durante seca histórica
Pouco mais de um ano depois da enchente histórica que desabrigou mais de 10 mil pessoas, os acreanos viveram uma das piores crises hídricas da história.
Na Capital, o Rio Acre marcou 1,30 metro no dia 17 de agosto – o menor nível já registrado desde 1970, quando a Defesa Civil Estadual passou a monitorar o manancial. Até então, o menor nível alcançado pelo rio na Capital havia sido 1,50 m, em setembro de 2011.
Além de Rio Branco, mais oito municípios acreanos decretaram situação de emergência. Para garantir o abastecimento na Capital durante o período de seca, o Departamento de Pavimentação e Saneamento do Estado do Acre (Depasa) gastou mais de R$ 2 milhões com aquisição de equipamentos e insumos.
Outro problema grave causado pela seca é o aumento no número de queimadas. De janeiro a setembro deste ano, o Acre contabilizou 5.840 focos de queimadas, segundo relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é 78% maior que o registrado no mesmo período de 2015.
Levando em consideração apenas o mês de setembro, no ranking dos que mais queimaram, o Acre subiu de 7º para 3º lugar, ficando abaixo apenas do Mato Grosso (MT) e Rondônia (RO). Ainda de acordo com o Inpe, Feijó e Sena Madureira foram os municípios brasileiro com mais focos de queimadas nos primeiros 15 dias de setembro.
O ano com ataques, guerra de facções e mais de 300 homicídios
“Atravessamos um deserto, e sabemos que 2017 não será um mar de rosas, mas vamos seguir com ações fortes contra a criminalidade”. A frase do secretário de Segurança Pública, Emylson Farias, sintetizou bem o que foi o ano na área policial. Desde os primeiros ataques incendiários de facções criminosas no Acre, ainda em 2015, a ousadia de criminosos só cresceu.
Depois de tentativa de assalto a uma clínica, um jovem de 18 anos foi morto na ação por um policial, no dia 16 de agosto. Grupos criminosos usaram o fato como pretexto para iniciar uma onda de ataques na cidade. Foi mais de uma semana com uma verdadeira ‘faxina’. Prédios, ônibus e outros veículos foram incendiados. A polícia fez várias ações para prender envolvidos e varreduras em presídios. A situação se acalmou, mas estava apenas latente.
Em outubro, a noite de terça-feira, 18, foi tensa. Criminosos armados invadiram a Unidade Prisional 04, a ‘Papudinha’. Atiraram contra agentes penitenciários e detentos em semiaberto. No fim do dia, foram contabilizadas seis mortes. Daí pra frente, as estatísticas de homicídios no Acre dispararam para números nunca registrados antes. Nesta semana, o secretário Emylson Farias, em encontro com a imprensa, disse que 2016 contabilizou mais de 300 homicídios. E o dado continua aumentando (nos últimos dias, mais corpos foram encontrados).
Alguns dos assassinatos foram cruéis. De outubro pra cá, aconteceram decapitações, esquartejamentos, mortes gravadas em celular, incendiaram ônibus e uma escola, o acervo histórico do Parque Capitão Ciríaco, Centro da Juventude, casas, e mais. A disputa de território entre facções criminosas (no Acre, há a presença de três: PCC, Comando Vermelho e Bonde dos 13) é a causa de tamanha onda de violência.
Mas a polícia se uniu e não deixou barato. No ano, foram realizadas 29 operações, mais de 500 pessoas foram presas e foram realizadas outras 432 mil abordagens. O efetivo está sendo reforçado e a Segurança Pública deve ganhar grandes reforços em 2017, com reaparelhamento do sistema prisional e mais efetivo de agepens e policiais. Esta última categoria vem sofrendo muito nas últimas semanas com perdas. O crime também perde, já que dezenas de bandidos também morreram neste ano, em troca de tiros com a polícia.
A situação no momento é relativamente tranquila, mas 2017 ainda é um assunto cauteloso.
Médico acreano morre em acidente de avião da Chapecoense
O médico acreano Márcio Bestene Koury, de 44 anos, foi umas das vítimas do maior desastre aéreo na história do futebol. O avião que transportava o time da Chapecoense para Medelín, na Colômbia, sofreu um acidente no dia 29 de novembro. A queda do avião resultou na morte de 71 pessoas, seis ficaram feridas.
O acreano, que sonhava trabalhar com a seleção brasileira, morava há dez anos em Chapecó (SC) onde se tornou médico do time e se casou. Ele também era formado em Engenharia e fez Medicina na Universidade Federal do Acre (Ufac). A especialização em medicina desportiva foi feita em São Paulo (SP). Além da esposa, o Koury deixou duas filhas, de seis e 11 anos.
O piloto do avião, Miguel Quiroga, de 36 anos, também morreu no acidente. Quiroga era natural da Bolívia (BO), mas morava no município de Epitaciolândia com a esposa e os três filhos, dois deles acreanos.
O relatório preliminar das autoridades colombianas que investigam o desastre com a aeronave da Chapecoense diz que o acidente é resultado de falhas humanas. Os investigadores leram os gravadores de voz e dados do avião, além das gravações dos contatos por rádio, imagens de radares e análise dos destroços.
Programa Quero Ler alfabetizou quase 12 mil pessoas no Acre
Lançado em junho de 2015, o programa Quero Ler alfabetizou quase 12 mil pessoas até o final deste ano. O Quero Ler é um programa do Governo do Estado em parceria com o Governo Federal, e tem como objetivo erradicar o analfabetismo no Acre até 2018 em pessoas maiores de 15 anos. Até 2015, 13,5% da população do Estado não sabia ler nem escrever.
Associações de moradores, igrejas, escolas e até residências localizadas nas comunidades adeptas do programa funcionam como sala de aula. A vontade de aprender a ler e escrever ultrapassa a disponibilidade de espaços físicos. Para os alunos, o mais importante é mergulhar no universo da leitura.