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“Chegou uma hora que tive que falar”, diz bombeira acreana que viralizou na internet após post sobre machismo

Incomodada com a atitude de alguns homens nas redes sociais, a bombeira acreana Nangela Luna, 28 anos, decidiu fazer um desabafo em sua página de Facebook. A publicação teve mais de 10 mil compartilhamentos e 25 mil curtidas até a tarde desta terça-feira, 14.

“A moda entre os machistas agora é postar foto no trabalho e chamar feministas pra ajudar. Sou bombeira há quatro anos, carrego fogão, geladeira, botija fazendo mudança de famílias com as casas inundadas. Entro em residências em chamas, atendo vítimas de acidentes, capturo animais e tudo mais que o meu trabalho exige, incluindo serviços administrativos porque sou boa nisso também”, diz a jovem, no começo do seu texto.

Em entrevista ao Jornal A GAZETA, Nangela Luna explica que a publicação foi uma resposta às provocações de alguns homens que tentam menosprezar as mulheres que lutam por direitos iguais. “Foi um desabafo, mas também foi uma publicação comum sobre o feminismo”.

Luna conta que ficou assustada com a repercussão do post e com medo da reação dos colegas de trabalho, sobretudo do comandante do Corpo de Bombeiros. Porém, a atitude da jovem foi elogiada pelo chefe. “Ele é um homem acima da média. Acho que é porque é casado com uma mulher de muita fibra”.

A bombeira, que é adepta ao movimento feminista, afirma que já presenciou diversas situações ‘machistas’ em que não pôde manifestar a sua opinião.

“Foi difícil me posicionar, mas chegou uma hora em que eu tive que falar, rebater, questionar. Já vivi diversas situações, desde piadas machistas até comentários maldosos sobre a vida pessoal e sexual de outras mulheres”, afirmou.

Além disso, Luna lembra que já enfrentou problemas por ser mulher dentro da corporação. “O dia que explodi foi quando um superior decidiu que, como eu sou mulher, não deveria sair para atender ocorrências, deveria ficar cozinhando para a guarnição. Fiquei com muita raiva, disse que não fiz concurso pra cozinheira. Enfim, ele ficou com fome e eu pedi uma marmita”, contou.

Realizando um sonho
Ser bombeiro militar. Esse sempre foi o sonho de Luna. Influenciada pelo pai, que é policial, e motivada pela mãe, que sempre foi encantada pela profissão, a jovem não pensou duas vezes em entrar para o Corpo de Bombeiros.

“Era o sonho da minha mãe. Ela largou os estudos muito cedo para cuidar da família e ser mãe. Um dia eu prometi a ela que iria realizar o sonho dela. Foi meu pequeno agradecimento a ela por abdicar da vida por mim e pelos meus irmãos”, disse.

A Gazeta do Acre: