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SÃO FRANCISCO, UMA VIDA QUE CONVIDA A CONVERSÃO – METANÓIA.

Caro irmão, cara irmã, leitor do Jornal A Gazeta, Paz e Bem! Inicia-se mais uma caminhada Quaresmal para os crentes católicos. Tempo privilegiado de conversão profunda, não mera maquiagem; de combate espiritual, de jejum medicinal e caritativo. A Quaresma ainda é, e, sobretudo tempo de escuta da Palavra de Deus, de uma catequese mais aprofundada, que recorda aos cristãos os grandes temas batismais, em preparação para a Páscoa do Senhor. Batizados na morte e ressurreição de Cristo, devemos viver segundo uma conduta de ressuscitados, seguindo, não uma lei abstrata, mas o exemplo de Cristo, em sua obediência filial ao Pai.

E a Metanóia (palavra de origem grega) é isso: arrependimento, conversão (tanto espiritual, bem como intelectual), mudança de direção e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos.

No tempo da Quaresma, o povo de Deus empreende um ponto concreto de esforço exigente, porém santificador e libertador, que deve abri-lo ao chamado do Senhor e da comunidade cristã para a conversão e arrependimento. Privando-se do alimento terreno, nas múltiplas formas que se lhe apresentam, aprenderá a saborear, acima de tudo o Pão da Palavra de Deus e da Eucaristia, e melhor sentirá o dever de dividir os bens com os sofredores. O Concílio Vaticano II recomenda que “a penitencia quaresmal não seja somente interna e individual, mas também externa e social” (SC 110). Por isso, desafiada pela realidade e pelos apelos da Laudato Si, do Papa Francisco, a igreja propõe que nos debrucemos, em 2017, sobre o nosso país mais uma vez, que vejamos nossas riquezas e problemas, nos biomas brasileiros e seus povos originários; num espírito quaresmal de conversão a Deus e aos irmãos e irmãs e também numa verdadeira “conversão ecológica”, para cumprirmos o mandamento que o Criador nos deu desde o início: ”Cultivar e guardar a criação”.

Nosso Pai São Francisco, foi um homem crente, que na sua vida mortal procurava nutrir muito sua alma, para não esfriar o seu amor por Jesus, num espírito penitencial de oração e sacrifício muito grande. Tal era que ele realizava por ano três quaresmas, além de outro período de jejum e oração em honra à Mãe de Deus, pela qual tinha um doce e especial amor. E Francisco se converteu para a graça da “vida em penitencia”. Desprezou as pobres riquezas dos filhos dos homens, geradoras de guerras e ambições; e ambicionando a mais alta glória, dedicou-se de todo o coração à pobreza. Vendo que ela era estimada pelo Filho de Deus e estava sendo desprezada por toda a terra, quis desposá-la com um amor eterno. Apaixonado por sua beleza uniu-se a ela mais fortemente, como a uma esposa, como se fossem dois em um só espírito.

O que significou “vida de penitência” para nosso Pai São Francisco de Assis? Significou: plena conversão aos caminhos de Deus. Alegre aceitação da graça da vida em seu dia-a-dia normal, rico ou penoso. Generoso seguimento a Cristo Jesus, pela “via dolorosa da Cruz”. Morte ao pecado e rejeição ao que poderia retardar o advento do Reino do Céu. Morte do “homem velho” que domina nossa vida desordenada, renascimento do “homem Novo”, à imagem de Jesus, a eterna revelação da criatura de Deus. Gloriar-se só na Cruz de Cristo; vivendo crucificado com Ele, assumindo o seu destino; revestindo-se de seus sentimentos, só fazendo o bem e evitando o mal. Buscando o Reino de Deus, observando fielmente o Santo Evangelho, amando os pobres, os doentes e pecadores, abraçando os leprosos de hoje, limpando-lhes as feridas. Não se autoproclamar superior aos outros, mas lavando-lhes os pés, em espírito de humildade e serviço. Ser seguidor e não centro: um miserável vermezinho, e não senhor, adorador e servo agradecido, e não ídolo e deus de si mesmo.

Com isso, São Francisco propõe aos cristãos de todos os tempos, “uma vida em penitência”, percorrendo, juntamente, com Cristo Jesus, o “caminho da provação” que pertence à Igreja, e cada homem ou mulher, que peregrina neste mundo. Assumindo mais decididamente a obediência filial ao Pai e o dom de si aos irmãos, que constituem o “sacrifício espiritual” agradável ao Pai.

Assim, renovando os compromissos do nosso Santo Batismo na noite pascal, poderemos “fazer a passagem=PÁSCOA”, para a vida nova de Jesus-Senhor ressuscitado, para a glória do Pai na unidade do Espírito Santo.
Boa e fecunda caminha Quaresmal para você e sua família.

Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Pároco da Paróquia de Bom Jesus do Abunã em Plácido de Castro – Acre.
Diretor Espiritual do Grupo Amigos de Francisco e Clara, que se reúnem todo 4º Domingo do mês na Paróquia Santa Inês às 07:00 horas.

A Gazeta do Acre: