Esse assunto, “sociedade de consumo” não é tema novo como nos faz crer “as inusitadas” ou “boas novas” colhidas a cada momento pela internet.
Essa “sociedade de consumo” ou do consumismo desenfreado é um tema, exaustivamente abordado nos últimos 30 anos por muitas cabeças pensantes. Entre essas cabeças, destaco mais recentemente Jean Baudrillard (1929-2007).
Contudo, as primeiras discussões sobre a possibilidade de o prazer constituir a finalidade última do homem tiveram provavelmente lugar no clima altamente ético, e subjetivista, da geração de Sócrates e dos Sofistas. O homem que representa a sociedade de hoje assemelha-se a tal Cálicles, citado por Sócrates como alguém de espírito extremamente hedonista, insaciável em seus prazeres. Essa filosofia de vida assaz hedonista se faz presente em todos os segmentos da sociedade atual. Infelizmente!
Arvoro-me, em nome dessa linha de pensamento, com o devido respeito, aos renomados filósofos, em dizer de forma “jurássica” que vivemos a plenitude da “idolatria à tecnologia.” O avanço da tecnologia, que trouxe bem-estar e comodidade para nós, sociedade gastronômica, infelizmente colabora grandemente para aumentar essa inclinação exagerada que o homem tem pelos bens de consumo. A começar pela televisão, o mais digno representante dessa filosofia de consumo exacerbado, onde com um controle muda-se para o canal que se deseja, numa verdadeira paranóia, passando pelo fantástico mundo da Internet, temos todos, a nossa disposição, ofertas que nos são oferecidas exaustivamente pela mídia, munição para todos os “nossos” desejos serem satisfeitos.
Tenho dito que a tendência desse consumo exagerado, é que, por exemplo, um automóvel venha custar, em poucos anos, valores irrisórios, pois que o que vai ficar difícil mesmo é conseguir gasolina, que a cada dia se torna mais caro. Evidente que essa realidade não é para amanha, mas entre aqui e os longos e sofridos 150 anos que, ainda temos pela frente. Não estou de brincadeira, não, leitor. Essa, também, não é uma idéia idiota. É realidade pura, puríssima! Só a guisa de informação, a aquisição de automóveis cresce assustadoramente. Na China, que no começo dos anos 80, tinha uma quantidade pequena de automóveis particulares trafegando em meio de milhões de bicicletas, hoje, segundo pesquisas recentes, já possui um total de 240 milhões de veículos. A china se transformou em um voraz consumidor de carros, motos e caminhões.. Este ano já se fala no emplacamento de outros 20 milhões. A continuar neste ritmo, é difícil prever quantos milhões de veículos a china terá, por exemplo, em 2020.
No Brasil, que já é o 7º país do mundo que mais consome, não é diferente, em São Paulo os índices são altíssimos, 8 milhões de veículos. Fato que já preocupa as autoridades deste Estado.
A realidade é que o mundo entrou numa onda perigosa de consumismo exagerado. Tão perigosa quanto o tão badalado aquecimento da Terra. É inegável que a inclinação do homem da sociedade hodierna tem sido a satisfação imediata dos seus desejos. Sexual, inclusive, pois as profecias de Freud, ao dizer que o principal motivador do comportamento humano, seria o INSTINTO SEXUAL, está se cumprindo. Que o diga a Dona Bela: “Eles só pensam naquilo…”
É assim em quase todo o segmento da vida: econômica, sexual; espiritual ou religiosa; na educação; na política etc. Tudo tem que acontecer imediatamente: transformar logo, dar emprego para todo mundo, agora; moradia para todos, já. Quando se sabe, por exemplo, que a educação não pode ser imediata, pois os resultados não são imediatos; a religião não pode ser da noite para o dia, pois os valores morais e espirituais são perenes, firmes e quase sempre de resultados em longo prazo.
Francisco Assis dos Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades. E-mail: assisprof @yahoo.com.br