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Vivendo a Quaresma de Paz e Bem

Caro (a) leitor (a) do jornal A GAZETA, Paz e Bem a você que inicia mais um dia.

Durante este tempo especial de purificação, contamos com uma série de meios concretos que a Igreja nos propõe e que nos ajudam a viver melhor as nossas práticas espirituais neste tempo quaresmal.

A Quaresma é um tempo favorável à prática penitencial da Igreja. Conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC), «esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e à esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias)» (CIC, número 1.438). É um tempo de renascimento espiritual e de renovação na fé, no qual se pede aos fiéis maior interesse pelas coisas divinas, uma frequência mais assídua à Santa Missa e aos ofícios litúrgicos, maior correção nas próprias ações e um treinamento no controle de suas próprias paixões e sentimentos.

Lamentavelmente, hoje em dia a palavra “penitência” provoca mal-estar em muita gente. Entretanto, se consultarmos os Evangelhos, veremos que Jesus começou a Sua pregação nos exortando à penitência: «Poenitentiam agite: appropinquavit enim Regnum caelorum» (Mt 4,17) – “Fazei penitência, porque está próximo o Reino dos céus”. Rejeitar a penitência é rejeitar a pregação de Cristo desde o princípio.
Como também devemos intensificar a escuta e a meditação atenta à Palavra de Deus, a assistência freqüente ao Sacramento da Reconciliação e a Eucaristia, e mesmo a prática do jejum, segundo as possibilidades de cada um.

A exemplo de nosso pai São Francisco, que possamos viver a mortificação e a renúncia nas circunstâncias ordinárias de nossa vida, para bem viver o espírito de Quaresma. Da mesma maneira, o saber renunciar a certas coisas legítimas nos ajuda a viver o desapego e o desprendimento. Dentre as diversas práticas quaresmais que a Igreja nos propõe, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos recorda São Leão Magno: “estes dias de quaresma nos convidam de maneira apremiante (urgente) ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Pascoa santificados em nosso ser, devemos por um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados”.

Esta vivência da caridade deve ser vivida de maneira especial com aqueles a quem temos mais próximos, no ambiente concreto em que nos movemos. Assim, vamos construindo no outro “o bem mais precioso e efetivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã” (João Paulo II).

Como viver a Quaresma:
1. Arrependendo-me de meus pecados e confessando-me.

Pensar em que ofendi a Deus, Nosso Senhor, se me dói tê-lo ofendido, se estou realmente arrependido. Este é um bom momento do ano para realizar uma confissão preparada e de coração. Revise os mandamentos da Lei de Deus e da Igreja para poder fazer uma boa confissão. Sirva-se de um livro para estruturar sua confissão. Espero que você não esteja há muito tempo sem confessar seus pecados diante de um sacerdote. Busque tempo para realizá-la.

2. Lutando para mudar:
Analise sua conduta para conhecer em que está falhando. Faça propósitos para cumprir dia a dia e revise à noite se os alcançou. Lembre-se de não colocar muitos propósitos porque será muito difícil cumpri-los todos. Deve-se subir as escadas de degrau em degrau, não se pode subir toda ela de uma só vez. Conheça qual é o seu defeito dominante e faça um plano para lutar contra ele. Teu plano deve ser realista, prático e concreto para poder cumpri-lo.

3. Fazendo sacrificios:
A palavra sacrifício vem do latim sacrum-facere, significa “fazer sagrado”. Então, fazer um sacrifício é fazer alguma coisa sagrada, quer dizer, oferecê-la por amor a Deus, porque o ama, coisas que dão trabalho. Por exemplo, ser amável com um vizinho com quem você não simpatiza ou ajudar alguém em seu trabalho. A cada um de nós há algo que nos custa fazer na vida de todos os dias. Se oferecemos isto a Deus por amor, estamos fazendo sacrifício.

4. Oração:
Aproveite estes dias para rezar, para conversar com Deus, para dizê-lo que o ama e que quer estar com Ele. Pode ser útil um bom livro de meditação para Quaresma. Você pode ler na Bíblia passagens ou mesmo meditando a Via Sacra, que nos une a Jesus Cristo, no doloroso caminho, por Ele percorrido, ao seguir para o Calvário, onde seria imolado por nossos pecados. Não deixe o Senhor no sepulcro na sexta-feira da Paixão como muitos fazem, infelizmente, ressuscite com Ele na Vigília Pascal (Sábado de Aleluia), quando celebramos e proclamamos que o Senhor Ressuscitou, vencendo a morte.

Faça da Quaresma um ponta pé inicial e favorável de avaliação de sua vida, suas ações e linha de trabalho, para corrigir os erros e aprofundar a vivencia da fé, abrindo seu coração a Deus neste tempo e ao longo de todo o ano, testemunhando Jesus como seu Senhor e Salvador, como fizeram nosso pai Francisco e nossa mãe Clara.
Um santa Quaresma rumo a Pascoa do Senhor!

Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Pároco da Paróquia de Bom Jesus do Abunã em Plácido de Castro – Acre.
Diretor Espiritual do Grupo Amigos de Francisco e Clara, que se reúnem todo 4º Domingo do mês na Paróquia Santa Inês às 07:00 horas.

A Gazeta do Acre: