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Assuero Veronez diz que população pode ficar tranquila, mas o setor teme prejuízos após operação Carne Fraca

 Pela primeira vez, desde a deflagração da operação Carne Franca, pela Polícia Federal para investigar fraude na produção de carne no Brasil, o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Acre, Assuero Veronez, esclareceu que o consumidor acreano pode ficar tranquilo quanto à qualidade da carne produzida no Estado.

Atualmente no Acre existem seis frigoríficos e dois deles trabalham com exportação e vale ressaltar que nenhum deles foi citado na operação. Assuero acredita que a comunicação inadequada, mostrando um problema pontual de forma generalizada pode prejudicar o setor.

“Da maneira como foi divulgada a operação, resulta numa redução no consumo que já percebemos em alguns pontos e uma redução no valor do produto. O Brasil é o maior exportador de carne do mundo. Um dos frigoríficos já suspendeu o abate até a semana que vem. O que é um problema. O outro está avaliando a situação. O sistema de controle sanitário da carne brasileira é muito severo e eficiente”, destacou.

Em todo o país são mais de 4,8 mil plantas frigoríficas, sendo que apenas 21 estão sendo investigadas e apenas três foram interditadas. Sendo que muitos deles tratam de frango de outros produtos que não se trata com a carne bovina.

Ele fez a declaração a propósito da operação Carne Franca, deflagrada pela Polícia Federal para investigar fraude na produção de carne no Brasil. Grandes frigoríficos, cujas marcas chegam a todo o mercado brasileiro, são suspeitos de fraudar o produto.

Sobre o assunto, o vereador Mamed Dankar disse estar preocupado com a crise que deve enfrentar o setor agropecuário do Acre.

Ele informa que 2.256 animais são abatidos por dia no Acre, dos quais 1.500 no sistema de inspeção federal acompanhado pelo Ministério da Agricultura. Parte dessa carne vai para estados como o Amazonas, Santa Catarina e Rio Grande do Norte. 90% do que é abatido, cerca de 1.300 mil, são exportados.

“Se a gente tem uma barreira lá fora, não consegue manda para outros países, nós vamos ter uma redução drástica de abate aqui. Isso vai afetar tranquilamente a cadeia produtiva. Com a redução o que vai acontecer é fila no frigorífico, a espera de 15, 20 30 dias para esperar pra poder levar o animal pra abater. Ele não vai conseguir fazer o investimento devido”, disse o vereador.

Na última terça-feira, 21, durante o senador acreano Jorge Viana, prestou solidariedade aos produtores e lamenta prejuízos ao país pela operação.

“Se tem alguém adulterando alimento, não se destrói o país”, lamentou.

Jorge cobrou providências de autoridades sobre eventuais abusos cometidos pela Polícia Federal na condução da Operação Carne Fraca.

“É grave o que ocorreu. Não é possível que não tenha ninguém no Judiciário para apurar se não houve abuso de autoridade neste caso”, avaliou o senador.

O senador também disse que é evidente o lado meritório da operação policial, com a revelação do tráfico de influência e os efeitos do loteamento partidário justamente na área que lida com fiscalização.

“Mas se tem alguém adulterando alimento, não se destrói o país. Tudo o que onquistamos nos últimos 15 anos, vendendo alimentos em todos os continentes do mundo, está ameaçado”, criticou.

Ele se disse chocado com os resultados da operação Carne Fraca. “Somos favoráveis à punição daqueles que estão cometendo irregularidades na área de vigilância sanitária. Mas não consigo entender porque dois anos depois de se depararem com irregularidades na fiscalização, autoridades policiais foram guardando informações que, sabemos agora, prejudicaram a população, inclusive com as merendas das crianças”, disse.

OPERAÇÃO CARN FRACA

Deflagrada pela PF na última sexta-feira, 17, a operação apura suspeita de suborno de fiscais agropecuários por empresas brasileiras produtoras de carnes. As maiores empresas do ramo são acusadas de adulterar a carne que vendiam no mercado interno e externo. No total o escândalo da carne adulterada no Brasil envolve mais de 30 empresas alimentícias do país.

As empresas são acusadas de comercializar carne estragada, mudar a data de vencimento, maquiar o aspecto e usar produtos químicos supostamente cancerígenos para buscar revenda de carne estragada, além de apontar agentes do governo acusados de liberar estas carnes.

A Gazeta do Acre: