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Carne fraca: Jorge Viana critica abusos e cobra providências de autoridades

 Da tribuna, senador presta solidariedade aos produtores e lamenta prejuízos ao país pela operação. “Se tem alguém adulterando alimento, não se destrói o país”, lamenta

O senador Jorge Viana (PT-AC) subiu à tribuna do Senado, nesta terça-feira, para cobrar providências de autoridades sobre eventuais abusos cometidos pela Polícia Federal na condução da Operação Carne Fraca. Deflagrada pela PF na última sexta-feira, a operação apura suspeita de suborno de fiscais agropecuários por empresas brasileiras produtoras de carnes. Viana prestou solidariedade aos pecuaristas, do Acre e do Brasil, responsáveis pela pujança do setor, responsável pelo superávit na balança comercial.

“Não sei dimensionar ainda qual é o tamanho do prejuízo, mas abro os jornais e vejo o desmonte do Brasil”, lamentou. Viana questionou o governo Temer por trabalhar na destruição do Estado brasileiro, destacando a venda de ativos da Petrobras e a política que põe fim ao conteúdo nacional na cadeia que dá suporte à indústria petrolífera. “A Petrobras teve prejuízo de R$ 15 bilhões”, disse. “O Brasil pode perder o mercado internacional e o país hoje é um dos poucos fornecedores de proteína animal do mundo”.

“É grave o que ocorreu”, avalia o senador. “Não é possível que não tenha ninguém no Judiciário para apurar se não houve abuso de autoridade neste caso”. Jorge Viana disse que é evidente o lado meritório da operação policial, com a revelação do tráfico de influencia e os efeitos do loteamento partidário justamente na área que lida com fiscalização. “Mas se tem alguém adulterando alimento, não se destrói o país”, criticou. “Tudo o que conquistamos nos últimos 15 anos, vendendo alimentos em todos os continentes do mundo, está ameaçado”.

DEMORA

Ele se disse chocado com os resultados da operação Carne Fraca. “Somos favoráveis à punição daqueles que estão cometendo irregularidades na área de vigilância sanitária. Mas não consigo entender porque dois anos depois de se depararem com irregularidades na fiscalização, autoridades policiais foram guardando informações que, sabemos agora, prejudicaram a população, inclusive com as merendas das crianças”, disse.

O senador citou o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal. O ex-ministro criticou a PF, alertando que autoridade não pode se deparar com uma irregularidade na área de vigilância agropecuária e deixar de atuar na hora. “Por que esperar dois anos? Esperar que a população vá ao supermercado comprar produtos que estão sob suspeita?”, cobrou Jorge Viana.

“Demorou um século para o Brasil se tornar o maior produtor de alimentos do mundo”, disse o senador, lembrando que o Brasil é a esperança de que o mundo possa se livrar da fome. “Quem diz isso é a ONU”, destacou. Ele considerou acertada a decisão do juiz federal responsável pela Operação Carne Fraca de conceder prazo de 24 horas para que a PF forneça informações sobre a operação.

Ele comentou que o governador do Acre, Tião Viana, fará nesta quarta-feira, 21, uma reunião com os empresários do setor pecuário no estado, que tem um grande rebanho bovino. “O governador está preocupado. Temos quase 3 milhões de rebanho no Acre. Ainda não podemos avaliar os prejuízos”, disse.

Jorge lembrou que, ao assumir o governo do Acre, nos anos 90, o estado enfrentava o risco desconhecido da febre aftosa. “Não tínhamos agência fitosanitária. Chamei os produtores e perguntei quais eram as prioridades. Eles queriam proteger o patrimônio deles, com segurança, para manter o rebanho. Pediram para enfrentar a aftosa, criar uma agência de defesa e organizar as terras no estado. Fizemos isso”, ressaltou.

FLORESTA

Ontem, o senador apresentou requerimento ao Senado para a discussão dos efeitos do aquecimento global. “Hoje é o Dia Mundial das Florestas e estamos lidando com mudanças climáticas, com a seca em Brasília que provoca o racionamento da água na Capital da República e, no Acre, com o excesso de chuvas”, disse.

Viana quer uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente do Senado, convidando o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará Filho, o diplomata José Antonio Marcondes de Carvalho, negociador brasileiro para mudança do clima, e Manoel Sobral Filho, diretor do Secretariado do Fórum das Nações Unidas sobre Florestas.

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