Caro (a) leitor (a) do Jornal A GAZETA, passado as comemorações da Páscoa do Senhor, a Igreja celebra o Tempo Pascal, que acontece a partir do Domingo da Ressurreição e vai até o Domingo de Pentecostes (próximo dia 04 de junho), por isso, cinquenta dias na presença do Ressuscitado nos preparando para receber o Espírito Santo prometido. E nós, queremos oferecer uma simples reflexão, sobre esse acontecimento, inspirado na visão da Teologia Franciscana e da Doutrina Católica. Esperamos poder contribuir para seu progresso espiritual e doutrinal.
São Francisco de Assis, homem todo católico e apostólico, participa da comunhão da Igreja de Cristo: Una; Santa; Católica=mundial, Universal; Apostólica, Romana. Celebra seus mistérios na liturgia perene como: ”ação do Cristo todo” (“Christus Totus”), na comunhão com “a Igreja Militante, que somos nós, que peregrinamos nesse mundo na penumbra da fé; a Igreja Triunfante, que é dimensão dos santos que vivem na glória da Páscoa Eterna; e a Dimensão Padecente, que ainda vai se purificando até a vitória final (purgatório= purificação)”. Não são três Igrejas, porém, três dimensões da mesma Igreja, participantes da Liturgia Celeste cujo penhor da Morte, Ressurreição e Glorificação do Cristo Senhor, envolve com sua Luz Radiante, numa celebração que é toda festa e comunhão; conforme nos inspira e revela o livro do Apocalipse de São João, no eterno Hoje de Deus.
O Apocalipse de S. João, lido na liturgia da Igreja, revela-nos primeiramente, “um trono no céu”, e, no “trono alguém sentado“ (Ap 4,2): “O Senhor Deus” (Is 6,1). Em seguida o Cordeiro, “imolado de pé” (Ap 5,6). Cristo crucificado e ressuscitado, o único sumo sacerdote do verdadeiro santuário, o mesmo “que oferece e é oferecido, que dá e que é dado”.
E finalmente, o “rio de água da vida”, que saía do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22,1), um dos mais belos símbolos do Espírito Santo. “Recapitulados” em Cristo, participam do serviço do louvor a Deus e da realização do seu desígnio: as potências celestes, a criação inteira (os quatros seres vivos), os servidores da antiga e da nova aliança (os vinte e quatro anciãos), o novo povo de Deus (os cento e quarenta e quatro mil), em especial os mártires “imolados por causa da Palavra de Deus” (Ap 6,9-11) e a Santa Mãe de Deus (a mulher, a Esposa do Cordeiro), e finalmente uma multidão imensa, impossível de se enumerar, de toda nação, povo e língua (Ap 7,9). É desta Liturgia Eterna que o Espírito Santo e a Igreja nos fazem participar quando celebramos o mistério da Salvação nos Sacramentos (= Sinais) da Redenção efetuada pelo ÚNICO SALVADOR E INTERCESSOR ABSOLUTO, JESUS, O CRISTO DE DEUS, NOSSA PÁSCOA. “Cristo nossa Páscoa foi imolado, glória a Jesus Cristo Ressuscitado”.
Devido a Tradição Apostólica que tem origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal a cada oitavo dia, no dia chamado o “Dia do Senhor ou Domingo”. O dia da ressurreição de Cristo é ao mesmo tempo “o primeiro dia da semana”, memorial do primeiro dia da criação e o “oitavo dia”, em que Cristo, depois do seu “repouso” do grande sábado, inaugura o dia “que o Senhor fez”, o dia que não conhece ocaso. A “Ceia Pascal do Senhor” é o seu centro, pois é aqui que toda a comunidade dos fiéis se encontra com o Senhor ressuscitado, que nos convida ao seu banquete”. No Concílio de Nicéia (no ano 325), todas as Igrejas chegaram a um acordo que a Páscoa cristã fosse celebrada no domingo que segue a lua cheia (14 de Nisan: este ano 16 de abril), depois do equinócio de primavera. A reforma do calendário no Ocidente (chamada “gregoriana”, do nome do papa Gregório XIII, em 1582) introduziu uma defasagem de vários dias em relação ao calendário oriental. Hoje as Igrejas ocidentais e orientais buscam um acordo, a fim de se chegar novamente a celebrar em uma data comum o dia da Ressurreição do Senhor. Por isso a festa da Páscoa não é simplesmente uma festa entre as outras: é a “Festa das festas”, “Solenidade das solenidades”, como a Eucaristia é o Sacramento dos sacramentos. Santo Atanásio (295-373) a denomina “o grande Domingo”, como a semana santa é chamada no oriente “a grande semana”.
A Igreja cristã herdou de Israel a sua festa de Páscoa; esta, porém, na passagem de Israel para a Igreja, mudou de conteúdo; tornou-se memorial de outro fato. ”A Páscoa de Israel era uma recordação e uma ação de graças pela grande emigração do Egito: ação libertadora do Senhor que tira seu povo da Escravidão, dando-lhe uma identidade: ser seu povo; passagem do povo pelo Mar Vermelho. Também significa a purificação da alma; passagem de toda paixão para o que é inteligível e divino” (Fílon de Alexandria). Passamos, pois da Páscoa, Judaica para a Páscoa Cristã.
E o conteúdo cristão da Páscoa é que: “Cristo nossa Páscoa se imolou por nós. Cristo é nossa Páscoa. Vós que ressuscitastes com Cristo, deixai as obras das trevas e revesti-vos do homem novo” (Justino e Melitão). A Páscoa é passagem de Cristo, da morte para a vida, e para os cristãos, também passagem dos vícios para a virtude.
Todos, portanto, já passamos com Cristo para o Pai e a “nossa vida já está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3), todavia todos devemos ainda passar. Passamos “em esperança” e “em sacramento”, na esperança e pelo Batismo, mas devemos passar na realidade da vida cotidiana, seguindo e imitando a Cristo e, sobretudo o seu Amor. Presentemente, nós realizamos esta passagem por meio da Fé que nos obtém o perdão dos pecados e a esperança da vida eterna (Páscoa Definitiva) se, porém, amamos a Deus e o próximo. “PÁSCOA É PASSAR PARA AQUILO QUE NÃO PASSA” (Santo Agostinho).
Neste Tempo Pascal, podemos ainda anunciar: Feliz e abençoada Páscoa a todos vocês, leitores e leitoras do jornal A GAZETA.
Cristo ressuscitou e caminha com seu povo, a Igreja do Ressuscitado! Aleluia, aleluia!
Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Pároco da Paróquia de Bom Jesus do Abunã em Plácido de Castro – AC
Assistente Espiritual do Grupo Amigos de Francisco e Clara.
Reunião todo 4º Domingo do mês na Paróquia Santa Inês, às 07:00 horas.