Aparentemente nada mais que um jogo on line, se transformou em pesadelo para uma família no município de Epitaciolandia, interior do Acre. Ao chegar no 50° desafio do jogo Baleia Azul, uma jovem de 17 anos, ingeriu água oxigenada com um pó branco muito forte. Ao ser atendida no hospital municipal Raimundo Chaar, em Brasileia, ela vomitou sangue.
Esta é a segunda vez que a adolescente é atendida no hospital como consequência do jogo. Ela faz parte da Baleia Azul desde fevereiro. O primeiro caso em que ela precisou de ajuda foi quando se mutilou, cortando-se a grafando palavras não conhecidas.
O delegado Roberto Lucena conversou com a menina. Anotou os números de telefones em que eram repassadas as “missões” e diz já ter iniciado as investigações. A jovem afirmou que “eles” ameaçavam matar pessoas da família caso houvesse desistência do jogo.
“Já pegamos o celular e já conseguimos identificar algumas pessoas. Conversamos com parentes e vamos iniciar a ir atrás delas. Queremos identificar qual a ajuda que cada um desses deu. Por isso eu digo que os pais têm que enfatizar mais, vigiar mais os filhos”, comentou o delegado.
Alguns especialistas recomendam o monitoramento do uso de smartphones e redes sociais, ter atenção a qualquer mudança radical no comportamento de crianças e adolescentes. Além de instruir os filhos a não adicionarem estranhos nas redes sociais e acolher os filhos e conversar sempre que notar neles algum desconforto.
A escola não pode se ausentar nesse processo também. O mais importante é que gestores e professores identifiquem estudantes mais frágeis, que estão passando por dificuldades, e ofereçam a eles a possibilidade de ser escutados.
No levantamento de 2015, feito pelo Núcleo de Prevenção de Suicídio do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), somente na capital foram registradas 180 tentativas atendidas no local e 32 mortes relacionadas com suicídio, segundo dados do IML. Em 2016, foram 141 tentativas e 26 óbitos. Neste ano, foram constatadas 50 tentativas e sete óbitos até o momento.
Os curadores (quem mandam os desafios) podem responder por crimes de associação criminosa Art. 288 do Código Penal; lesão corporal Art. 129 do Código Penal, ameaça Art. 147 do Código Penal e até homicídio induzimento ou instigação ao suicídio Art. 122 do Código Penal, caso as vítimas efetivamente deem cabo à própria vida. A pena pode chegar a seis anos de reclusão.
A mãe da vítima do jogo, que pediu para não ser identificada e contou sobre o susto em saber sobre a ligação da filha com o jogo. “Fico assustada, pois a gente faz de tudo para que nossos filhos fiquem protegidos e daí acontece isso”, desabafou.