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São Francisco de Assis: fonte espiritual que modelou Frei Damião “Apostolo do Nordeste do Brasil”.

Caros irmãos e irmãs, leitores do jornal A GAZETA, PAZ E BEM! Neste mês estaremos celebrando os 20 anos de falecimento de Frei Damião de Bozzano, frade capuchinho, denominado o “Apostolo do Nordeste”. Ele nasceu em Bozzano – Itália em 05 de novembro de 1898. Recebeu o nome de Pio Giannotti, filho de Félix e Maria Giannotti. Eram camponeses, católicos praticantes. No ceio da família, ele recebeu os primeiros ensinamentos da fé professada e praticada, pelos pais. E nesse ambiente permeado pelos valores do Evangelho, sentiu-se chamado a consagrar-se inteiramente a Deus.

Em maio de 1914 ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, recebendo o hábito religioso no Convento de Villa Basílica a 11 de junho do mesmo ano, emitindo os votos simples (os votos de pobreza, castidade e obediência) em 1915, recebendo o nome religioso de Damião de Bozzano. Foi obrigado a deixar os estudo e o convento, pois fora convocado para servir na Primeira Guerra Mundial. Retornou ao claustro Capuchinho para concluir sua formação emitindo os votos perpétuos em 30 de outubro de 1921. Foi enviado para Roma a fim de completar seus estudos sendo ordenado sacerdote em 05 de agosto de 1923. Recebeu o título de doutor em Teologia Dogmática, filosofia e direito Canônico pela Universidade Gregoriana em 28 de julho de 1925.

Exerceu diversos ofícios na Itália como: professor, diretor espiritual, e de formação. Foi designado, pelos superiores, para a missão do Nordeste do Brasil, onde os capuchinhos estavam desde os idos de 1656. Desembarcou no porto do Recife em 17 de junho de 1931, sua primeira residência foi o Convento de Nossa Senhora da Penha. Sua primeira missão foi na fazenda Riacho do Mel, em Gravatá-PE em setembro de 1931. De lá para cá, sua figura de missionário começou a chamar a atenção das pessoas, de todos os lugares, por onde passava realizando suas santas missões. Foram 66 anos de andanças missionárias pelo Nordeste, especialmente os estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, parte do Ceará, Piauí e Sergipe.

Frei Damião foi antecedido por muitos abnegados capuchinhos missionários do Nordeste, porém desenvolveu um estilo próprio de evangelização. Começava na segunda-feira. Ao cair da tarde, o missionário era recebido à entrada da cidade e conduzido, em carreatas, à Igreja Matriz. Ali dirigia as primeiras palavras à multidão que esperava sedenta, para ouvir o Peregrino de Deus. À noite rezava o terço com o povo, fazia o grande sermão, seguido da bênção do Santíssimo Sacramento e, logo após a confissão para os homens até a meia noite, ou mais. Nas primeiras horas do amanhecer, às 4h30min.,com a campainha na mão, acordava os cristãos: “Vinde pais e vinde mães, vinde todos à missão”, chamando para a caminhada da penitência e o ofício de Nossa Senhora, ou das Benditas almas do Purgatório, da celebração da missa e confissões.

O Capuchinho mais famoso do Nordeste confessava mais de doze horas por dia, celebrando com o povo o sacramento do perdão de Deus. Durante a semana havia encontros com: mulheres, homens, crianças, jovens, catecismos, visita aos doentes e encarcerados. Era querido pelo povo, arrastava multidões e orientava como Pai, todos queriam vê-lo e tocá-lo.

Após sofre embolia pulmonar em 1990, diminuiu o ritmo das missões para apenas os fins de semana. No ano de 1997, sua saúde agravou-se bastante; fora internado várias vezes; e em 13 de maio sofreu um derrame cerebral e foi levado para a UTI. E no dia 31 de maio, às 19h20min., partiu para a casa do Pai, aos 98 anos de idade. Seu corpo foi velado na igreja Basílica Nossa Senhora da Penha, Recife-PE, durante 4 dias, onde mais de 300 mil pessoas enfrentaram filas para chegar ao local do velório. Em 04 de junho, seu corpo foi levado ao Estádio do Arruda para a Missa Solene de despedida. Por lá passou muito nordestino que veio despedir-se do padre Mestre Frei Damião, o “Apostolo do Nordeste”. Seus restos mortais repousam numa capela, no convento de São Felix de Cantalice, no Bairro do Pina, Recife-PE.

Atualmente milhares de romeiros acorrem para fazer suas preces, recordar os momentos das Santas Missões e agradecer as inúmeras graças recebidas por intercessão desse filho de São Francisco.

Hoje a capela do túmulo e o museu de Frei Damião são abertos diariamente para a visitação. Porém, os momentos fortes da celebração, é a data alusiva a sua morte, comemorada no último final de semana de maio, e , ao seu nascimento, primeiro final de semana de novembro.

Aqui no Acre, nós frades capuchinhos, queremos ressaltar o testemunho de vida desse irmão de hábito, em comunhão com os pastores da Igreja, pedindo a canonização do Servo de Deus, Frei Damião de Bozzano. A todos (as) leitores(as), as bênçãos copiosas do Senhor, pela intercessão de Frei Damião, nosso irmão.

Frei Paulo Roberto Gomes, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Pároco da Paróquia de Bom Jesus do Abunã em Plácido de Castro – Acre.
Diretor Espiritual do Grupo Amigos de Francisco e Clara, que se reúnem todo 4º Domingo do mês na Paróquia Santa Inês às 07:00 horas.

A Gazeta do Acre: