Um dos primeiros atos ontem do presidente Michel Temer foi a revogação do decreto que assinou na quarta-feira, convocando as Forças Armadas, sob o pretexto de manter a ordem pública, depois dos intensos protestos das centrais sindicais e de outras categorias contra as reformas da Previdência e das leis trabalhistas e exigindo sua renúncia.
Classificada como desnecessária até pelos seus apoiadores e por comandantes do Exército e “vergonhosa” pelos seus adversários políticos, esse ato só vem a revelar que Temer não tem mais condições até mesmo psicológicas de governar o país, apelando para medidas inomináveis como esta. Além da falta de condições éticas, depois das graves denúncias de recebimento de propinas feitas pelos donos da JBS.
Tudo isso acontecendo, mas não foi por falta de ponderações e avisos. Quando se tramava e se executava o impeachment, o próprio ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello, advertia que os articulares do golpe parlamentar teriam que colocar tropas do Exército nas ruas para conter a insatisfação popular.
Que houve excessos nas manifestações de quarta-feira não se pode negar. E mais excessos virão, senão se tomarem as medidas políticas e judiciais para defenestrar esse Governo sem legitimidade e envolto em todo tipo de corrupção.