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Para as Nazarés e Patrícias deste mundo

Poucas coisas são tão preciosas quanto cuidar de outra vida. Essa atribuição nasce junto com o nascimento de um filho, nasce, para muitas Nazarés e Patrícias, no momento em que se sabe que há uma vida no sagrado ventre das que são prestigiadas com a maternidade. Não é cuidar, simplesmente. Cuidar talvez seja o verbo mais reducionista que o vernáculo possa oferecer para o sagrado privilégio de gerir, amar, ter um coração suplente, ter vida dupla.

É consenso que todos queríamos a piedade divina para que as mães fossem eternas, fossem sempre mães, embora somente mães. Aquelas que prescindem da leveza e da delícia de serem profissionais, esposas ou filhas, pois qualquer identidade torna-se secundária para as que experimentam dar o colo a um filho. Essa revisitada compreensão do amor não é unanimidade entre as mulheres, pois há as que escolhem não terem filhos e isso é tão digno quanto tê-los, pois aí encontra-se a sabedoria da escolha, a consciência de que esse é um papel definitivo.

Poucas coisas nesse mundo moderno são tão lindamente repetitivas quanto as histórias de mulheres que mesmo sem gestarem são mães, que mesmo sem planejarem gestaram, que mesmo sem escolha amaram. Poucas histórias são tão choradas neste mundo quanto as de mães que perderam seus filhos ou quanto a de mães que não puderam cria-los. Não podemos explicar tais coisas, pois já explicamos muito sendo mães, mas podemos torcer outra vez para que essa extensão sagrada da Trindade seja preservada com muito zelo, pois é da maternidade que saem os melhores casos de amor.

Hoje, no dia em que pensamos em ir ao comércio comprar algo que agrade nossas mães, peço liberdade poética para usar a primeira pessoa e dizer a todas as Nazarés, Patrícias, Marias, Marcelas, Julianas, Aleynes, Roses, Socorros, Cydias, Denises e demais mulheres deste mundo que vocês são o máximo. Vocês são o máximo porque conseguem transformar o mínimo na maior beleza e poesia deste mundo feio e porque é a garra de vocês que me permite pensar que o futuro do Brasil não são os jovens, são as mães, são as mulheres que sabem transformar caos em calmaria e que nos dão a certeza de que o amor líquido é apenas uma grande piada.

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