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Secretário nega que ônibus incendiado seja retaliação a bloqueadores de celulares no presídio

 Após a divulgação da instalação de bloqueadores de celulares nos presídios Francisco d’Oliveira Conde e UP Antônio Amaro Alves, neste domingo, 21, três homens armados e encapuzados tocaram fogo em um ônibus que estava na Rua Valcamilo, no bairro Canaã. Segundo informações de testemunhas, os acusados mandaram que o motorista do ônibus do bairro Seis de Agosto saísse do coletivo antes de incendiá-lo.

Os criminosos encharcaram um rolo de papel com gasolina que estava armazenada em duas garrafas pet e deixaram as chamas consumirem todo o veículo. Eles também levaram dinheiro e um celular do motorista.

O que parecia ser uma retaliação à medida tomada pelo Governo do Estado foi negada pelo secretário de Segurança Pública, Emylson Farias. De acordo com ele, a ação é uma consequência da morte de um assaltante durante confronto com a Polícia Militar, ocorrida na noite do último sábado, 20, no bairro Floresta.

O assaltante foi identificado como Felipe Matheus Aguiar Brito, 17 anos. Segundo a PM, ele e um comparsa teriam assaltado uma mulher e fugiram com o celular da vítima. A dupla tentou se esconder atrás de um galpão na Via Verde e trocou tiros com a polícia.

“Foi um ato criminoso e já sabemos quem foram os autores. Guarda relação com o evento do confronto há dois dias entre a Polícia Militar e pessoas que praticaram o delito, no qual uma veio a óbito. Essa pessoa fazia parte de uma organização criminosa, e eles vieram para o revide com essa ação covarde”, disse o secretário.

Bloqueios de celulares em presídio

O investimento de R$ 2 milhões na instalação dos bloqueadores nos presídios Francisco d’Oliveira Conde e Antônio Amaro Alves é uma das medidas que, de acordo com a cúpula da Segurança Pública, visa o combate ao crime organizado dentro do Estado.

O governador Tião Viana afirmou que por meio da medida foi possível estabelecer o controle do bloqueio de comunicações criminosas de dentro do presídio.

A contratação de mais 210 agentes penitenciários, reforma na estrutura das guaritas, investimento em armamentos, envio de lideranças criminosas para fora do estado e a implantação do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) são elencadas pelo secretário como ações que senão eliminam ao menos neutralizam as facções.

“Isso abala profundamente a estrutura do crime no estado. Foi um esforço grande do governo e das instituições, para implantar esse sistema tecnológico que bloqueia definitivamente o uso de comunicação de quem está cumprindo pena nos presídios do estado”, comentou o governador durante o anúncio da instalação dos equipamentos.

Segundo Emylson Farias, essa é a medida mais dura dos últimos 15 anos. “É uma ação firme que impede estas pessoas de ordenarem crimes, roubos e mortes de dentro dos presídios, deixando-os sem nenhuma comunicação com o meio externo”, destacou o gestor.

O secretário esclareceu também que houve operações dentro do presídio três dias antes da implantação dos bloqueadores, durante e quatro dias após. Ainda no final de semana, boatos surgiram apontando que a presença dos bloqueadores havia gerado tumulto dentro do presídio, fato que foi descartado por Emylson.

“Nós segregamos presos, extraímos presos para fora do estado, implementamos o RDD. Então, tudo isso foram ações para preparar para esse momento agora. É dessa forma que vamos caminhar daqui pra frente. Com firmeza, dureza, sempre deixando muito claro que aqui no estado do Acre não tem ambiente para a criminalidade”, ressaltou.

O chefe do Gaeco, promotor de Justiça Bernardo Albano, reforçou que a implantação do sistema é resultado de um trabalho integrado com as demais forças de segurança e as instituições.

“Estas ações foram tomadas e acompanhadas pelo Gaeco. São inúmeros os esforços e o reforço não inclui só o bloqueador, mas a instauração de portais e equipamentos de Raio-X, scanners corporais para evitar o ingresso não só de aparelhos eletrônicos, mas de armas e outros ilícitos que também são nossa preocupação”, pontuou.

Presidente da Asspen diz que equipamento vem em boa hora

O presidente da Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário do Acre (Asspen), José Janes, confirma que os equipamentos vêm em boa hora. “O que vem para a sociedade ter um pouco de calmaria é sempre bom. E os equipamentos ajudam muito nesse sentido. No começo já esperamos que os detentos façam algum tipo de rebelião ou motim contra a medida. Mas, estamos preparados para esse tipo de situação”, confirmou.

José Janes comentou que no primeiro dia de visita após a instalação dos equipamentos, foram registradas algumas ações. “É durante a visita que eles enviam o “catatau”, que são as ordens para incendiar ônibus ou matar alguém. Porém, com os bloqueadores fica mais difícil. A sociedade ainda tem a visão pragmática de que os celulares são levados pelos agentes. Mas, na realidade, a situação é diferente. Claro que existem os corruptos, mas nós cortamos na carne, se preciso for. Todos os agentes que foram presos com celulares fomos nós que identificamos”.

Origem dos recursos

De acordo com o Governo do Estado, os recursos empregados na aquisição e instalação dos equipamentos nos presídios, além das outras medidas anunciadas pelo secretário de segurança são provenientes do Fundo Penitenciário Nacional da verba de R$ 30 milhões, liberada ainda no começo deste ano para a Segurança do Estado.

A Gazeta do Acre: