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Estágio avançado em Vila de Chaminés

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
17/06/2017 - 19:28
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Observado, ao longe, enquanto uma espécie de gato de botas fora de época, ele chegou a pensar que os acontecimentos mais recentes pareciam aquele momento em que uma empreitada tem continuidade sem que o seu início tenha sido dado por quem viveu a experiência desde o princípio. Mas a vida é assim. O nosso guia turístico é de Altíssimo nível, o roteiro está criteriosamente detalhado e cabe-nos, então, aproveitar a viagem que, a depender apenas do próprio passageiro, deverá ser uma maravilha. Mas não se embriague tanto. Abestalhamentos não são permitidos. Também não se finja de morto. Beba apenas o suficiente para umas boas gargalhadas. Olhe através da janela e veja como as providências foram tomadas de forma a garantir o seu bem-estar por esta vida afora.

Até então, vivera desde sempre em uma cidadezinha interiorana de costumes bem simples, às vezes. O grande sonho de todos do lugar era, um dia, quem sabe, ir morar na capital da província, com o fito de não apenas ter filhos gordos, mas em busca de uma formação em níveis superiores.
Com a ajuda dos pais e de um irmão, enfim, ele conseguiu e todos, juntos, fizeram a tão sonhada mudança. O futuro da família estava em jogo, e não era jogo de peteca.

A chegada ao paraíso dos sonhos mais reais aconteceu num desses dias cinzentos e nada festivos imediatamente após o carnaval. Um ônibus em estado deplorável. Uma viagem escorregadia. Uma estação de passageiros tosca. Um bairro bastante simpático. Pessoas na calçada. Moçoilas bem interessantes. A vivenda desajeitada. Um novo e diferente mundinho. Descortinava-se, desta forma, o palco das experiências mais bem sucedidas. A grande festa estava apenas começando.
Nascera um observador atento a todos os ruídos. Nada, no entanto, causava nele assombro maior. Tudo era novidade. Os costumes da maioria não faziam constar grande amor pela escola, e muito menos qualquer obrigação para com as tarefas escolares, por exemplo. Pouquíssimos sabiam o que significava fazer um curso superior. E tudo era devidamente tomado nota pelo observador das experiências vitais.

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Os botecos da vila não tinham nenhum luxo, mas lá havia muito aconchego, boa conversa, som de clarinete e batuque do bom. A cerveja era anotada em bom papel almaço por uma tia muito querida, dona do estabelecimento congênere. Mãos talentosas, dela, preparavam acepipes maravilhosos feitos a partir da carne bife com bastante cebola.

Bem no estilo vamos ao que interessa, os finais de semana eram algo entre a inocência e o pecado. Uma gostosa loucura, intensa, feito calor, se alastrava por quase todos os lares, principalmente, depois que foi erguido um barracão em homenagem ao samba. A bebida era farta, como também eram fartas as taiscigarrilhas do demônio. Uma rapaziada numerosa se aprazia com as viagens e os odores promovidos pela porra da marijuana. Sim, também algumas moças faziam usufruto dessa coisa maluca e mal cheirosa. E, como na letra da música do Chico, todos por ali estavam apenas esperando o carnaval chegar.

O nosso sherlock holmes matuto das terras seringueiras observava e, um dia, experimentou engolir a fumaça, mas detestou, principalmente, porque as chaminés humanas roubavam o aroma dos bons perfumes comprados a preços exorbitantes para as saídas diurnas e noturnas.

Lá estava o grupo amoitado na fazenda rente à vila. Havia um mestre, um contra mestre, um prático, um marujo, um vigia, este, grande jogador de sinuca, e o moço observador, que era estreante naquela pendenga às escusas da segurança nacional.

Estreou pessimamente e foi cortado da comandita por absoluta falta de competência na arte de fumar maconha. Ele não aprendera a puxar a porcaria da fumaça e, depois, não conseguia andar direito devido a uma grande vontade de dar cambalhotas no meio da rua de moradores e viventes que hoje tanto o admiram por um bocado de boas qualidades.

O primeiro Carnaval foi algo meio doido mesmo. De repente, no sábado, ainda cedo da tarde, ele já estava a ingerir, com força, uma tal porradinha. Um calor dos infernos. A mocidade carnavalesca colocava uma dose de vodca em um copo grande, ao que era sobreposta soda limonada. Rapidamente, com uma pancadinha com o vaso na coxa, a mistura espumava abundantemente e a bebida era jogada goela adentro. Os efeitos eram estupendos, inebriantes, malucos mesmo… Dos cacetes.

E o numeroso cordão de foliões saía pela rua afora dando vivas à felicidade relativa do Carnaval. O anotador seguia no meio, bêbado, é claro. O destino era a praça central da cidade, onde muita música e desfiles aguardavam a mocidade de então. Uma beleza.

No meio do cordão de carnavalescos, pois, um cordão – de ouro – foi arrastado do pescoço de alguém. E foi uma gritaria no meio do povaréu. A autora da ação se evadiu da festa e dela as notícias só vieram na quarta de cinzas. Vendera a joia e ainda estava muito doida tomando banho num riacho das adjacências.

Quando ele, enfim, saiu da vila, estava rumo a um curso de altíssimo nível em escola superior de renome nacional. Fez um outro ainda mais elevado, o ápice.
Da pequena cidade de origem, trouxe régua e compasso, como disse o Gil. Mas foi em vila de chaminés que ele aprendeu a desenhar, a festejar, a namorar, a ser cavalheiro feliz e a voar muito alto… E nunca mais ninguém dele teve notícia.
Tudo foi, realmente, um grande e necessário estágio.

CLÁUDIO MOTTA-PORFIRO, Escritor. Autor do romance O INVERNO DOS ANJOS DO SOL POENTE, disponível nas livrarias Nobel, Paim e Dom Oscar Romero, ou pelo e-mail [email protected] –

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