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“Eu só pensava que eles iriam me estuprar ou matar a gente”, conta vítima de sequestro

 Morando há bastante tempo no bairro Isaura Parente, em Rio Branco, Raissa Ribeiro e a família já tinham sido vítimas de casos de violência. Por pelos menos três vezes, foram feitos reféns por bandidos. No fim da noite desta quarta-feira, 21, a família passou por mais um momento aterrorizante nas mãos de cinco assaltantes, que, além de amarrem o pai, levaram a mãe e a jovem em uma caminhonete.

Segundos antes da abordagem, Raissa estava chegando em casa, por volta de 23h. “Estávamos chegando de carro eu, minha mãe, uma amiga e a filha dela. Foi questão de dois minutos. Estávamos nos despedindo, aí eles nos abordaram bastante agressivos. Falavam o tempo todo que iam matar se fizéssemos algo. Tivemos o tempo inteiro o revólver apontado para as nossas cabeças”, recorda ela, ainda muito abalada.

Sobre os bandidos, Raissa destaca que eles não estavam encapuzados. Não tentavam esconder o rosto. “Eles eram jovens. E um deles, durante a abordagem, chamou pelo nome do meu pai. Dois deles imobilizaram meu pai e outros três invadiram o carro em que estávamos. Ficavam o tempo todo nos ameaçando”.

Durante a ação, o pai da jovem foi colocado dentro de casa, amarrado, assim como a amiga e a filha dela. “O que eles não levaram, eles quebraram. Além de fazer roleta russa (colocar uma bala em uma das câmaras de um revólver. O tambor do revólver é girado e fechado, de modo a que localização da bala seja desconhecida) na cabeça do meu pai”, comentou Raissa.

A jovem falou que a todo momento os bandidos falavam que participavam da facção criminosa conhecida como Bonde dos 13. “Eles diziam que só matavam policiais. Mas não sabiam que meu pai era ex-policial. Depois de alguns minutos, eles chegaram a perguntar onde queríamos ficar. E eu, apavorada, falei que em qualquer lugar. Aí eles falaram que iam nos levar para um lugar especial. Eu só pensava que eles iriam me estuprar ou matar a gente”.

Resgate

“Já era algo em torno de meia noite. Eles nos deixaram em uma rua do bairro Esperança.  Foi aí que comecei a gritar. Vi que uma moto se aproximou e uma moça me reconheceu das redes sociais, contei a situação e eles me levaram para a casa de um policial, que socorreu a gente”, relembrou Raissa.

Já seguras, Raissa ligou para o irmão e ele já sabia o que tinha ocorrido, inclusive, um dos carros já havia sido recuperado. “Foram 45 minutos de muito terror. Minha mãe é cardíaca. Teve momentos em que pensei que ela ia enfartar ali mesmo. Eu estava mais apavorada que ela. Mas tentei manter a calma”, comentou.

Alcance pelas redes sociais

Muito ativa nas redes sociais, Raissa afirma que nessas horas as redes sociais têm ajudado bastante. “Eu não imaginava o alcance que tinha. Agradeci muito a moça que parou para nos ajudar. Só tenho a agradecer”.

Após violência, família estuda passar temporada fora do Estado

Depois de tantos sustos, a família já procura um novo lar. “Já cogitamos também passar um tempo fora do Estado. Afinal, apenas um dos cinco sequestradores foi preso. É uma sensação de insegurança e impotência absurda. É como se a qualquer momento algo pudesse acontecer”, destacou.

“Minha rotina será diferente. Até porque vários amigos meus já foram vítimas de assaltos a luz do dia, lá por perto de casa. A vontade é de ficar escondida e não sair mais. Tá tudo perigoso”, revelou a jovem.

Sobre os pais, Raissa demonstra preocupação: “Meus pais estão bastante abalados ainda”.

Polícia recupera bens

Minutos após o sequestro, a Polícia Civil foi acionada. Nesta quinta-feira, 22, os carros já tinham sido recuperados e aguardavam a realização da perícia.

“As joias e o dinheiro não foram recuperados, mas o restante dos itens que eles tinham carregado a caminhonete sim. Os carros já foram entregues para nós, no final da tarde. Agradeço imensamente à polícia pelos riscos que corre ao fazer seu trabalho”, concluiu Raissa.

Raissa Ribeiro e a mãe foram vítimas de roubo e sequestro
A Gazeta do Acre: