O senador Jorge Viana (PT/AC) cobrou do PSDB um pedido de desculpas à nação por ter provocado a situação que mergulhou o país na sua mais grave crise política, graças ao golpe parlamentar que os tucanos apoiaram em 2016 e que levou Michel Temer à presidência da República.
Em discurso na tribuna do Senado, o parlamentar defendeu a antecipação das eleições diretas para presidente como remédio para tirar o país do caos. “Essa é a solução para o Brasil”, disse. “Isso pacificaria esse confronto que está se dando”.
De acordo com o parlamentar, a crise política tende a se agravar dada a fragilidade do presidente. “O governo Temer chegou ao fim, não tem condição, pelos fatos, de sequer permanecer no Palácio do Planalto”, disse. “E é bom que encontremos o melhor remédio para esta crise, que é a soberania do voto com eleições diretas já”.
Viana comentou que, no próximo dia 6, o Brasil inteiro estará com suas atenções voltadas para o Tribunal Superior Eleitoral. “E o que vai estar sendo julgado?”, lembrou. “Uma ação com que o PSDB entrou contra (Michel) Temer e Dilma (Rousseff)”. O senador disse que o PSDB não se conformou com a derrota nas urnas e tentou anular a eleição da presidenta.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nesta quarta-feira, a proposta que antecipa as eleições em caso de vacância do cargo de presidente. “Está havendo um movimento por eleições diretas”, comemorou. “Se mudarmos a Constituição, resolvemos esse problema e passamos, obviamente, para a sociedade, para o povo a decisão de ajudar a encontrar um nome que possa pôr fim a esta crise e fazer o reencontro do Brasil com a democracia”.
Para o petista, o PSDB apostou na crise e quis pegar um atalho para chegar ao poder com a ascensão de Temer e a derrubada de Dilma do governo. “O PSDB vai pedir desculpa à Nação por ter entrado com a ação ou vai de vez assumir que é o sustentáculo do governo?”, cobrou. “Nem o PMDB se entende, o partido de Temer”.
Ele lembrou que, no auge do impasse com a abertura do processo de impeachment, Dilma e o PT se propuseram a abreviar o mandato dela e submeter ao povo a escolha de um caminho político para o país. “Chegamos a defender um acordo com a eleições para que o povo decidisse. Não queriam. Queriam um atalho. Queriam um arrodeio”, criticou Jorge Viana. “O feitiço está virando contra o feiticeiro. Eles, que fizeram o feitiço (o pedido de cassação), que deram uma de feiticeiro, agora estão experimentando do feitiço, o governo e o próprio PSDB”.
Fachin nega pedido de defesa de Temer – O ministro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, negou pedido feito pela defesa de Michel Temer para que ele não fosse interrogado pela Polícia Federal antes da realização da perícia da gravação do empresário Joesley Batista, da JBS.
Em sua decisão, Fachin argumentou que Temer, se quiser, tem o direito de não responder, mas não pode impedir que a PF lhe interrogue. As perguntas podem ser respondidas por escrito e Temer terá um prazo de dez dias para isso. Temer é investigado por corrupção, obstrução à Justiça e organização criminosa.
Os advogados de Temer alegaram, na petição para que Fachin revisse sua decisão de terça-feira 30, em que autorizou a PF a enviar perguntas ao presidente, que não se pode dar o segundo passo antes do primeiro. “A desejável celeridade para finalização das investigações não pode atropelar direitos individuais e garantias constitucionais”, destacaram.