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Apesar de proibidas, as queimadas registradas em Rio Branco preocupam autoridades e influenciam na saúde da população

Não dá para esconder o cheiro e a quantidade de fumaça no horizonte de Rio Branco, mais frequente nas primeiras horas dias ou no entardecer. Apesar de ainda o Acre não estar nos meses de maior incidência de queimadas e fumaça, que é agosto e setembro, a população já sente os efeitos dessa prática tão prejudicial para a saúde pública e para o meio ambiente.

O Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) proibiu qualquer emissão de autorização para Uso Controlado do Fogo. Com isso, os acreanos estão proibidos de fazer qualquer tipo de queimada. É praticamente cultural a utilização do fogo para limpeza de pastagens ou de quintais, principalmente no período de estiagem

A suspensão do documento foi orientada pela Comissão Estadual de Riscos Ambientais. A mesma decisão foi tomada em 2016, mas, não impediu mais de 8 mil denúncias de queimadas ilegais, todas registradas pelo Imac e pelo Corpo de Bombeiros.

Para que esse número não se repita, já está em campo a Operação Floresta Viva. O diretor presidente do Imac, Paulo Viana, adianta que as fiscalizações devem ficar ainda mais intensas nos próximos dias.

“As queimadas no Acre estão proibidas mesmo que sejam para a agricultura familiar. Aquelas que forem feitas precisam de licenciamento ou autorização ambiental dos órgãos estaduais e federais”, afirma Viana.

Apesar do esforço das autoridades, na última semana de junho, foram registradas 26 ocorrências de queimadas em Rio Branco. Em todo o estado, o número de focos de queimada aumentou 280% em junho, isso em comparação ao mês de maio. Foram 38 focos contra os 10 registrados no mês anterior.

“Grande parte das ocorrências é de queimadas provocadas na Capital e dentro do perímetro urbano. Fica aqui nosso pedido para que as pessoas tenham a consciência de não queimar e que possamos evitar danos ao meio ambiente e à saúde da população”, alertou o comandante-geral do Corpo de Bombeiro Militar do Acre, Roney Cunha.

“Nós recebemos denúncias diretamente do Ciosp. Nós vamos lá no local, fazemos a identificação das áreas, fazemos visitas, se for o caso, nós realizamos autuações e então abrimos procedimentos para apurar, identificar os responsáveis e autuar os autores desses processos”, explica o secretário municipal de Meio Ambiente, Aberson Carvalho.

Na capital, as denúncias devem ser feitas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia), por meio do telefone 3228-5765 ou podem ser feitas na própria secretaria, ou ainda, pelo 190, no Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp).

Queimadas em ascensão no Acre

Segundo levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no período de 1º a 26 de junho, houve um aumento de 280% nos focos de queimada no Acre em comparação ao mesmo período de maio. Os números são do relatório diário do Programa Queimadas Monitoramento por Satélites.

Nesse período, o estado acreano contabilizou 38 focos contra os 10 registrados em maio. Em número absolutos, o Acre foi considerado o 9º do país com menor quantidade de queimadas registradas pelo programa.

A diretora técnica do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais (IMC), Vera Reis, afirmou que o crescimento de focos de queimada é esperado, sobretudo, devido ao fim do período chuvoso na região amazônica.

“A tendência natural é, de julho para a frente, termos uma seca cada vez mais acentuada, com redução da umidade e elevação da temperatura, levando em consideração que é um período que as pessoas começam a preparar a terra para plantio, porque a queimada é cultural no nosso estado, infelizmente”, disse.

Apesar do aumento, no total de queimadas foi registrada uma redução de 57% no Acre em relação a 2016. Em 2017 são 50 focos e no mesmo período do ano passado, esse número chegou a 117, de acordo com Inpe.

 População deve ter cuidado com a saúde em tempos de baixa umidade do ar

Altas temperaturas e baixa umidade do ar comporta a estação do inverno no Acre, onde tem como principal característica a chegada das friagens e a redução das chuvas na região.

Essa combinação meteorológica provoca tempo seco e baixa umidade relativa do ar, por isso, a população deve estar atenta aos cuidados especiais com a saúde. Sintomas como ardência e ressecamento dos olhos, boca e nariz, por exemplo, até o agravamento de doenças respiratórias são comuns nesse período.

Para evitar ou minimizar ocorrências de problemas de saúde em decorrência do tempo seco, são recomendados alguns cuidados importantes, principalmente com as crianças e idosos que mais sofrem nesse período.

Crianças e idosos são os mais afetados pela baixa umidade do ar. Por isso, é necessária atenção especial a esses dois grupos de pessoas. O cuidado essencial, neste caso, é se hidratar e incentivar a ingestão de bastante água. Recomenda-se também ainda que o paciente procure atendimento especializado caso os sintomas se agravem.

Vale ressaltar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera situação de alerta quando a umidade relativa do ar cai para menos de 30%. Quando isso acontece, a primeira recomendação é que se evitem atividades físicas externas no período de maior exposição ao sol.

Então, atividades ao ar livre devem ficar suspensas entre 10h até às 16h. Outra dica é manter os locais arejados e ventilados, que também ajudam a melhorar a qualidade do ambiente e, consequentemente, a saúde.

  Previsão do tempo é de seca severa

Segundo os órgãos de controle e monitoramento, a previsão é de que o Acre enfrente em 2017 mais um severo período de estiagem. O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), que monitora o clima na região, informou que de julho a setembro haverá poucas chuvas e as temperaturas serão elevadas.

“Junho e julho são dois dos meses mais quentes do ano, e as temperaturas devem ficar acima da média. Ainda teremos eventos de friagem, mas não com intensidade capaz de diminuir as temperaturas por muito tempo. Assim, o calor vai prevalecer em grande parte do estado”, afirmou o meteorologista Luiz Alves, do Sipam.

O pesquisador meteorológico, Davi Friale, também confirma a previsão de seca severa neste ano de 2017. De acordo com ele, as condições atuais da atmosfera e dos oceanos indicam uma seca intensa para os próximos meses.

“As condições atuais da atmosfera e dos oceanos parecem estar indicando que mais uma seca de proporções alarmantes afetará o Acre e boa parte da Amazônia Ocidental e do Centro-Oeste brasileiro”, adverte.

A umidade baixa provocada por massas polares vindas do continente sul-americano seria o motivo para esse período de seca. Segundo explica o pesquisador, o ar frio que vem da Antártica é seco e, no caminho até atingir o Acre, vai deslocando para o extremo norte do Brasil o ar úmido que está sobre a região.

“Como o ar seco é mais denso que o ar úmido, ou seja, mais pesado, impede que pulsos úmidos do Atlântico penetrem na região”, explica.

IMPORTANTE: As denúncias de queimadas podem ser feitas à Semeia, por meio do telefone 3228-5765 ou pelo 190.

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