O senador Jorge Viana (PT), nesta segunda parte da entrevista ao Jornal A GAZETA, faz uma avaliação de seu mandato e comenta sobre a satisfação de ter sido considerado pela DIAP, por seis anos seguidos, como o parlamentar mais atuante do Acre, em Brasília.
Viana falou ainda sobre a sucessão estadual e as quatro pré-candidaturas da FPA. Segundo ele, todos os candidatos são capacitados para assumir a missão de governar o Acre.
Quando o assunto é reeleição, o senador diz que o assunto somente será tratado a partir do ano que vem. “Não tem ainda nem candidatura, muito menos debate. Nisso eu tenho uma posição. Eu acho um equívoco a gente querer discutir candidaturas proporcionais, não que a de Senador seja proporcional, enquanto não tem uma candidatura majoritária”.
Por fim, ele faz uma avaliação dos 20 anos em que a FPA está à frente da administração do Acre. “Fico feliz em ver o quanto o Acre melhorou nesses 20 anos. Ainda falta muito? Sim, por isso mesmo é que temos que seguir fazendo uma boa política”.
Confira a segunda parte da entrevista:
A GAZETA – Durante seis anos consecutivos o senhor foi escolhido pela DIAP como o parlamentar mais atuante do Acre. O senhor atribui a quê esse resultado?
Jorge Viana – Estou no meu sétimo ano de mandato e para mim é uma honra, durante seis anos seguidos, estar destacado como o parlamentar mais atuante no Estado. Confesso que tenho me dedicado de manhã, tarde e noite pelo nosso Acre. Acho que fiz um bom mandato na prefeitura e no governo de oito anos. Acho que ajudei a transformar o Acre em um lugar melhor através de uma boa política. Meu desafio é fazer um mandato de senador que esteja à altura do meu trabalho na prefeitura e governo. Me inspirei sempre no trabalho do senador Tião Viana e da senadora Marina Silva, que foram grandes parlamentares. Toda essa experiência, somada ao amor que sinto pelo povo acreano, me faz trabalhar incansavelmente por esse Estado.
A GAZETA – Faça uma avaliação do seu mandato.
- V. – Então, temos que fazer o nosso mandato ser sempre útil. No meu caso, dividi meu trabalho em algumas tarefas. Como é que eu não vou usar meu mandato para combater a mais alta passagem aérea e a gasolina mais cara do país? Tenho que lutar contra isso, pois isso tira dinheiro do bolso das pessoas. Como é que não vou lutar para melhorar nosso sinal de internet? Sabe, diante de tantos problemas, simplesmente não posso ficar de braço cruzado. Pagamos uma bandeira vermelha na energia elétrica quando tem hidrelétricas aqui, com a ajuda da bacia do Rio Abunã, que abastece a região e o país todo. Então, separei meu mandato para fazer a defesa do consumidor e trabalhar também a defesa das minorias. Procuro sempre fazer um bom debate e apresentar projetos de extrema relevância para o pouco.
A GAZETA – Sensação de dever cumprindo?
- V. – Acho que sempre podemos fazer mais pelo nosso povo. Tudo que tenho feito no Senado é no sentido de honrar os votos dos acreanos e trabalhar pelo Acre e pelo Brasil. Nas emendas eu procuro ser o mais competente, mais dedicado, eficiente para liberar recursos para o Estado.
A GAZETA – Sucessão estadual. A oposição tem adotado um discurso do ‘já ganhou’. Alguns setores já trabalham com a ideia de que o senador Gladson Cameli (PP) será o novo governador do Acre. Eles adotam mais uma vez a estratégia errada?
- V. – A oposição tem um defeito: ela tenta todas as vezes ganhar a eleição antes da hora. Foi assim em 2012, na disputa à prefeitura; em 2014 novamente, mas perderam de novo. Em 2016 foram um pouco mais modestos, porém, agora caíram numa tentação de achar que já ganharam em 2018. Respeito a oposição e tenho até uma boa relação com eles, mas o que eles oferecem ao Acre é uma insegurança e isso é muito ruim. Eu acho muito perigoso o Acre cair em mãos erradas hoje. Nosso estado não tem estrutura para viver uma aventura. Sei que a população entende que nossa ação política promoveu mudanças boas para o Acre. Temos um legado positivo, isso não significa dizer que não cometemos erros, mas poxa vida, qual foi o Estado que conseguiu melhorar tanto como o Acre?
A GAZETA – O senhor costuma dizer que espera grandes transformações na política em 2018 com relação às regras eleitorais. O que o senhor visualiza para o próximo ano?
- V. – Estou na expectativa que as regras eleitorais partidárias da política do Brasil passem por mudanças. Mas, não pode ser essa mudança irresponsável que estão propondo agora. Ter um fundo partidário de seis bilhões é um absurdo. Sou radicalmente contra. Temos que pensar em um modelo mais barato. Já temos a TV e Rádio de graça. Hoje todo mundo está interagindo com as redes sociais. Veja, temos 14 milhões de desempregados e as pessoas querendo pegar seis bilhões para financiar uma campanha eleitoral. Isso é veneno. Se não mudar as regras, eu farei as minhas.
A GAZETA – Como assim “suas regras”?
- V. – Farei uma campanha modesta. Sempre fiz campanha assim e farei mais radicalmente, caminhando, conversando com as pessoas e apresentando propostas. E não me prendendo em uma estrutura de campanha. Já tem gente aí organizando estruturas milionárias, poderosas. Em minha opinião, vão terminar na delegacia. Será que essas pessoas não aprendem que a sociedade mudou? Não aceita algumas coisas. Não caiu a ficha. Se classe política não mudar, será mudada pelo povo.
A GAZETA – Falando nisso, como estão os debates em torno da sua reeleição?
- V. – Não tem ainda nem candidatura, muito menos debate. Nisso eu tenho uma posição. Eu acho um equívoco a gente querer discutir candidaturas proporcionais, não que a de Senador seja proporcional, enquanto não tem uma candidatura majoritária. Nunca fizemos isso. Acho que o ideal é que tenhamos um programa, o que fazer para levar adiante o trabalho do Tião. O que ocorreu foi que durante um congresso do PT se tirou dois nomes para se levar na disputa ao Senado: Ney Amorim e eu. A minha prioridade é outra.
A GAZETA – Qual seria sua prioridade no momento?
- V. – Estamos com uma crise que está afetando as pessoas, deixando-as desempregadas, mais pobres e sem esperança. E se a gente ficar querendo discutir algo que só vai ocorrer daqui um ano e três, quatro meses, que são as eleições, deixa de apontar soluções, não soma. Eu sei que já tem um monte de gente correndo de um lado para outro com suas campanhas. Eu sigo trabalhando para ver se termino bem meu mandato. Quero terminar meu mandato tendo a consciência de que fiz tudo que podia para melhorar a vida do acreano. Quero honrar cada voto recebido. Independentemente de ser candidato à reeleição, quero que o povo veja que me esforcei e trabalhei muito. Se eu tiver esse julgamento ano que vem já está bom. Se for candidato, vou tentar.
A GAZETA – E como estão os debates em torno das pré-candidaturas. Já mudou de opinião quanto à forma de tratar a sucessão estadual?
- V. – Acho que essa discussão de que como deveria fazer já ficou para trás. O governador Tião Viana sugeriu esse método e acho que o resultado está sendo bom. Temos quatro nomes postos e todos eles são bastante capacitados. Temos realizados reuniões seminários, encontros. Não é pré-campanha, apenas uma discussão prévia para a sociedade ver que temos nomes e propostas. Isso é muito bom, mas temos que tomar cuidado daqui para frente, porque ‘descandidatar’ as pessoas não é uma coisa muito fácil. Eu defendo que ao invés de carreira solo, cada um fazendo uma atividade, façamos coletivamente. Levar os quatro pré-candidatos juntos a um debate sereno. E, obviamente, em setembro teremos uma definição do nome.
A GAZETA – O senhor acredita que essas pré-candidaturas fortaleceram a coligação para a eleição do próximo ano?
- V. – Veja, o importante aqui é mostrar a sociedade que temos nomes e propostas. Temos uma liderança como o Marcus Alexandre que é muito querido. Ele é o novo na política. Temos lideranças como o Daniel Zen (PT), Nazareth Araújo (PT) que é nossa vice-governadora, como o Emylson Farias, que é um secretario que trabalha em uma das áreas mais difíceis no Brasil que é a Segurança. Nós estamos oferecendo esses nomes. A escolha do nome tem que vir de baixo para cima, a partir de um entendimento de todos os partidos. Eu acho que o PT não pode, com soberba, querer apontar o caminho e todo mundo seguir. Temos que ter humildade. O que nos trouxe até aqui foi exatamente o jeito que construímos as coisas. Temos que fazer um movimento necessário para sermos merecedores de novo da confiança da opinião pública. Mas, acho que o governador Tião Viana merece uma sucessão feita e o povo do Acre merece viver mais um período de estabilidade.
A GAZETA – Para finalizarmos, faça uma avaliação do trabalho da FPA nos últimos 20 anos à frente do Acre?
- V. – Olha, eu ando em Rio Branco, nos municípios, nas aldeias, nas colônias, eu me dou por satisfeito. Não é que eu esteja plenamente satisfeito, mas é muito bacana andar e lembrar como era e como está. Quando vejo os parques que fizemos, que hoje eu corro, que minha neta frequenta; quando vou no interior e vejo que lugares que não tinha nem o segundo grau e nem ensino superior, e agora os pais conseguem formar os filhos; quando vou num lugar que vivia no escuro e agora tem energia elétrica, enfim, fico feliz em ver o quanto o Acre melhorou nesses 20 anos. Ainda falta muito? Sim, por isso mesmo é que temos que seguir fazendo uma boa política.
A GAZETA – O que seria a boa política?
- V. – A boa política é aquela capaz de seguir fazendo boas e grandes transformações. Não essa política que vemos nas páginas policiais, que atrasou o Brasil e alguns insistem em continuar nela, atrasará ainda mais o país. E é contra essa política da corrupção, do atraso que vou continuar combatendo. O que me anima é trabalhar por coisas novas para nossa juventude, crianças, idosos e fazer com que possamos, depois da crise, trazer a esperança de volta. A crise política e econômica é tão grande que requer de todos nós sabedoria para trazer de novo a esperança para o povo brasileiro, em especial, o povo do Acre.
“Fico feliz em ver o quanto o Acre melhorou nesses 20 anos. Ainda falta muito? Sim, por isso mesmo é que temos que seguir fazendo uma boa política”