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PRF no Acre afirma que contingenciamento trará prejuízo para combate ao tráfico de drogas e segurança das estradas

 Por conta de uma medida de contingenciamento orçamentário imposto pelo Governo Federal, por meio do Decreto 9.018/2017, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que adotará medidas para adequação à nova realidade orçamentária. No Acre, a situação trará prejuízo ao combate ao tráfico de drogas e redução no número de acidentes nas estradas, já que haverá redução nas atividades de ronda e patrulhamento e atendimento ao público.

Em nota divulgada na noite de terça-feira, 4, a corporação detalhou os serviços que serão afetados. Já estão suspensas as escoltas de cargas superdimensionadas e escoltas em rodovias federais; atividades aéreas (policiamento e resgate aéreo) desempenhadas pela instituição; redução do deslocamento terrestre de viaturas em patrulhamento e desativação de unidades operacionais.

Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, 6, o superintendente da PRF no Acre, o inspetor Nelis Newton, ressaltou que, por enquanto, nenhum posto da instituição será fechado no Acre, mas assumiu que a medida terá mudanças que terão impacto no trabalho realizado.

“Equipes se concentrarão em frente às unidades e o expediente ao público e serviço administrativos acontecerão em horário reduzido e isso deve começar na semana que vem. Os atendimentos aos acidentes com vítimas devem se manter”, comentou. Para economizar combustível e manutenção de viaturas, o patrulhamento das rodovias vai ficar restrito à área dos postos de fiscalização.

O trabalho desenvolvido pelo PRF é de fundamental importância, visto que o Acre é rota para entrada no Brasil de drogas e armas. Além de garantir a segurança nas estradas, prova disso, é a redução no número de acidentes registrados pelo órgão.

Um recente balanço mostra uma redução de 21% nos acidentes graves, que envolvem mortos e feridos, no primeiro semestre de 2017. Os números apontam que em 2016, foram 34 acidentes graves contra 27 deste ano. Além disso, o número de mortos em acidentes na rodovia caiu de 7 para 5, uma redução de 29%.

“Esse trabalho é fruto das rondas realizadas e de fiscalização. Devido ao corte do Governo Federal esse trabalho será reduzido”, confirmou Newton.

Vale ressaltar que devido ao período de férias em julho, a preocupação grande é com a segurança nas BR’s. Nesse mês, o movimento nas estradas federais aumenta 20%, segundo a própria PRF. A falta de fiscalização pode deixar as estradas mais perigosas.

O número de pessoas detidas nas estradas também aumentou. No ano passado, foram 102 detenções. Já em 2017, esse número passou para 153. “Sendo assim, foi verificado, quando comparado o primeiro semestre do ano passado, ao mesmo período deste ano, um aumento de 58% na apreensão de drogas”, destacou o superintendente no Acre.

Foram apreendidos no primeiro semestre deste ano quase 200 quilos de cocaína, além de 2.727 quilos de maconha, e de outras drogas como crack, ecstasy e LSD.

Temor de percorre as estradas

Após o anúncio feito pela PRF, quem faz da estrada seu lar, como por exemplo, os caminhoneiros, está com medo.

“Como nós vamos ter segurança? Se com os policiais já está difícil, imagina sem”, comentou o caminhoneiro João Batista da Silva, que regularmente faz viagens pelas rodovias estaduais.

O medo desse trabalhador não é só com assaltos ou algo de gênero, mas, sim, com acidente. “Muitas vezes, saber que a qualquer momento na estrada poderá ter uma blitze ou mesmo a ronda dos policiais, já oferece um motivo para quem excede a velocidade ficar atento. Agora com mais essa medida, vai ficar difícil”, ressaltou outro caminhoneiro.

Nota FenaPRF

Em nota, a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) argumentou que o corte vai fazer com que a polícia seja apenas reativa, facilitando o transporte de drogas, o aumento da criminalidade nas rodovias e, principalmente, o aumento de mortos e feridos no trânsito. “Essa conta recairá mais uma vez sobre a sociedade brasileira”.

A Federação estima que a PRF perdeu quase R$ 200 milhões do montante que estava previsto.

A PRF tem 10 mil policiais para atuar em todo o Brasil. Essa é a mesma quantidade que se tinha em 2008, estima a FenaPRF. “Nosso receio é de que os cortes prejudiquem a fiscalização e façam aumentar o número de acidentes, crimes e mortes nas estradas”, apontou o diretor da FenaPRF, Fábio Jardim.

Números

Um levantamento do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) aponta que, nos últimos nove anos, a quantidade de veículos em circulação quase dobrou. Em 2007, eram 50 milhões nas ruas do país. Em 2016, a frota atingiu 91 milhões nas 27 unidades da Federação. Esses números fazem com que o Brasil tenha a quarta maior rede rodoviária do mundo.

Corte do Governo Federal atingiu a emissão de passaporte

Na semana passada, também devido ao contingenciamento orçamentário, a Polícia Federal suspendeu a emissão de novos passaportes. A medida vale para quem tentou fazer a solicitação depois das 22h do dia 27 de junho.

De acordo com a PF, o setor atingiu o limite de gastos previstos na Lei Orçamentária da União. Na quarta-feira, 5, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso aprovou projeto de lei que libera R$ 102,3 milhões para que o órgão possa retomar o serviço. A matéria precisa ainda ser aprovada pelo plenário do Congresso, o que deverá ocorrer ainda nesta semana.

A Gazeta do Acre: