O corpo do taxista Anderson Martins do Nascimento, 29 anos, foi encontrado com marcas de tiros e as mãos amarradas na madrugada do último sábado, 15, no Ramal do Sinteac, próximo ao estádio Florestão. A notícia deixou a categoria em pânico. De acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas do Acre, Esperidião Teixeira, nesta segunda-feira, 17, três colegas avisaram que vão deixar de trabalhar na praça por medo da violência.
Atualmente, Rio Branco conta com 1.200 taxistas cadastrados e 612 permissões municipal. Desses, mais da metade parou de trabalhar à noite, aponta Esperidião. “Todo mundo está apreensivo. Só hoje, três taxistas deixaram a profissão. A cada dia o número de trabalhadores que querem continuar diminui. Estão querendo deixar de circular à noite, porque a probabilidade de algo ruim acontecer de dia é menor. Não queremos mais trabalhar à noite. A vida é o bem maior, por isso eu os entendo”.
O sindicalista conta que os colegas estão pedindo até ajuda espiritual. “Agora, querem todos os dias um momento de oração. Não vemos uma ação contundente contra o crime. Antigamente, havia mais blitzes pela cidade, revistando os veículos. Hoje só vemos Operação Álcool Zero”.
Esperidião Teixeira afirma que os taxistas são alvos dos criminosos e nunca sabem para quem irão prestar o serviço. A corrida, segundo ele, pode ser feita para um membro de facção, mas não cabe ao taxista identificar. E é aí onde fica explícita a vulnerabilidade da categoria. “Nesse final de semana tivemos um caso em que o taxista fez corrida para uma pessoa, que depois se revelou criminosa e armada. Por sorte, ele conseguiu pular do carro em movimento para escapar. Participar de um crime nem sempre é uma escolha. Alguns são obrigados a dirigir para essas pessoas por estar sob a mira de uma arma”.
Para o presidente do Sindicato dos Taxistas do Acre, a categoria precisa de algum mecanismo de ajuda. “Quando algo ruim acontece, não temos nenhuma forma de alertar a polícia. Se tivesse uma forma de avisar as autoridades quando um táxi é sequestrado para cometer um assalto, por exemplo, seria bem melhor”.
Polícia descarta a suspeita de latrocínio
A Polícia Civil descartou a suspeita de latrocínio no caso da morte do taxista Anderson Martins do Nascimento. A informação foi passada pelo delegado responsável pelas investigações, Rêmulo Diniz, nesta segunda-feira, 17.
O delegado também confirmou o local crime. Segundo ele, o taxista foi assassinado no mesmo lugar onde o corpo foi encontrado, no Ramal do Sinteac, próximo ao Florestão. Contudo, ainda não saiu o lado para confirmar o número de tiros que atingiu a vítima. “Ele possuía muitos ferimentos, mas ainda não sabemos quantas balas o perfuraram”.
A polícia também trabalha com a suspeita de que Anderson Martins do Nascimento estava envolvido de alguma forma com facções criminosas. Essa teoria, no entanto, não agrada muito o presidente do Sindicato dos Taxistas do Acre, Esperidião Teixeira.
“Ainda é cedo para fazer uma acusação dessas. Até onde sabemos, ele não tinha nenhum envolvimento com o crime. Era um rapaz jovem, trabalhador e com uma bela família”.
O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil.