A Universidade Federal do Acre (Ufac) recebeu nesta semana a visita do arqueólogo e professor finlandês, Martti Pärssinen (Universidade de Helsinki, Finlândia). O pesquisador, que veio ao Acre participar de uma série de reuniões voltadas à articulação de políticas ligadas à pesquisa de geoglifos, participou na última sexta-feira, 14, de uma palestra sobre os avanços de estudos da área nos últimos 15 anos.
Geoglifo é o nome dado a formações fechadas por árvores ou fossos de formato variado (geométrico, humano ou animal) que se assemelham às Linhas de Nazca, no Peru. Uma das hipóteses mais disseminadas, a partir das pesquisas registradas até hoje, é a de que os geóglifos servissem como espaços para rituais e cerimônias religiosas.
“Essa é uma das descobertas mais importantes da Amazônia nos últimos anos. Durante muito tempo imaginou-se que essa era uma região intocável, mas com a descoberta dos geoglifos é possível saber que, seguramente há dois mil anos antes do presente, mas provavelmente há mais que isso, essa era uma região habitada por muita gente”, afirma Pärssinen. “A mídia e pesquisadores do muito inteiro demonstram muito interesse sobre o tema, mas ainda é preciso avançar com os estudos. Ainda sabemos pouco sobre quem construiu essas formações”.
Há dois anos, os geoglifos do Acre foram incluídos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Lista Indicativa Brasileira do Patrimônio Mundial.
“Há 15 anos os geoglifos não existiam no Acre. Eram desconhecidos. Hoje, o Estado ganha evidência com a chance de abrigar um possível Patrimônio da Humanidade. Precisamos nos organizar”, diz o pesquisador e professor aposentado da Ufac, Alceu Ranzi. “A universidade tem papel fundamental nisso. A Ufac, por exemplo, precisa ter condições de se transformar em depositária de todo o acervo bibliográfico e material que é fruto dessas estudos. Para ganharmos o título, temos de ter respostas e para isso é preciso incentivar e preservar atuais e novas pesquisas”, aponta. “Os geoglifos têm grande potencial turístico e de pesquisa acadêmica, precisamos avançar nessas políticas de incentivo”, completa a professora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Ivandra Rampanelli.
A maior parte das pesquisas sobre o tema no Brasil concentram-se nos estudos do Grupo de Pesquisa Geoglifos da Amazônia que reúne cientistas do Instituto Iberoamericano, de Finlândia, de Madrid; da Universidade de Helsinki, Finlândia; da Ufac; da Universidade Federal de Goiás, e da Universidade Federal do Pará (UFPA).