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Uber reforça modelo integrador de mobilidade urbana no Brasil e expõe projetos de carro autônomo e veículo-voador

 

Mobilidade urbana é um tema que muitas cidades precisam rever para um futuro não muito distante. A cada ano que passa, a estrutura das cidades absorve menos a quantidade de pessoas que nascem no mundo. E a rotina de alguém dentro dos centros urbanos é lotada de afazeres, lugares para ir e vir. Não para. A ponto de que este ritmo da vida moderna, visto sob a ótica de um crescimento populacional irrefreável, abre a incerteza: será que cidades como Rio Branco estarão prontas pra dobrar ou triplicar a sua população nas próximas décadas?

Dúvidas como essas são que motivam o modelo de negócios da Uber, empresa que chegou há pouco tempo na cidade, mas que já é gigante no mundo. Visando o futuro, a Uber não se considera uma ‘empresa de transporte’, e sim de tecnologia.

Em debate sobre o tema com jornalistas e grandes veículos de comunicação da região Norte, incluindo o Jornal A GAZETA, realizado em julho, em São Paulo, a Uber apresentou reflexões para repensar o uso do carro individualmente e a integração junto ao transporte público.

Estudos comprovam que quando alguém compra um carro, ele passa apenas 5% do tempo com seu dono em circulação. Os 95% restantes do tempo ele fica parado, a maior parte disso estacionado em casa e outra parte estacionado nas ruas. O que isso quer dizer? Que você só usa, em média, 5% do tempo do seu carro, mas nos outros 95% ele está lá, ocupando algum espaço, seja o seu [imagine o que você poderia fazer no espaço da garagem da sua casa], seja o público [agora imagine o que a cidade poderia fazer com todo o espaço de estacionamentos].

A proposta da Uber é que o tempo de uso dos carros sejam maiores. Quando você não está usando para si, use-o para dirigir para os outros, tornando seu carro mais funcional e lhe gerando renda, extra ou até principal. Isso aumenta a frota de Ubers, gerando um ganho na sua cidade. Mas se este esforço não lhe é interessante, a proposta é abandonar a ideia de ter um carro próprio (livrando-se, assim, de todos os gastos e dores de cabeça com manutenção, risco de acidentes, diárias de estacionamentos e abastecer com combustíveis que não param ficar mais caros). Precisou ir a algum lugar, chame um Uber. Invista esse dinheiro em um serviço hábil, seguro, onde nem o stress do trânsito você vai ter, pois alguém vai dirigir pra você.

O objetivo final é chegar a dias não muito distantes dos atuais com cidades que dediquem menos planejamentos para estacionamentos ou obras para desafogar o trânsito. Em resumo, menos carros, menos poluição e mais espaços públicos para seus cidadãos. Além disso, a Uber tem sido nas cidades onde opera um grande parceiro no cumprimento da lei para reduzir os índices de motoristas que dirigem alcoolizados. É a ideia do ‘vai sair pra beber, vai de Uber’.

Multimeios de transporte – Pensando na mobilidade integrada e com um modelo o mais econômico possível ao usuário, a Uber se projeta, também, para preencher as lacunas entre os locais que alcançam o transporte público e a porta da sua casa. Entre os pontos aos quais os meios de transporte público levam seus passageiros até o lugar exato em eles querem chegar existe uma distância. Às vezes, essa distância ainda pode ser de muito chão para se percorrer a pé. Para fazer essa diferença é que existe a Uber, preenchendo rotas.

“Não é um sistema sozinho. São multimeios de transporte. Isso serve para completar a malha municipal e também estimular os meios de transporte da sua cidade”, completou Gabriela Manzini, do time Comunicators (equipe de Comunicação e Marketing) da Uber.

Efeito Uber na prática – Em São Paulo, onde a Uber atua desde agosto de 2014, o cenário já é diferente em alguns locais. No notívago bairro de Vila Madalena, os Ubers dominam as viagens de ida e volta, tanto que prédios que só funcionavam pra estacionamentos [e caros, diga-se de passagem, com valores que fariam você agradecer os daqui de Rio Branco] começaram a falir, dando vez a outros estabelecimentos noturnos e culturais, mais adequados para a região.

Outra observação é que o paulistano gasta, em média, 45 dias (um mês e meio) do seu ano indo de um lugar para o outro de ônibus. Pela modalidade UberPool (dividindo viagem com outros usuários que vão para destinos próximos), ele poderia alternar sua forma de locomoção e o preço seria aproximado do que ele gasta com o transporte coletivo, com viagens mais curtas, e sem paradas. Representa um ganho de tempo na sua vida, sem ‘ferir’ o bolso.

Mas, sem sombra de dúvidas, os maiores efeitos Uber no Brasil ainda estão por vir. Com o avanço de novas tecnologias que estão em fase de desenvolvimento pela empresa, novidades devem surgir nos próximos anos. Na Press trip em São Paulo, o time Comunicators apresentou os dois maiores projetos da Uber para o futuro. Confira-os em detalhes.

Carro autônomo já é uma realidade nos EUA

Uma das iniciativas já em andamento da Uber é a dos carros autônomos. Como assim ‘autônomos’? Quer dizer que são ‘carros robôs’? Isso mesmo, ou pelo menos quase isso. Parece loucura tecnológica demais imaginar um carro que ‘se dirige’, sem motorista. Mas é algo assim que está acontecendo em fase de testes em cidades norte-americanas. Desde 2016, quem chama um Uber em Pittsburgh, em São Francisco e no Arizona já pode ter a surpresa de ser conduzido com o atendimento dos carros autônomos para alguns trechos nestas cidades.

O carro autônomo funciona com sistemas sensíveis de radares e câmeras de curto e longo alcance. Ele opera seu trajeto através de mapas de trânsito, em terreno baixo e usa os seus sensores e câmeras para identificar outros veículos, obstáculos no caminho, memoriza buracos, depressões e elevações, e também distingue ruas e calcula espaçamentos. Também é capaz de identificar para andar com respeito aos demais agentes do trânsito (pedestre, ciclista, etc). Nos locais citados, operam os carros modelo Volvo XC90 e FordFusion.

Ainda parece uma realidade distante demais? Imagine que um avião passa a maior parte das viagens em piloto automático, requerendo a habilidade técnica do piloto para determinadas situações e procedimentos. Agora desloque esse pensamento para um carro. O projeto de automatização idealizada pela Uber vai de graus, com o planejamento de carros autônomos que vão desde o grau do piloto automático até o de ‘zero-humano’.

E as vantagens de uma frota de carros autônomos significaria inúmeras vantagens. Procure um lugar tranquilo pra relaxar e esvazie a mente. Agora, idealize, um trânsito com carros dirigindo pra você, sem fatores humanos (leia-se, pessoas estressadas), rotas calculadas e planejamentos de máquinas e centrais de controle para evitar riscos e causar o mínimo de acidentes possíveis.

Voltando a realidade, vale destacar que a Uber não produz carros, nem pensa em entrar neste ramo de mercado. A empresa só desenvolve a tecnologia em parceria com as montadoras. O programa de carros autônomos é bem avaliado pela empresa, e deve seguir em expansão. No Brasil, para o advento de tal tecnologia, regulamentações também precisariam ser feitas.

 O UberAir, um ensaio sobre ‘carros voadores’

O sistema de tráfego nas ruas, atualmente, é em 2D. Carros seguem em um sentido nas ruas, enquanto outros tomam outra pista para um sentido contrário. Mas a Uber projeta um terceiro sentido: pra cima. A partir de um modelo 3D de tráfego, a Uber almeja a abertura de inúmeras possibilidades, representando um marco para a mobilidade de grandes centros urbanos.

Mas como seria esse trafego aéreo? Seriam o mesmo que fazem os helicópteros, um modelo de transporte já viabilizado para cidades grandes no mundo inteiro? Não. A Uber pensa em tecnologias limpas para deixar um legado para as futuras gerações, e os helicópteros estão longe disso. Do combustível injetado em helicópteros, cerca de 30% é aproveitado de fato para fazê-lo se locomover, e o restante é queimado com baixo ou nenhum aproveitamento. Por isso, a Uber desenvolve um modelo diferenciado de veículo aéreo, com motor elétrico.

Essa é a concepção dos futuros ‘carros voadores’ (Vtol), idealizados pela empresa não para voos longos, e sim para deslocamentos verticais de média e curta distância (já que o motor está sendo projetado com energia limpa, ou seja, sem combustível fóssil), com voos de menos de 2 horas de duração. A ideia deste UberAir (nome meramente fictício) é chegar ao mercado com um preço não muito fora da realidade das demais categorias Ubers e com o conforto e ganho de tempo em percursos de cidades próximas umas das outras.

A capacidade ideal dos carros voadores da Uber seria o transporte de 4 a 5 pessoas (incluindo o piloto). Mas, inicialmente, devem operar apenas para 2 passageiros.

Por exemplo, entre Campinas e São Paulo, o trecho é de quase 100 km. Mesmo com trânsito normal, tal percurso é feito entre 1h30 a 2h de carro. Com engarrafamentos ao longo do percurso [imagine aquele trânsitozinho legal de São Paulo!], fica difícil calcular esse tempo. Na categoria mais top, a UberBlack, a média de preço entre Campinas-São Paulo (com trânsito ou sem trânsito) é de US$ 53,00, ou cerca de R$ 175,00. O UberAir entraria para fazer esse trajeto, em um primeiro momento no mercado, ao preço estimado em US$ 153 (R$ 490,00). A médio e longo prazo, caso o UberAir mostre-se viável, o valor seria equiparado ao UberBlack (U$ 50).

É certo que falar, primeiro, em ‘carros-robô’ já em operação e, agora, em planos para carros voadores é pedir demais para se acreditar [Não, leitor, você não está diante do roteiro do filme ‘De Volta para o Futuro, parte IV – 30 anos depois’]. Mas os carros voadores também são um amanhã da Uber muito mais próximo do que imaginamos. A empresa já está desenvolvendo protótipos deles junto à Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A), para incluir voos testes com e sem pessoas no Brasil. Além da rota São Paulo-Campinas, outra planejada é a de São José dos Campos e São Paulo (113 km). Mas nada impede que os veículos voadores, mais adiante, operem em outras cidades próximas umas das outras. Depende da viabilidade do trecho.

Mas quando isso deve sair do papel? De acordo com Pedro Prochno, do time Comunicators da Uber, os primeiros voos-teste dos carros voadores com pessoas estão programados para serem feitos em 2023, em trajetos de locais na cidade de Dubai, Emirados Árabes Unidos. No Brasil, trechos com São Paulo (São José dos Campos ou Campinas) devem receber os mesmos testes, quase que de forma simultânea.

Em outras palavras, os carros voadores devem se tornar uma realidade até o final da década 2020, segundo os planos da Uber, no Brasil e no mundo. Mas, antes disso acontecer, vale frisar também que será necessário o avanço em legislações para regulamentar este novo transporte.

Carro autônomo já é uma realidade nos EUA – Foto/ divulgação Uber

 

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