Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Ato contra intolerância religiosa reúne pessoas de várias crenças na Capital

Ato contra intolerância religiosa reúne pessoas de várias crenças na Capital

 

Lideranças de diversas crenças se reúnem nesta sexta-feira, 29, num ato contra a intolerância religiosa e em favor do Estado laico. A ação é promovida pela Federação das Religiões de Matriz Africana do Acre (Feremaac) e conta com o apoio da Secretaria Adjunta de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seadpir), e Fundação Garibaldi Brasil.

A concentração será a partir das 9h, no Senadinho. De lá, os manifestantes devem se reunir com a procuradora Patrícia Rêgo para uma conversa sobre o assunto, finalizando o ato no Mercado Velho com algumas apresentações culturais.

Segundo o membro da Federação, José Rodrigues Arimatéia, o objetivo é chamar atenção da sociedade para os crimes de intolerância religiosa, além de quebrar o tabu que ainda existe contra o Povo de Santo.

“Nosso ato é contra essa onda de ódio que acontece pelo país. Ataques e eliminações físicas de cultos e cultores de religiões afros. Estão invadindo terreiros pelo Brasil todo. É uma verdadeira onda de ódio e desrespeito”.

A iniciativa também protesta contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autoriza o ensino religioso confessional nas escolas públicas, isto é, as aulas podem seguir os ensinamentos de uma religião específica. Também será autorizada a contratação de representantes de religiões para ministrar aulas. O julgamento não tratou do ensino religioso em escolas particulares, que fica a critério de cada instituição.

Para Arimatéia, a decisão ameaça a cultura das religiões de matriz africana, que ainda são alvos de preconceito. “Nós retroagimos dois séculos, quando o STF autoriza o ensino religioso confessional. Para nós, isso são prenúncios de elementos que podem, no futuro, contribuir para uma eliminação da fé e dos cultuadores de religiões de matriz africanas”.

Segundo a secretária de Políticas Públicas para Mulheres, Concita Maia, o ato é uma tentativa de sensibilizar a população sobre a diversidade religiosa e direitos humanos. “Tudo isso que estamos vivendo em nosso país precisa ser repensado. Precisamos repensar a nossa forma de estar e de ser no mundo. Por isso, essa é uma manifestação pela livre escolha em todos os sentidos. A intolerância é uma palavra que define o que vivemos hoje no Brasil ao termos invasão a sedes religiosas, quebrando os símbolos sagrados”.

Aumento nos casos de intolerância religiosa

Segundo dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos, o Brasil teve 697 denúncias de intolerância religiosa entre 2011 e 2015. Enquanto em 2014, o número de denúncias havia reduzido frente a 2013 – de 201 casos para 149 – esse volume voltou a subir em 2015, quando foram registradas 223 casos de intolerância. O relatório divulgado no começo deste ano foi feito com base no Disque 100.  O estado do Rio de Janeiro lidera o ranking

com maior número de denúncias de casos de discriminação, que têm como principal alvo as religiões afro-brasileiras.

Sair da versão mobile