O suicídio ainda é tabu em plano século 21. Segundo dados do Mapa da Violência deste ano, 32 pessoas se suicidaram por dia no Brasil, ou uma a cada 45 minutos. São quase 800 mil vítimas por ano, o que faz do país o oitavo com mais suicídios do planeta. Para a psicóloga Cláudia Correia, o primeiro passo para tentar reduzir os números é abordar o assunto corretamente.
“Precisamos acabar com esse tabu de que não se fala nisso. É preciso falar de uma forma que oriente, aconselhe e mostre o caminho. Quando alguém comete suicídio e aparecem reportagens sensacionalistas, e nós já ficamos esperando outros suicídios porque é um estímulo. É preciso mudar essa forma de abordar e falar sobre o suicídio”.
Neste mês, pelo segundo ano, Rio Branco participa da campanha de conscientização e prevenção ao suicídio, o ‘Setembro Amarelo’. Durante o mês serão realizadas diversas atividades, como palestras, caminhadas, distribuição de material educativo, além de levar muita informação à população.
A ideia é informar, esclarecer, conscientizar, envolver e mobilizar toda a sociedade sobre o assunto que ainda é considerado tabu. A psicóloga explica que muitas pessoas acreditam que falar sobre suicídio é um problema ou que não existe prevenção.
“Queremos poder mostrar para as pessoas que existem vários fatores que levam ao individuo começar a desenvolver uma ideação suicida. Existem fatores genéticos, fatores sociocultural, filosóficos, religiosos, emocionais, transtornos mentais. Precisamos mostrar as pessoas que tem como tratar. Você não pode ficar parado diante dessa situação. É preciso agir”.
Como parte da programação, no dia 13 de setembro ocorre a palestra “O que leva uma pessoa ao suicídio?” e o lançamento da cartilha “Pais e Filhos Aprendam a Jogar o Jogo da Vida”. O evento será realizado a partir das 14h, no auditório do Ministério Publico, na Galeria Cunha. Já no dia 15 acontece a Caminha pela Vida, com concentração na praça do Palácio Rio Branco.
Correia destaca a importância das pessoas participarem e ajudarem a salvar vidas. “São atividades abertas ao público para que todos estejam lá. Precisamos saber como resolver essa questão que aflige tantas famílias”, acrescentou. Ao longo do mês o jornal A GAZETA vai informar onde serão realizadas as ações.
Suicídio mata mais jovens que o HIV
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), tirar a própria vida já é a segunda causa de morte em todo o mundo entre jovens de 15 a 29 anos de idade. No Brasil, o índice de suicídios nesta mesma faixa etária é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes.
Ainda segundo a OMS, 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. E para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas. O índice de suicídios entre mulheres de 15 a 29 anos é de 2,6 por 100 mil pessoas, mas a taxa salta para 10,7 entre a população masculina. Em termos globais, 75% dos suicídios ocorrem em países de média e baixa renda.
No ranking das principais causas de morte de jovens entre 15 e 29 anos, o acidente de trânsito lidera com 11,6% dos casos. O suicídio vem logo em seguida com 7,3%. A terceira causa é o HIV/Aids.
Setembro Amarelo
Iniciado no Brasil em 2014 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Setembro Amarelo visa conscientizar a sociedade sobre a prevenção do suicídio.
Em 2015, a campanha ganhou mais exposição com ações em todas as regiões do Brasil. Monumentos ganharam iluminação amarela em alusão ao movimento como, por exemplo, o Cristo Redentor no Rio de Janeiro (RJ), Congresso Nacional em Brasília (DF), o estádio Beira Rio em Porto Alegre (RS), entre outros.
O CVV é uma das principais mobilizadoras do Setembro Amarelo no país. A entidade atua na prevenção do suicídio desde 1962, membro fundador do Befrienders Worldwide e ativo junto a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (IASP). O movimento acontece durante todo o mês de setembro em todo o mundo. Já o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio é celebrado no dia 10 de setembro.