Altas temperaturas e baixa umidade do ar são a combinação propícia para o surgimento de incêndios em áreas de vegetação e terrenos baldios. Isso associado a uma cultura do fogo que vem sendo exaustivamente combatida pelas autoridades, resulta em episódios como o registrado neste domingo, 3, quando um incêndio de grandes proporções atingiu uma área de mata de ao menos três hectare na região do bairro São Francisco. Um prejuízo para o meio ambiente e também para a saúde das pessoas.
Este mês de setembro é considerado crítico, conforme mostra a série histórica de dados dos últimos 40 anos. E, justamente por isso, o Comitê Estadual de Gestão de Riscos Ambientais (Cegra) coordena a Operação 7 de Setembro, que tem o objetivo de combater o desmatamento e queimadas em todo o estado.
“Fazemos um apelo para todos os cidadãos de bem das nossas zonas rural e urbana, para que não queimem nesses próximos 20 dias. Nós vamos estar em campo com todo o efetivo do governo do Estado, com apoio de órgãos federais e municipais, para combater e aplicar as multas que forem necessárias”, afirma o secretário de Meio Ambiente, Edegard de Deus.
Mais de 1.020 homens estão envolvidos na operação que ocorre em Rio Branco e no interior do estado com mais força em áreas críticas, como no município de Manoel Urbano até a região do Juruá onde estão concentrados os maiores focos de calor.
O Corpo de Bombeiros atua para minimizar os impactos do fogo sobre a população. A proposta é reforçar à sociedade as dificuldades, o desgaste e o perigo que os bombeiros enfrentam no dia a dia em função de incêndios florestais e urbanos.
“As pessoas precisam ter consciência de que queimar, ou mesmo colocar fogo no fundo do quintal, é crime e pode causar prejuízos à residência e ao entorno”, ressalta o comandante-geral do CBMAC, coronel Roney Cunha.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Acre contabilizou 220 focos de queimada apenas nos primeiros quatro dias deste mês. Totalizando os dois primeiros dias de setembro, o estado acumula 152 ocorrências.
Vale ressaltar que as autorizações para uso controlado do fogo, emitidas pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), estão suspensas.
“As queimadas no Acre estão proibidas mesmo que sejam para a agricultura familiar. Aquelas que forem feitas precisam de licenciamento ou autorização ambiental dos órgãos estaduais e federais”, afirmou o diretor-presidente do Imac, Paulo Viana. Mesmo com a proibição, o Corpo de Bombeiros do Acre recebeu mais de oito mil chamadas em 2016.
Denúncias
Denúncias podem ser feitas pelo número 193. Em Rio Branco, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) é responsável pela parte educacional e de conscientização da população sobre os riscos e danos das queimadas, além de fiscalizar e aplicar multa para os responsáveis.
“Queimar é crime estabelecido pelo artigo 250 do Código Penal. O responsável pode ficar recluso no período de 3 a 6 anos, sendo que a multa varia de R$ 250 a 10 mil reais”, esclareceu o secretário da pasta, Aberson Carvalho.
Na Capital, as denúncias devem ser feitas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia), por meio do telefone 3228-5765. No interior, a população deve ligar para o número 190, do Centro Integrado em Operações de Segurança Pública (Ciosp), responsável pelo direcionamento das chamadas.
Friale prevê aumento de chuva em setembro
Apesar da preocupação das autoridades locais, o pesquisador meteorológico, Davi Friale, pode meio do site O Tempo Aqui, faz previsões para este mês para o Acre.
Segundo ele, setembro marca o fim do inverno e o começo da primavera na maior parte do Brasil, inclusive, no Acre, em Rondônia e no Amazonas. E partir do dia 22, o Sol estará em uma posição e, como consequência do aumento da energia, ocorre mais evaporação das águas e, assim, as nuvens mais carregadas começam a predominar na Amazônia Ocidental. Isso provoca chuvas passageiras, às vezes torrenciais e acompanhadas de raios e fortes ventanias, com quedas pontuais de granizo.
“Em geral, no sul da Amazônia Ocidental, a média de chuvas, em setembro, dobra em relação ao mês anterior, como por exemplo, em Rio Branco e em Porto Velho.
As temperaturas também começam a aumentar e o calor fica mais abafado por causa do aumento da umidade do ar trazida pelos Pulsos Úmidos do Atlântico (PUA)”, esclareceu Friale.
No entanto, podem ocorrer penetrações de ar polar que provocam queda brusca e acentuada da temperatura. Na capital do Acre, a menor temperatura registrada nos últimos 30 anos, em um mês de setembro, foi 10ºC.
“As condições atmosféricas e oceânicas atuais, segundo nossas análises, indicam que o mês de setembro de 2017 terá chuvas acima da média no Acre, em Rondônia e no Amazonas. Temporais, com chuvas fortes, mas pontuais e passageiras, muitas descargas elétricas e fortes e perigosas ventanias, também devem fazer parte do tempo neste mês.
Deverão ocorrer quedas de granizo em vários pontos, pois o calor, em alguns dias, estará intenso”, prevê Friale.