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Tem que ser a prioridade

O crime e a violência seguem em ascensão. Não precisamos de nenhuma estatística, nenhum gráfico ou nenhum estudo para constatar isso. A realidade está escancarada diante de nós. É só abrir um jornal, ligar um noticiário na TV ou pegar seu celular e acessar um site de notícias. Esse é o cenário no Brasil inteiro, de ponta a ponta, do Acre a Alagoas, do Amapá a Rio Grande do Sul, e tudo o que estiver no meio disso. Não importa a região, todos estamos sofrendo.
As drogas e o tráfico geraram um ciclo de violência nunca antes visto nos mais de 500 anos deste país. Chegou a um nível em que não se espanta mais falar de “epidemia da violência”.
Mas o grande problema desta situação não é o crescimento do crime organizado, e sim a nossa reação diante dele. O mundo do crime mudou. Ele encontrou as brechas do nosso sistema atual e se fortaleceu na fraqueza delas. Nós é que ficamos iguais, estancados na mesmice. Nossas ações para combater criminosos e traficantes permanecem iguais as praticadas décadas, talvez séculos atrás. E essas os bandidos mais safos já estão calibrados de tanto contorná-las.
Nosso enfrentamento ao crime se resume hoje a um jogo meramente de controle. O controle para manter uma falsa sensação de que podemos vencer, de que o mundinho ao nosso redor poderá se manter seguro e inabalado diante do vizinho que é assaltado como se isso fosse nos poupar, como se um raio não pudesse cair duas vezes no mesmo lugar. Queremos acreditar que está tudo bem, que está tudo sob controle. Nada está bem. Nada está sob controle.
E como ficamos diante disso? Apáticos. Perdidos. Só vivendo na torcida de que não seremos os próximos, apegados a fé ou a ilusões de que o dinheiro é capaz de nos proteger. Como ovelhas observando lobos à espreita e querendo crer que uma cerquinha baixa vai impedi-los de atacar.
Somos tolos em pensar que um Código Penal da década de 1940 vai nos sustentar em uma guerra contra o crime organizada. Mais ingênuos ainda somos em acreditar que polícia só precisa ser polícia para prender bandidos, ou que a prisão deles, encarcerando-os e jogando a chave fora, será o fim dos nossos problemas. A prisão, na verdade, é o começo da ‘carreira’ criminal. E, ainda assim, insistimos nela como se fosse um tipo de ‘arma secreta’. Tsc!
O Acre sediará dois grandes eventos nesta semana. Eventos nacionais importantíssimos. Essa é, portanto, a oportunidade ideal para trazermos todo este debate à tona, como prioridade a ser discutida nos quatro cantos do Brasil. As estratégias de combate ao crime precisam mudar. O próprio crime se fortaleceu. Precisamos acompanhar esse ritmo. Ser mais fortes do que nossos inimigos. O Acre, por estar na de tríplice fronteira, viu a necessidade de escancarar essa situação da criminalidade e colocá-la como agenda prioritária do nosso país. Demos um passo à frente. Chamamos o Brasil para este debate. Agora, esse Brasil tem que nos atender.

 “As estratégias de combate ao crime precisam mudar. O crime se fortaleceu. Precisamos acompanhar esse ritmo”

A Gazeta do Acre: