Gestores da segurança pública de todo o país debatem os rumos e soluções para a problemática do narcotráfico e violência nos estados. Os secretários relataram ainda as dificuldades de acessar recursos federais e linhas de crédito para o fortalecimento das polícias e das inteligências estaduais.
A reunião do Colégio de Secretários de Segurança Pública do Brasil é realizada dentro do 16º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, em Rio Branco. Ao todo, 15 gestores, dois representantes de todas as regiões do país, participam do debate.
“Precisamos de união entre todos os entes federados para criarmos soluções para um problema que aflige o Brasil inteiro que é o narcotráfico. Defendo que deva haver um protagonismo maior do governo federal, não somente acerca do aporte financeiro mas sobretudo da participação efetiva de todos os órgãos de segurança pública do país”, destacou Emylson Farias, secretário de Segurança Pública do Acre.
O secretário de Rondônia, Lioberto Ubirajara Caetano, ponderou que a fronteira amazônica requer uma atenção diferenciada.
“Secretário de Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia, Lioberto Caetano, destacou a necessidade de vigilância nas fronteiras. “Temos que enfrentar não só o problema depois que ele acontece, mais sim, atuar na sua origem, e as fronteiras brasileiras precisam de mais investimentos em tecnologia e equipes de inteligência para fazer o enfrentamento da criminalidade” destacou Ubirajara.
Autoridades da Polícia Nacional Boliviana (PNB), como o coronel Otávio Guthierrez, comandante no Departamento de Pando, e o diretor do Departamento de Narcóticos da Bolívia, coronel Santiago Delgadllio, também proferiram palestra sobre o modo de operação policial de combate ao narcotráfico e o uso de sistema de inteligência com banco de dados no país vizinho.
Tragédia no Rio de Janeiro
Enquanto as discussões ocorriam, chegou ao secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Sá, a informação que um comandante de batalhão do estado carioca havia sido assassinado em um atentado criminoso. Os secretários fizeram um minuto de silêncio em homenagem.
Roberto Sá reforçou a urgência do tema segurança pública.
“Este encontro acaba tendo uma importância enorme. Quando se ataca um policial, ataca-se o Estado. Ou a gente dá definitivamente uma demonstração para o crime, de que o Estado quer ordem, que o Brasil quer crescer, progredir, mas com ordem e respeito e diminuindo a violência, ou a gente vai ficar enfrentando isso o tempo todo”, ressaltou Sá.
O secretário do Rio de Janeiro destacou ainda que os estados brasileiros, sozinhos, não têm condições de dar a devida resposta para essa crescente onda de criminalidade que assola o país. “Todo mundo diz que saúde, educação e segurança são temas prioritários. Mas as duas primeiras têm uma cota constitucional e os Estados conseguem manter minimamente seu custeio e atividades essenciais. Segurança pública, não.”
Consenso entre os gestores da Segurança
“Eu aplaudo a organização do evento, porque este é um tema que não tem como não discutir só entre um ente federado e a União. É preciso agir nesse formato interagências. E não é só a fronteira amazônica, existem também as fronteiras da Região Centro-Oeste que afetam bastante o restante do país. Ou seja, o Estado Brasileiro precisa tratar essa política de fronteira de forma diferenciada”, disse o secretário de Segurança do Amazonas.
“É muito importante a união dos estados, principalmente nesse tema sobre fronteiras. E nós do Rio Grande do Sul, temos ainda um interesse especial sobre isso, pois temos uma fronteira muito grande, mas com mais facilidade de acessibilidade e isso tem um reflexo muito grande na entrada de armas, como fuzis”, disse o coronel César Augusto Pereira, representante do Rio Grande do Sul.
Encontro de Governadores do Brasil
O debate entre os secretários foi uma das etapas que antecedem o evento desta sexta-feira, 27. O Encontro de Governadores do Brasil pela Segurança e Controle das Fronteiras, cujo tema é “Narcotráfico, uma Emergência Nacional”, foi idealizado pelo governador do Acre, Tião Viana, ao longo dos últimos meses.
Em pauta, uma busca pelo fortalecimento das ações de inteligência e fiscalização nas fronteiras brasileiras e, principalmente, a criação de um Sistema Nacional de Segurança Pública.
O evento terá início às 9 horas, em Rio Branco, horário do Acre. (Andrey Santana e Sandro de Brito / Agência Acre)