O prefeito de Rio Branco e ex-diretor do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre), Marcus Alexandre (PT-AC), a primeira-dama da Capital, Gicélia Viana, Ocírodo Júnior, Fernando Moutinho, Edson Alexandre e Joselito Nóbrega estavam entre as 14 pessoas que foram conduzidas coercitivamente à sede da Polícia Federal na manhã de ontem, 30. A ação policial é decorrente da Operação Buracos.
O governador Tião Viana (PT), em nota, comentou sobre os desdobramentos da Operação. Na ocasião, ele lembrou que ‘todos os projetos e ações foram fiscalizados e aprovados pelo Dnit, órgão federal supervisor e conveniado da construção da BR-364, e pelas devidas instâncias de controle de contas’.
“À nossa comunidade e a todas as famílias acreanas, quero expressar minha integral solidariedade a Marcus Alexandre, Gicélia, Ocírodo Júnior, Fernando Moutinho, Edson Alexandre e Joselito Nóbrega. Conheço-os há muitos anos e deles tão somente confirmo vidas honradas, simples e de muita dignidade, tanto pessoal quanto na função pública”.
Tião destacou ainda a importância da apuração policial, porém, lamentou que pessoas dispostas a colaborar com a investigação tivessem passado pelo constrangimento de serem levadas coercitivamente a depor. “É, sim, doloroso que pessoas honestas, trabalhadoras e dispostas à colaboração com as autoridades passem por constrangimentos desnecessários. Mas, assim está o Brasil”.
O presidente do Partido dos Trabalhadores no Acre, deputado Daniel Zen, frisou que a condução coercitiva foi uma violência contra o prefeito, tendo em vista que o mesmo nunca se negou a contribuir com a investigação.
“Conduzir quem nunca se negou a comparecer quando intimado para esclarecer algo é uma violência e não cabe em nosso ordenamento jurídico, especialmente quando tais “conduções” são baseadas em supostas ilegalidades cometidas em ações e projetos que já foram exaustivamente fiscalizados e aprovados pelos órgãos de controle responsáveis.”
Zen, ao se solidarizar, destacou ainda a honestidade com a qual Marcus Alexandre vem conduzindo a Capital. “Deixo minha solidariedade ao companheiro e amigo, prefeito Marcus Alexandre (…) Para além da confiança, temos a absoluta certeza do caminho íntegro e correto percorrido. Em respeito à verdade, a justiça reconhecerá o esforço profissional e pessoal de cada profissional para a integração acreana”.
O militante petista Cesário Braga, em postagem no Facebook, chegou a declarar que a Polícia Federal estaria fazendo politicagem em desfavor ao prefeito de Rio Branco. “A política suja já começou. Dois dias após a FPA anunciar que Marcus Alexandre é o Pré Candidato ao governo, uma operação da PF, que corretamente está fazendo investigações, estranhamente, com intuído político, produz um espetáculo dantesco querendo conduzir o prefeito a prestar depoimentos”, escreveu Braga.
Operação Buracos
A ação policial é decorrente da Operação Buracos, que investiga o desvio de R$ 700 milhões em recursos públicos e o envolvimento de servidores do Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Rondônia, além de empresários.
A ação ocorreu em conjunto com o Ministério Público Federal, Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União e Receita Federal. Foram executados 26 mandados de busca e apreensão e 23 mandados de condução coercitiva nas cidades de Rio Branco/AC, Porto Velho/RO, Pimenta Bueno/RO, Ji-Paraná/RO, Cuiabá/MT e Araraquara/SP.
Na capital acreana foram executados 14 mandados de condução coercitiva e 13 mandados de busca e apreensão.
Em coletiva, o delegado da PF Jacob Melo pontuou que a condução coercitiva ocorre a fim de evitar “combinações de histórias”. Ele disse ainda que até o momento foram apreendidos R$ 15 mil e um revólver calibre 38 na casa de um dos conduzidos. Frisou ainda que foi identificada uma transferência de R$ 10 milhões entre duas pessoas.
“Temos uma quantidade muito grande de documentos para analisar e vamos fazê-lo em conjunto com os depoimentos que foram colhidos. Também podemos fazer outros depoimentos no futuro com outras pessoas. Em todos os mandados foram apreendidos dinheiro em espécie, em valores altos, armas e colete balístico”, disse.
Melo descartou que a ação policial tenha cunho político. “O que nós temos interesse é investigar os fatos reais. Não olhamos a pessoa a quem estamos investigando, podemos investigar do mendigo ao presidente da República. O que queremos é só pegar os atos ilícitos que cada pessoa fez para tentar defender a sociedade”, explicou.
A secretária-adjunta da Receita Federal do Acre, Maria Helene, explicou que as investigações mostraram que havia grande movimentação financeira entre alguns dos investigados.
“Nosso trabalho até aqui consistiu em analisar movimentações financeiras e variação patrimonial, especialmente de pessoas físicas, que fortaleceram alguns indícios contra os investigados. Verificamos tanto a movimentação financeira como a variação patrimonial. A variação patrimonial temos indícios que estejam adquirindo patrimônios e colocando no nome de parentes”, confirmou.
Até o fechamento desta edição, o prefeito Marcus Alexandre não havia se pronunciado a respeito do assunto.