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“É uma profissão desafiadora em todos os sentidos”, diz educadora

O Dia do Professor é celebrado no Brasil neste domingo, 15 de outubro. A profissão vai além do ato de ensinar e exige vocação e amor. Afinal, a qualidade do ensino acompanha o processo de evolução dos alunos.

Os professores são essenciais para garantir o direto à aprendizagem para todos. Mas, cabe aos pedagogos a responsabilidade de educar durante os primeiros anos de vida. E por falar nisso, segundo o Censo da Educação Superior 2016, Pedagogia é o terceiro curso superior mais buscado no país – o primeiro entre as licenciaturas. Ano passado o curso tinha 679.286 alunos matriculados no país, ficando atrás somente de Direito e Administração.

A professora Júlia Bezerra, de 26 anos, descreve as alegrias e desafios de quem se comprometem a ensinar. Pedagoga há quase seis anos, ela leciona para a turma do 2º ano do ensino fundamental, no Colégio Padrão.

Apaixonada por crianças, ela recorda que ser professora era uma vontade que a acompanhava desde a adolescência. O amor pela profissão é o seu combustível diário.

“Costumo dizer que se você não ama ser professor, nem tente. Tem gente que diz que é muito fácil, que é só sentar na cadeira e dar um conteúdo, e não é bem assim. Somos um pouco de pai, mãe, tia, um pouco de psicólogo. Muitas vezes o aluno está com problema em casa e reflete na sala de aula”.

A professora sabe da responsabilidade de educar uma criança em formação e, por isso, dá o melhor de si todos os dias. “Na pedagogia aprendemos que até sete anos a criança está em formação de caráter. Estou na chave da cidadania deles. Tenho que ensiná-los a respeitar o próximo, a amar, ter cuidado, saber se defender e não aceitar tudo, entender a diferença entre uma vida de adolescente e uma de criança. É um pouco difícil, mas o amor pela profissão torna mais fácil”.

Contudo, apesar da responsabilidade de educar, a profissão docente segue sendo desvalorizada cada vez mais, sobretudo pela remuneração insuficiente se comparado a outras carreiras com nível de estudo equivalente que são muito mais valorizadas.

“A resposta é unanime para todos os professores: não somos valorizados. Nem profissionalmente e nem financeiramente, recebemos pouco. Se você é concursado recebe um salário fixo, se trabalha em uma instituição particular até tem algumas regalias, mas ainda assim não existe reconhecimento. É uma profissão desafiadora em todos os sentidos”, diz a educadora, enfatizando que nenhuma outra profissão carrega a missão de formar cidadãos.

Mesmo com as dificuldades, Bezerra fala da recompensa em poder ensinar coisas novas todos os dias. “Quando aplicamos um conteúdo tentamos buscar o que o aluno já tem de carga sobre determinado assunto. Se eu tenho um aluno que gosta de história vou transformar o assunto numa contação de história. Se eu tenho um aluno que gosta de jogos de desafio vou transformar um assunto em um jogo com desafios. Sempre observamos qual a forma que cada criança consegue se encantar pelo assunto para que ela possa absolver aquele conteúdo. Fico toda boba quando vejo que o aluno assimilou o conteúdo. Fico muito feliz e encantada pro dois motivos, primeiro em saber que meu trabalho surgiu efeito, e segundo de saber que o aluno aprendeu”.

Professores no Brasil

De acordo com o Censo Escolar, o Brasil tem 2 milhões de professores na Educação Básica, a maioria atuando na rede pública de ensino (76,8%) e em maior concentração na área urbana (84,5%). O Ensino Fundamental 2 (6º ao 9º ano) é a etapa com maior número de professores (quase 800 mil). De cada 10 docentes, 8 são mulheres. Apenas metade deles tem formação adequada exigida pelo Plano Nacional de Educação (PNE). A idade média desses profissionais é de 40 anos, sendo que cerca de 400 mil possuem mais de 50 anos.

A Munic/IBGE mostra que aproximadamente 30% dos professores têm contratos temporários e, 89,6% dos municípios brasileiros afirmam ter plano de carreira para o magistério. (Fonte: Ministério da Educação/MEC)

Júlia Bezerra, de 26 anos
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