BRUNA MELLO
A atividade médica já era realizada antes de Cristo, segundo o livro História da Medicina, de Albert S. Lyons, mas foi a partir de Hipócrates, considerado o pai da medicina, que a profissão, de fato, se desenvolveu. A partir daí a medicina tem evoluído e ganhado cada vez mais profissionais. Segundo o último levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil possui 443.550 médicos em atividade.
No Acre, o curso de Medicina da Universidade Federal (Ufac) tem mudado a história da medicina do estado. Quase 400 profissionais médicos já foram formados pelo curso, que completa 15 anos em outubro deste ano. E, para marcar a data, a coordenação realiza, nos dias 27 e 28, uma programação que inclui sarau e outras atividades.
Ao longo dos anos, os inúmeros avanços valorizaram ainda mais o curso, melhorando a qualidade de atendimento para os pacientes e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a formação profissional dos futuros médicos.
O coordenador do curso, o médico Rodrigo Pinheiro Silveira, enfatiza os principais avanços. “Há dois anos e meio inauguramos o bloco específico da Medicina, o bloco Francisco Mangabeira. Esse foi um grande avanço ter um bloco próprio, com salas bem estruturadas e equipamentos suficientes para dar as aulas. Outro avanço foi a mudança curricular. Depois que formamos a primeira turma começamos um processo de análise e revisão do currículo que tínhamos, e esse processo foi concluído ano passado, Agora, temos um currículo bem estruturado para as diretrizes curriculares nacionais atuais”.
O curso de Medicina conta com 70 professores sendo 53 docentes exclusivos. Do total, 45 são médicos que atuam também na rede pública e privada de Saúde. “Temos como ponto positivo os professores, que praticamente todos estão em processo de desenvolvimento docente, ou já tem doutorado ou mestrado”.
Apesar das conquistas, o coordenador diz que ainda é preciso melhorar a estrutura dos laboratórios, além de expandir as áreas de aula prática, ou seja, hospitais e unidades de Saúde. “Com o aumento de vagas, a quantidade de alunos dobrou. Temos uma grande quantidade de alunos nas unidades, então precisamos ampliar os campos de práticas, as unidades que nós atuamos. Ainda mais agora com dois cursos de Medicina no estado”.
Silveira conta que o projeto do Hospital Universitário está em fase de consulta pública, e deve seguir para abertura do processo licitatório. Serão 300 leitos hospitalares, UTI, atendimento de urgência e emergência, hemodiálise, entre outros.
“Seria um hospital terciário que faria composição com o SUS, e que solucionaria a história dos campos de prática. Na verdade, a população acreana já precisa de mais leitos e mais estrutura hospitalar. Hoje, a Fundação Hospitalar e o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco não dão conta do que a população precisa. Então ajudaria na formação dos alunos e também a população”.
Colhendo bons frutos
Ainda ocorre de vários profissionais médicos recém-formados pela Ufac saírem do estado para fazer uma carreira em outro local ou se especializar. Porém, a qualidade de ensino oferecida no Acre não deixa a desejar se comparado as grandes universidades do país, segundo o coordenador.
“Os resultados dos processos avaliativos tem mostrado que estamos bem dentro dos cursos do Brasil. Tivemos a nota 3 no Enade. Para se ter uma ideia, no Rio de Janeiro, onde tem mais de 15 cursos de medicina, apenas dois tiveram nota 4. No Anasem, que é uma avaliação seriada dos estudantes de medicina, obtivemos uma nota acima da média do Brasil. Embora tenhamos dificuldades com os laboratórios, nós temos uma boa formação porque temos bons professores, boa estrutura de salas de aulas. O nosso internato, que é a prática, também é muito bom. O curso de Medicina da Ufac está dando bons frutos.”