DA REDAÇÃO
Às 00h55min da madrugada (horário de Brasília) do dia 29 de novembro de 2016, o sonho de um título internacional se transformou no pesadelo de uma tragédia sem precedentes. O avião CP-2933 da empresa venezuelana LaMia, que transportava a delegação da Chapecoense com destino a Medellín, onde o clube catarinense enfrentaria o Atlético Nacional no primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, caiu, deixando 71 mortos.
Entre as vítimas estava o médico acreano Marcio Bestene Koury, de 44 anos. Koury integrava a equipe médica da Chapecoense desde 2013. Ele também era formado em engenharia.
Para relembrar a data e homenagear o ente querido, a família do médico realiza uma missa nesta na terça-feira, 28, às 19h na Catedral de Nossa Senhora de Nazaré. Em conversa com a equipe do jornal A Gazeta, Nabiha Bestene, mãe de Márcio, contou como tem sido sua vida desde a perda de seu filho.
“É uma dor inexplicável. Ele não era apenas meu filho, era meu porto seguro. É um vazio que não se preenche nunca e sem dúvidas a saudade é enorme. Embora morássemos em estados diferentes, éramos muito próximos e nos falávamos constantemente. Ele vivia me pedindo para me aposentar e ir para lá curtir minhas netinhas. Ele era uma pessoa maravilhosa”, disse.
Ao contar um pouco sobre a história de Koury, Nabiha lembrou que ele tinha o sonho de trabalhar pela Seleção Brasileira. “Ele viva comentando sobre o sonho de integrar a equipe da seleção. Era um apaixonado pelo futebol, esporte. Ajudava muitas crianças, fazia trabalho voluntário em clubes pequenos. Inclusive fez um projeto para melhorar a saúde de pessoas da terceira idade com exercícios”.
Nabiha conta que este ano já esteve visitando o local onde o filho foi enterrado. “A pedido da esposa de Márcio o enterramos em Chapecó. Já estive este ano lá visitando meu filho. Tem dias que não acredito que isso tenha acontecido. Só Deus para nos dar força nesses momentos de dor. Ele tem sido minha fortaleza nesses últimos dias”.
O ex-deputado José Bestene, tio de Márcio Koury, também conversou com a equipe do jornal A Gazeta. Ele lamentou a tragédia e pontuou que toda a família sente saudade do médico. “Foi uma tragédia que pegou toda a família de surpresa. A dor foi profunda nesse último ano. Ele era um cara feliz e estava em uma das melhores fases de sua vida. Um profissional dedicado. Ele adorava o que fazia”, relembrou.
MP da Bolívia tem prazo para concluir investigações
Duas associações de familiares das vítimas foram criadas para ajudar nos processos jurídicos e na questão das indenizações — um processo longo que envolve três países, com legislação diferente.
A Chapecoense afirmou que pagou indenizações, rescisões, premiações e seguros às famílias dos dezenove jogadores mortos. E que pagou também R$ 58 mil para cada uma das famílias de todos brasileiros mortos e aos sobreviventes. O Ministério Público da Bolívia tem até o meio do ano que vem para concluir as investigações.
Três pessoas cumprem prisão domiciliar: o ex-diretor da Lamia, Gustavo Vargas Gamboa; O filho dele, Gustavo Vargas Villega, que era o chefe de registro de licenças da direção-geral de aeronáutica civil da Bolívia. E Joons Miguel Teodovich – ex-supervisor de tráfego aéreo, que estava de plantão no dia do acidente. Documentos demonstraram que o avião caiu por pane seca – ou seja, faltou combustível.