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Investigação empresarial garante 70% do serviço de detetive particular no Acre

 

Traição corresponde a apenas 30% das investigações, afirma detetive

A imagem do detetive particular que fica escondido em busca de um flagra pertence ao passado. As lupas foram substituídas por equipamentos eletrônicos, como celular e drones, que captam conversas, fotos e vídeos. Além disso, existem diferentes estilos de câmeras e gravadores escondidos em relógios, canetas e até calendários.

A detetive acreana Sarah atua há 11 anos no ramo. Ela já trabalhou em todos os estados brasileiros e, atualmente, possui escritórios de investigação particular no Acre (com 14 investigadores), Bolívia (4 investigadores), Rondônia (4 investigadores) e Bahia (6 investigadores). Mais de 1.900 casos já passaram por suas mãos. Destes, aproximadamente 700 foram em terras acreanas.

Em entrevista exclusiva ao Jornal A GAZETA, Sarah conta sobre a realidade da profissão, principais tipos de investigação, curso de formação e casos que marcaram sua carreia de investigadora.

No Acre, diferente do restante do país, onde as traições amorosas dominam as investigações, a espionagem empresarial corresponde a 70% do serviço do detetive particular, segundo Sarah.

Na maioria dos casos, o empregador desconfia de um sócio ou de algum funcionário que pode estar envolvido, por exemplo, em desvio de recursos, roubos de equipamentos, entre outros. Existem ainda os casos de fraude ao INSS. Aqui, o detetive investiga se aquele trabalhador, que está afastado das suas funções, realmente não possui condições de trabalhar.

“Os trabalhos jurídicos são bem procurados devido à nossa fronteira com a Bolívia. Acontecem muitos assaltos, tráfico de armas, tráfico de drogas. Eu diria que aqui os casos extraconjugais correspondem a 30% do serviço. Tudo depende da região. Por exemplo, em Rondônia os casos extraconjugais são mais procurados, além de trabalhos em fazendas.”

Riscos da profissão

Assim como os personagens dos clássicos norte-americanos, os detetives reais também vivem perigos durante as espionagens. Muitos chegam a ser revistados pela polícia, confundidos com criminosos fazendo campana para roubar ou sequestrar. Esses profissionais também estão vulneráveis a acidentes de trânsito, perseguição e ameaças, diz Sarah.

“Quando a polícia chega, nós mostramos a carteira de detetive, chamamos o comandante da operação e, discretamente, explicamos que estamos fazendo um trabalho. Agora, eu ligo antes, informo a placa do veículo e aviso do trabalho que está sendo realizado. A polícia pode até passar, mas não para.”

Com mais de uma década, a detetive carrega inúmeras histórias, boas e ruins, que marcaram sua carreira. Casos que envolvem aventura e diversão ao mesmo tempo, por exemplo, na praia, são os seus preferidos, conta Sarah.

A adrenalina parece correr nas veias da espiã, que mesmo não possuindo a palavra medo em seu dicionário, já viu a morte passar diversas vezes diante dos seus olhos. As marcas pelo corpo falam por si só. E, apesar de muitas histórias, ela recorda uma em que foi contratada pela amante para investigar a esposa de um homem.

“Depois de 47 dias é que eu fiquei sabendo que a esposa era a investigada. Quem me contratou foi a amante e não a esposa. Aí acabou que a esposa desconfiou e veio com tudo, mas eu neguei e pronto. Mas, a amante veio armada pra me matar juntamente com o cara. Eu saí de moto e ele saiu atrás, jogou a moto em cima de mim e eu caí na calçada. Foi quando ele veio pra cima de mim com a pistola. Eu me ajoelhei e pensei: Deus, eu estou em tuas mãos e confio em ti. Ele ficou ainda uns 12 minutos falando e com a arma apontada pra mim”, relata.

Formação profissional

Regulamentada este ano, a profissão de detetive particular ainda é pouco conhecida, sobretudo no Acre. Por isso, além de investigação particular, Sarah promove curso de formação de detetive. Ela é habilitada pelo Conselho de Detetives do Brasil para atuar na profissão e formar novos investigadores.

O curso é de aproximadamente dois meses e exige o básico em conhecimento jurídico. A idade mínima, exigida por Sarah, é de 21 anos. Porém, é preciso muito mais do que os poucos pré-requisitos para, de fato, ser um detetive. É necessário ser apaixonado pela profissão.

“Eu acho que para ser detetive tem que ter amor e paixão. Tem que ter muita coragem, tem que vir de dentro. Não adianta você fazer algo que não gosta. Para ser detetive tem que ter um equilíbrio muito forte, porque você vai lidar com pessoas, em determinados casos, extremamente abaladas.”

Interessados em contratar um detetive particular ou fazer o curso podem entrar em contato através do telefone (68) 99948-2504.

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A Gazeta do Acre: