Mais de 230 crianças de 4 a 15 anos participam dos encontros semanais
Tudo começou com uma doação de brinquedos no bairro Caladinho, em 2015. O casal Derineudo Santos e Fábia Cristina decidiu realizar a ação no Dia das Crianças, mas ao chegar no local escolhido veio a surpresa.
“Eram apenas sete brinquedos e quando chegamos lá tinham mais de 30 crianças. Depois daquele momento eu resolvi que iríamos unir pessoas para ajudar aquelas crianças”, conta o policial militar Derineudo.
Aos poucos o movimento foi crescendo e ganhando voluntários, que ajudavam desde a entrega de cestas básicas e roupas até a realização de festinhas em datas comemorativas como, por exemplo, no Natal. Quando Derineudo se deu conta sua iniciativa tinha quase 500 pessoas envolvidas.
“Foi quando decidimos montar a primeira escolinha de música. Recebemos a doação de flautas e, depois disso, apareceram outros voluntários”.
Ao perceber a grande proporção da ação solidária, o policial e a esposa decidiram criar o projeto social ‘Amigos Solidários’. Hoje, mais de 230 crianças carentes participam de aulas de música, capoeira, ginástica rítmica, dança e futsal. Até o momento o projeto atende apenas a 5ª Regional que abrange bairros como Alto Alegre, Tancredo Neves, São Francisco, etc.
Aproximadamente 700 voluntários colaboram com a iniciativa, porém, os principais envolvidos são os familiares do casal. “A base do projeto é minha família desde o início, pois é isso que ensinamos as crianças: que a base delas seja Deus, família e escola”.
Emocionado, Derineudo recorda os momentos vividos ao longo desses três anos. “É a sensação de que Deus age onde a gente nem imagina. Nós não tínhamos expectativa de fazer projeto nenhum, era simplesmente uma ação que chamamos amigos para ajudar e foi crescendo”.
O ‘Amigos Solidários’ tem sido destaque, inclusive, nacionalmente. Na última segunda-feira, 6, o policial participou do programa “Encontro”, apresentado pela jornalista Fátima Bernardes, na rede Globo. Ele foi convidado pela produção do programa a participar de um bate-papo sobre violência e a importância dos projetos sociais.
“Eu sempre via grande projetos em programas nacionais e imaginava se um dia chegaríamos a esse nível. Na minha visão, como coordenador do projeto, achei que pudesse chegar a ter essa repercussão daqui a cinco anos, se trabalhássemos forte. Não imagina que seria agora. Quando recebi a ligação até perguntei se era um trote, achei que era brincadeira”, relatou.
Uma grande família
Derineudo é coordenador do projeto, mas faz questão de acompanhar de perto todas as atividades durante a semana. Assim, fica difícil não se apegar aos pequenos, que já são considerados da família.
“São que nem filhos pra mim. Dificilmente eu faço chamada porque eu conheço todos, quando um não aparece eu sinto falta. A gente cuida com carinho, assim como eu cuido do meu filho. São crianças que podem continuar vivendo ou perder a vida se não tiver alguém para mostrar o caminho. Como eu sempre falo: elas só querem ser felizes”.
E como um bom “pai”, o policial se alegra com as conquistas de suas crianças. Ele lembra que há pouco tempo um aluno de ginástica rítmica foi descoberto por uma escola de dança de Rio Branco. A criança de 9 anos ganhou bolsa de estudo e em breve vai participar do seu primeiro espetáculo de dança. “Fiquei muito feliz!”, acrescentou.
Inspiração para os voluntários
Dono de um coração que não cabe no peito, Derineudo é admirado por todos os envolvidos no projeto. É o que conta estudante Rosângela Cristine Souza, 36 anos, voluntária há cerca de um ano.
Souza conheceu o projeto através de amigos que fazem parte do movimento. Hoje, seus dois filhos de 10 e 16 anos também participam das aulas. “Acho lindo o que ele faz! Ele tem apenas um filho de sangue e ele trata todas as crianças como filho. Já presenciei ele passar o dia inteiro correndo atrás de coisas, muitas vezes chegas na escolinha às 16h e nem tem almoçado”.
Se o policial é admirado pelos colegas, para as crianças ele é uma verdadeira inspiração. O estudante Denilson Magalhães, de 13 anos, aprendeu a tocar flauta no ‘Amigos Solidários’. Ele e mais quatro primos participam das aulas de música três vezes na semana.
“Gosto muito de vir para as aulas, aqui todo mundo é meu amigo. Quando não posso vir eu fico triste, hoje [quarta-feira, 8] eu quase não vinha, mas consegui chegar a tempo”, comentou.