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SOS Amazônia lidera projeto de preservação de quelônios ao longo do Rio Juruá desde 2003


Desde 2003, mais de 30 mil quelônios passaram a povoar a região do Vale do Juruá, graças a um projeto desenvolvido pela ONG SOS Amazônia. Trata-se do projeto Quelônios no Juruá que tem o objetivo de promover a conservação das tartarugas, tracajás e iaçás na região.

O trabalho é feito em parceria com as famílias ribeirinhas que monitoram, voluntariamente, praias de desovas de quelônios ao longo do Rio Juruá.  Os ninhos de tartarugas, tracajás e iaçás são protegidos em mais de 50 praias. O projeto tem abrangência no Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD) e Reserva Extrativista do Alto Juruá.

A preocupação com os animais aumentou ao constatar que a Tartaruga da Amazônia é a mais ameaçada de extinção dentre os quelônios. Por isso a importância de fortalecer as iniciativas de conservação.

O projeto vem fazendo muita diferença, relatos de ribeirinhos confirmam boa presença de quelônios na região se comparado a outros anos.

“O meu trabalho com os quelônios é cuidar bem deles. Trabalho nisso para ver se a gente repõe pelo menos a metade do que tinha antigamente. Antes de começarmos o projeto da SOS Amazônia, a gente via apenas alguns tracajás. Agora, a gente vai subindo o rio nessa redondeza e vê os bichinhos em cima dos paus, no verão, pegando sol. Eu fico muito feliz em ver os quelônios. É uma coisa que fazemos não só pra gente, mas para a natureza também, para que os nossos filhos um dia possam conhecer um tracajá, o que é uma tartaruga ou outro animal”, comentou Francisco Afonso Nunes da Silva, que mora as margens do Rio Juruá em Marechal Thaumaturgo.

“Todo ano aumenta a população de quelônios. Aqui na nossa comunidade Porongaba quase não existe mais predação dos ninhos, com o projeto passamos a conversar com os vizinhos e eles começaram a respeitar nosso trabalho”, falou o monitor de quelônios desde 2003, Edelson Carlos, que atua no rio Juruá em Cruzeiro do Sul.

O projeto funciona da seguinte maneira. Voluntariamente, famílias ribeirinhas monitoram praias de desovas de quelônios ao longo do rio Juruá. A equipe da SOS Amazônia sinaliza praias e faz visitas aos monitores para fazer orientações técnicas e entregar materiais de apoio, como lanterna, bacias e telas. Além da realização de intercâmbios e oficinas de manejo e conservação desses animais.

Para realização desse projeto, este ano, a SOS Amazônia contou com o apoio de entidades locais como o Corpo de Bombeiro e prefeituras municipais (logística de campo), ICMBio e Incra (apoio institucional), de doações espontâneas e doações da Verachi Joias. Mas, vale ressaltar que a maior parte do recurso aplicado na ação vem de outros projetos da SOS Amazônia.

Atualmente, o projeto atinge os municípios de Porto Walter, Rodrigues Alves, Cruzeiro do Sul e Marechal Thaumaturgo. A ONG entende é que as ações precisam ser fortalecidas. E infelizmente não há ainda recursos financeiros suficientes para ampliar a área de atuação do projeto. Então, o caminho por enquanto é a conscientizaçãodas pessoas sobre a importância de proteger esses animais é para a conquista de apoio.

“Proteger os quelônios do Juruá é um desafio para a SOS Amazônia, pois o Juruá é um rio de passagem, há muita pressão sobre a fauna praticada pelas pessoas  que trafegam nele. Para consolidar, temos muito o que fazer ainda”, avaliou a secretária técnica da SOS Amazônia, Cida Lopes.

Por que é importante fortalecer essa ação?

Principalmente porque a ação predatória do homem é o mais grave problema, por exemplo, os técnicos ambientais da SOS Amazônia, em visita ao Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD) e à RESEX Alto Juruá, sempre registram denúncias e pedidos de providências contra a pesca predatória de quelônios (com uso de anzóis) nos locais de monitoramento e destruição dos ninhos nas praias.

Além de denunciar as invasões aos órgãos responsáveis pela fiscalização das Unidades Conservadoras, fortalecer as atividades de conscientização e de monitoramento é muito importante para reduzir ações predatórias.

Estima-se que, até o final do mês, cerca de mais 1.500 quelônios sejam soltos

No período de 3 a 5 de novembro, mais de mil quelônios, entre tracajás, tartarugas e iaçás, foram devolvidos ao seu ambiente. E ainda no mês de novembro existe uma programação para fazer solturas no Rio Juruá Mirim, comunidades rurais Prainha, Cachoeira do Açaí, Aldeota, no Rio Cruzeiro do Vale e Ouro Preto, essas atividades vão ser casadas com o projeto Ater/Agroecologia Mirim as comunidades são entrono do Parque e Ouro Preto é Parque.

Em 2017 foram realizadas em torno de 124 visitas técnicas sobre manejo e conservação dos quelônios, com a participação de pelo menos 44 famílias. Foram sinalizadas em torno de 58 praias na Resex e no PNSD. Estima-se que serão soltos ainda até o final de novembro cerca de 1500 quelônios.

Para 2018 o desafio do projeto é conquista mais apoio e dobrar o número de quelônios soltos na natureza.

Por que devemos cuidar dos quelônios?

Como animais migratórios, atuam na dispersão de sementes. São muito importantes para o meio ambiente, pois exercem vários papéis na cadeia alimentar, sendo fundamentais para o equilíbrio ambiental; São predadores: Consomem plantas (folhas, frutos e sementes), insetos, peixes de pequeno porte e matéria morta; São presas: Servem de alimento para jacarés, peixes de grande porte, mamíferos, aves e outros; Ao ingerirem grandes quantidades de matéria morta, atuam na “limpeza” de rios e lagos; Transformam a proteína animal em matéria orgânica, viva e morta, oriundas tanto da floresta como do ambiente aquático.

Um dia para ajudar #DiaDeDoar

O próximo dia 28 de novembro é #DiaDeDoar, um movimento para promover a solidariedade das pessoas.A SOS Amazônia participa, desde 2015, dessa campanha criada com o objetivo de promover a cultura de doação no Brasil. Junte-se a nós, doe qualquer valor para SOS Amazônia e torne pública a sua doação, a partir do uso da hashtag #diadedoar nas redes sociais. #vem #façaflorescer um mundo melhor!

Mais sobre a SOS Amazônia

Na década de 1980 houve um grande incentivo ao desmatamento na Amazônia e grandes áreas de florestas foram substituídas por pastagens. Naquela época, o movimento dos seringueiros unia forças para empatar a devastação da Amazônia. O cenário exigia muito apoio e dedicação à luta dos seringueiros para proteger a floresta. Movidos pela resistência dos guardiões da floresta, dia 30 de setembro de 1988, na cidade de Rio Branco, no Acre, professores, estudantes universitários e representantes do movimento social, incluindo o ativista e seringueiro Chico Mendes, criaram a SOS Amazônia, que passou a promover essa causa, tendo como objetivo principal proteger a Floresta Amazônica, apoiando as populações tradicionais.

A instituição atua no estado do Acre e Amazonas, além de áreas fronteiriças, com a participação de, aproximadamente, 5 mil famílias, por meio de sete projetos e duas campanhas. Essa área de atuação abrange, principalmente, Unidades de Conservação, a exemplo do Parque Nacional da Serra do Divisor e da Reserva Extrativista Alto Juruá, atribuindo à SOS Amazônia um extenso e importante histórico de iniciativas para manutenção das florestas e melhores condições de vida aos povos que nelas habitam.

Entre os projetos está o Valores da Amazônia, que busca estruturar, fortalecer e integrar as cadeias de produtos florestais não madeireiros (borracha nativa, óleos vegetais e cacau silvestre). Trata-se de uma iniciativa que promove a geração de renda e mantém a floresta em pé com o apoio: Fundo Amazônia.

#MelhoresOngs

Em 2017 foi reconhecida como uma das 100 “Melhores ONGs do Brasil”. O prêmio é uma iniciativa do Instituto Doar, em parceria com a Revista Época, que busca reconhecer boas práticas de gestão e transparência no terceiro setor, além de incentivar a cultura de doação no Brasil.

 

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