Caro irmão, cara irmã, leitores do Jornal A GAZETA, PAZ E BEM! O Ano Litúrgico da Igreja Católica nos fez adentrar no ano de 2018, no primeiro domingo do Advento, neste ano 03/12/17, e que se encerrará em 25/11/18. Assim, na linguagem da Liturgia católica, já estamos vivenciando 2018, onde estamos nos preparando para a Celebração na NATIVIDADE DO SENHOR e seu Mistério de Salvação, que iluminará o transcorrer do Ano Civil, que tem início em 1º de janeiro. O Tempo Litúrgico do Natal, evoca dois movimentos memoriais para os crentes católicos: 1 – faz a memória de um acontecimento histórico, Ele se encarnou, entrou em nossa história, se fez um de nós na manjedoura de Belém. 2 – Somos remetidos ao futuro, à escatologia (diz respeito aos acontecimentos que afetarão cada indivíduo no fim de sua jornada terrestre), “cremos que Ele virá julgar os vivos e os mortos”, aguardamos uma segunda vida do Senhor, na militância e na Esperança. Vinde Senhor Jesus!
Nosso Pai São Francisco, homem evangélico, temia perder a capacidade de enxergar o Senhor que caminha na história, pois para ele, a Palavra de Deus não é uma doutrina, um livro, uma instituição; é um Acontecimento Salvífico, de um Deus que caminha com seu Povo nas estradas da vida. Um Deus parceiro na caminhada histórica! Um pastor que vai a frente do seu povo, rumo a finitude do tempo pessoal e coletivo: o fim dos tempos: “o essencial, não se vê com os olhos”. Daí a necessidade da reflexão, da meditação, da preparação para entrar no cenário do novo ano imbuído de um espirito de conversão pessoal, que chamamos metanóia (significa arrependimento, conversão – tanto espiritual, bem como intelectual; mudança de direção e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos; caráter trabalhado e evoluído). Não é uma cirurgia plástica superficial! Nem uma reforma exterior. Mas uma conversão do mais profundo, do ser, para “reedificar Cristo na alma”.
Estamos viciados em fazer promessas de fim de ano, que não estamos profundamente dispostos a cumprir. O espirito de conversão é algo que exige: esforço luta diária, vigilância dos sentidos, rupturas, oração de força, homens e mulheres convictos e sedentos de plenitude: “Ele nos arrancou do poder das trevas e nos introduziu no Reino de seu Filho muito amado” (Cl 1,13). São Francisco está plenamente convencido de que a conversão e salvação vêm de Deus. Por isso, deixa escrito na Carta a todos os fieis de 1221: “Nenhum de nós tenha a menor dúvida de que ninguém pode ser salvo senão pelas santas palavras e pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo”. Segundo ele, o processo de conversão tem início pela meditação das verdades – os novíssimos: morte, juízo, inferno e Glória; e o Amor infinito de Deus; como meios ordinários e mais efetivos para alcançar a conversão do coração.
Mais importante que os novíssimos, é o tema do Amor infinito de Deus, para iniciar o processo de conversão. Amor Divino que se concretiza na meditação da cruz e, sobretudo na meditação da história da salvação. Esta história da salvação, em seus três momentos principais: criação, encarnação e redenção. Com isto, São Francisco quis dar-nos a entender que a conversão não é fruto exclusivo da boa vontade da pessoa, mas, sobretudo, de Deus. “Não é do que quer e nem do que corre, senão de Deus que tem misericórdia” (Rm 9,16). A conversão não é outra coisa que a aceitação agradecida do homem ao chamado de salvação. O primeiro passo para a conversão é a tomada de consciência de que algo anda mal em nós e tem que mudar. O que anda mal em nós e nos causa tantos transtornos e angústias é a concupiscência que se caracteriza nos três inimigos da alma temente: o demônio (desejo desordenado do saber), o espirito do mundo (desejo desordenado de possuir), o desejo desordenado da carne (desejo desordenado de prazer). Para isso, São Francisco dá o remédio: 1 – Observar os mandamentos de Deus. 2 – A confissão dos pecados e a comunhão do corpo e sangue do Senhor. 3 – Os frutos da Penitência: não julgar os demais; dar esmola; mortificar o corpo. É a primazia do Espírito sobre a carne, que é uma das verdades mais sólidas da vida espiritual. As principais recompensas desse caminho de conversão, segundo São Francisco, são: alegria espiritual, que o mundo não pode dar; primeira experiência de oração; encanto da natureza. Um ser reconciliado com Deus, consigo, com a história.
Já vislumbramos 2018! Caminhemos com passos firmes e esperançosos, pois o Senhor caminha conosco. Caminhemos motivados para transcorrermos os 365 dias na presença do Senhor, usando os meios de crescimento espiritual: 1 – a Oração Pessoa; a Leitura diária da Palavra; a vida sacramental suficiente: Missa e Confissão; a devoção a Maria, Mãe de Jesus e nossa. Cresçamos na consciência de que somos homens e mulheres crentes! Homens e mulheres evangélicos! Peregrinos neste mundo, caminhando na história rumo a Pátria Celeste dos Santos! Amemos e sirvamos a nossa Igreja Santa, Una, Católica, Apostólica, sustentáculo da Fé. Lutemos contra toda força que ofusca a presença do Amor de nosso Deus: não elegendo corruptos, não se deixando abalar pelo escândalo de outro; sabendo discernir os lobos transvestidos de ovelhas em nossas Igrejas. Cuidemos dos sofredores, prediletos de Deus. Acima de tudo não permitamos matar em nós a Esperança e a certeza que nosso Deus caminha conosco nessa luta de travessia rumo a 2019. Feliz e Abençoado NATAL! Feliz e Abençoado Ano Novo. Com São Francisco percorramos nossa história de Salvação em 2018. Até a próxima!
Frei Paulo Roberto Gomes é da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Pároco da Paróquia de Bom Jesus do Abunã em Plácido de Castro – Acre.
Assistente Espiritual do Núcleo em Formação da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular, que se reúnem todo 4º domingo do mês na Paróquia Santa Inês, às 7 horas (recesso no mês de dezembro)