No Acre vivemos hoje na contramão da evolução da sociedade, se já não bastasse todas as iniciativas econômicas falidas protagonizadas pelos governos petistas, vivemos um fim de ano no mínimo injusto para o setor primário do nosso Estado, leia-se como setor primário todo o povo economicamente rural que direta ou indiretamente, acorda muito cedo até mesmo antes de o sol nascer, todos os dias e sujam suas mãos de terra para produzir alimentos, vestimentas, produtos de limpeza, de construção, óleos, combustíveis, ou seja, uma infinidade de produtos essenciais para a nossa vida.
Lembrando ainda na semana passada, indignado com uma vergonhosa situação que ocorreu com o agricultor Assuero Veronez ao receber uma multa do Imac (órgão do estado do Acre), ao investir na plantação de soja e milho no nosso estado. Não obstante, o pior dessa situação é que a inserção de atividades primárias preconizadas pelo próprio governo como pisciculturas, granjas, suinoculturas, ou até mesmo produção de carnes de carneiros e bois no modal mais intensivo, são totalmente inviáveis quando não se tem uma base forte da agricultura, na produção de alimentos para essas atividades e, portanto, sem soja e milho que são as principais bases de qualquer ração para esses fins, fica impossível a viabilidade econômica dessas atividades, mais um exemplo do total descompasso do governo em gerir essas iniciativas e, mais do que isso, a real explicação para tantos projetos mal sucedidos por essa gestão arcaica e incapaz dos governos petistas.
Voltamos à parte da maior injustiça do governo perante aos mais de 20 mil produtores rurais que quase na sua totalidade dependem da atividade pecuária, sendo esta a principal atividade dos grandes, médios e pequenos produtores rurais do nosso estado.
Tenho a informação que a famosa escala de abate de bovinos no nosso estado bate mais uma vez recordes históricos, trocando em miúdo, para um produtor fazer dinheiro com seu produto, precisam esperar por 20 dias para realizar a transação do negócio, ou seja, o abate dos bois e mais 30 dias para receber, ou seja, 50 dias para fazer dinheiro com sua produção, em plena época de fim de ano, décimo terceiro, férias, dentre outras despesas de suma importância, situação esta jamais vista anteriormente no mês vigente, e agora vem ainda à pior parte, o valor da arroba do boi do nosso estado sofre uma defasagem de preço nunca vista antes nos meses de dezembro e janeiro.
Hoje em Rondônia a arroba de boi capão e inteiro vale por volta de 15,00 e 20,00 reais a mais respectivamente que no nosso estado do Acre, ou seja, um boi inteiro em Rondônia de 18 arrobas vale por volta de 350,00 reais a mais que no Acre, uma verdadeira injustiça para com o produtor e para com a economia acreana.
E vocês podem me perguntar: Quem mais perde com isso? Eu lhes direi, toda a população acreana e principalmente o pequeno, médio e grande produtor rural.
O pequeno produtor é o que mais perde, pois quando o preço do boi cai, o bezerro vai junto e quando ele sobe o bezerro acompanha, portanto, com o seu principal produto desvalorizado fica difícil a permanência do homem do campo na zona rural, o que vem aumentando cada vez mais a concentração urbana e aumentando consideravelmente a competição urbana e conseqüentemente a criminalidade em nossas cidades.
E a falta de remuneração justa dos seus produtos, desanima toda a classe que param seus investimentos e deixam de comprar, de empregar, de realizar serviços, afetando todos os demais setores da economia do nosso estado e principalmente a população sedenta por empregos.
Essas defasagens de preços da arroba do boi do nosso estado em relação ao estado vizinho Rondônia, nunca foram tão grandes e frequentes como agora, e fazendo uma simulação corriqueira dos abates por dia no estado do Acre em um ano, esses valores podem chegar na ordem de 100 milhões de reais a menos por ano para os produtores rurais acreanos, um verdadeiro absurdo com o nosso povo e mais uma vez esse dinheiro se concentrando nas mãos dos grandes grupos frigoríficos, deixando o nosso estado cada vez mais atrasado e com sua principal atividade econômica numa competição desleal com o resto do Brasil.
E agora, onde o Governo petista entra nessa história?
O governo mantém um imposto conhecido pelo nome de “pauta do boi” com valores nas alturas, imposto este cobrado quando se vende boi do Acre para os demais estados brasileiros, inviabilizando o livre comércio do nosso produto, deixando o produtor preso ao estado e cada vez menos competitivo, trazendo conseqüências econômicas seriíssimas para toda sociedade já mencionado anteriormente e sentido também por todos a falta de dinheiro.
Vamos além, essa reserva de mercado aos grandes grupos frigoríficos proporcionados pelo governo do PT em detrimento a mais de 20 mil produtos rurais e sentidos por toda a população acreana, não podem mais continuar, se um governo prefere favorecer alguns grupos empresariais contra toda sua gente, está provado que o seu interesse são todos menos aqueles de produzir riquezas e empregos para o seu povo.
Temos que dar um basta nessa situação, porque o estado do Amazonas dentre outros estados mantém o imposto baixo? Porque o Acre com apenas dois frigoríficos que monopolizam o mercado? O governo do PT fecha os olhos e ainda põe uma tranca em suas divisas, prejudicando toda a cadeia? Porque às vezes que o governo abaixou a pauta do boi e, portanto ajudando toda a sua gente, só fez justiça em relação ao preço e quase não saiu boi do Acre, ou seja, o efeito é apenas psicológico democratizando o preço do nosso produto em relação aos demais estados brasileiros?
Então minha gente, são essas as perguntas que somadas a tantas outras que explicam o desastre econômico do nosso estado em relação aos outros entes federados. Repito, fica aqui mais uma vez a minha indignação por essa transferência de renda dos nossos pequenos, médios e grandes produtores rurais, bem como de toda a população a favor de grandes grupos empresariais, que tanto nos envergonharam no cenário nacional, e aqui pra nossa surpresa as vantagens para esses grupos continuam, lamentável!
Roberto Duarte
Vereador de Rio Branco