Mais um fim de ano chegou e com ele aquele clima agradável de confraternização e troca de presentes e sentimentos de generosidade mais aumentados que o de costume. São onze meses de amor mais ou menos que resultam em um mês de um super amor envolto das mais sublimes e altruístas intenções.
Essa época do ano traz consigo a reflexão a respeito de tudo que foi vivido nos últimos meses, a retomada de erros e acertos e a possibilidade de outros recomeços. Talvez por isso, a sensibilidade da maioria das pessoas fica a flor da pele e as emoções boas e ruins vêm à tona com força total. O amor, o medo, as decepções, as raivas, as alegrias e frustrações são relembradas de forma intensa como se tivéssemos (e talvez tenhamos mesmo) a chance de colocarmos um ponto final e fazermos um novo começo.
Com todos esses momentos sendo relembrados, a saudade é um dos sentimentos mais presentes: saudade da infância, da inocência, do que não foi vivido, dos tempos em que as preocupações não nos sufocavam, do tempo que querer ver o Papai Noel era nosso maior desafio e da certeza de que o tempo não passava tão rápido como agora. Ah, o tempo… sempre ele.
De todo modo, o Natal e o novo ano, sempre tão comemorados, trazem até para os mais duros corações a oportunidade de confraternizar com os seus e reconsiderar relacionamentos, sentimentos e atitudes. Porém, melhor seria se ao receber o novo ano não voltássemos a ser somente as pessoas competitivas, ocupadas e egoístas da maior parte do ano e pudéssemos lembrar que é no outro e nas suas vitórias que reside parte da nossa felicidade.
É importante compreendermos que o amor exalado com um “feliz Natal” deve ser ressonante também no “feliz Páscoa”, “bom feriado”, “boa viagem”, “bom final de semana” e em todos os desejos retóricos que fazemos automaticamente todos os dias. Ideal seria se os sentimentos de altruísmo e bem querer ao próximo não fossem sazonais como as estações do ano, com data certa para acontecer, já que é exatamente pela falta de bons sentimentos em relação ao outro que ainda estamos num patamar bem precário de reciprocidade.
Portanto, sejamos, sim, gentis, solidários e amorosos, mas não somente no fim do ano, no fim da linha, no fim da vida, no fim de tudo, pois demonstrar tudo isso só às vezes, pode nos fazer perceber que foi demonstrado tarde demais.
“Ideal seria se os sentimentos de altruísmo e bem querer ao próximo não fossem sazonais como as estações do ano”