Após dois dias de muita chuva, o Rio Acre subiu quase três metros em menos de 24 horas, aponta a Defesa Civil Estadual. Na medição realizada na terça-feira, 26, o manancial apresentava o nível de 8,22 metros e nesta quarta-feira, 27, o rio media 11,59 metros. Esse aumento de 2,92 metros é a maior marca registrada nos últimos sete anos.
Com a atual medição, o rio se encontra a 2,11 metros de alcançar a cota de alerta e 2,62 metros da cota de transbordamento. O major do Corpo de Bombeiros, Cláudio Falcão, explicou que o nível registrado na Capital é incomum para um único dia, mesmo em período de chuvas.
“A subida de 3 metros em 24h é muito atípica”, aponta o major.
O aumento do nível do rio também pegou de surpresa a quem tem as águas como vizinho. “Fui dormir e o nível tava lá embaixo. Quando acordei tomei um susto. Mas, também já era de se esperar devido às chuvas dos últimos dias”, comenta uma moradora do bairro Base, em Rio Branco.
Para janeiro e fevereiro, o major Falcão diz que é esperado um grande volume de chuvas. Caso isso ocorra, a medição deve ser feita mais vezes durante o dia. Em Rio Branco, a cota de alerta de cheia do Rio Acre é de 13,50 metros.
Nos últimos 46 anos de registros foram contabilizados 34 vezes em que o Rio Acre superou a cota de transbordamento. Esta marca registrada ontem é a maior nesse mesmo período dos últimos oito anos.
Em Rio Branco, os primeiros bairros a serem atingidos caso o Rio Acre transborde são Airton Sena e Seis de Agosto.
Nesse mesmo dia do ano passado, o nível registrou apenas 3,92 metros. Já em 2014, o rio marcou 10,47 metros. E no início de 2015, o Acre enfrentou uma cheia histórica. A marca deste ano, só não foi maior que a de 2009, quando o nível do Rio Acre media, no dia 27 de dezembro, 12,09 metros.
A cota de alerta é de 13 metros, mas aos 12 metros, o Plano de Contingência de Rio Branco prevê o início da estruturação dos abrigos e a adoção de outras providências para começar o atendimento às famílias.
Vale ressaltar que a população pode utilizar o telefone do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOS), o 193, para solicitar apoio em caso de emergência.
Nível rio Acre em Rio Branco em 27 dezembro – Série de 2005 a 2017
2017: 11,14m
2016: 3,92m
2015: 3,48m
2014: 10,47m
2013: 8,36m
2012: 6,55m
2011: 8,32m
2010: 4,22m
2009: 12,09m
2008: 6,64m
2007: 8,50m
2006: 7,46m
2005: 6,86m
Situação no interior
Os níveis em outros municípios do estado estão controlados, apontou o major do Corpo de Bombeiros, e, devido a isso, há a possibilidade de vazante do rio.
“Como os níveis nos demais municípios estão controlados, é bem possível que tenhamos uma vazante, assim como aconteceu em Cruzeiro do Sul, daí não transbordaria”, explica o major.
Volume de chuvas
Cláudio Falcão destaca que do dia 25 para o dia 26 choveu uma média de 58.4 milímetros e do dia 26 para o dia 27 foram 36.6 milímetros. “O esperado para todo o mês era de 249 milímetros, mas nós já temos o acumulado de 440 mm. Já está bem a mais do que o esperado para dezembro”, acrescenta.
Ele explica ainda que, se o rio seguir subindo nessa velocidade, é possível que haja uma nova cheia. “Não descartamos nenhuma possibilidade”, disse.
O coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, coronel George Santos, confirmou que nas últimas 72 horas choveu 59% do esperado para todo o mês de dezembro.
Peixes da Amazônia é atingida após rio transbordar
A empresa Peixes da Amazônia e 10 famílias foram atingidas pela cheia do Rio Iquiri, que corta os municípios Capixaba, Senador Guiomard e Rio Branco.
De acordo com o diretor presidente da empresa Peixes da Amazônia, Fábio Vaz, 30% dos tanques com matrizes de peixes foram atingidos. “Já pedimos para a Defesa Civil nos informar sobre a situação da elevação do nível do Rio Iquiri. Colocamos redes a tempo para conter que mais matrizes acabassem sendo afetadas pela enchente”, explica Vaz.
Os prejuízos ainda não foram calculados. Quase toda a área que funciona o complexo se encontra inundada. Os prédios ficam em área mais alta, por isso não foram atingidos.
A Defesa Civil do Estado enviou duas equipes para socorrer famílias da região e fazer o levantamento dos estragos.
Previsão do tempo para os próximos dias
De acordo com o pesquisador metereológico, Davi Friale, em Rio Branco já choveu em dezembro 40% acima da média climatológica para o mês. O volume de chuvas, na capital acreana, em dezembro de 2017, já passa de 350mm, sendo que a média é de 263,5mm.
“Ocorreram chuvas fortes e volumosas em toda a bacia hidrográfica do R io Acre, acima da Capital, inclusive, nos rios Xapuri e Rola. Em vários pontos, o acumulado superou 70mm, em poucas horas”, completa.
Segundo Friale, a tendência é de que o nível do rio continue subindo até o dia 3 de janeiro na capital acreana e estima que o volume do rio, em Rio Branco, deverá ficar próximo da cota de alerta, que é de 13,5m, podendo até passar desta marca nos primeiros dias de janeiro de 2018.
No Acre, nos próximos sete dias, deve chover, em média, entre 50 e 100mm, enquanto que, em Rondônia, entre 70 e 140mm, neste mesmo intervalo de tempo, prevê Friale.
“Nas regiões acreanas de Rio Branco e de Brasileia, as chuvas mais intensas deverão ocorrer nesta quinta-feira, na sexta-feira, no domingo e na terça-feira, ou seja, nos dias 28, 29 e 31 de dezembro e 3 de janeiro”.
Friale também comenta que há possibilidade de uma cheia de grandes proporções durante o inverno amazônico no início de 2018. “O grande volume de chuvas é consequência das temperaturas acima da média das águas do Oceano Atlântico Norte e a entrada de frentes frias que estão penetrando com frequência provocando a formação de nuvens carregadas no sul Amazônia Ocidental”, detalhou.
Chuvas vão continuar intensas
As condições atmosféricas atuais, segundo nossas análises, indicam que as chuvas vão continuar volumosas durante esta semana, na maior parte do Acre, de Rondônia, do Amazonas, da Bolívia e da região de selva do Peru.
No leste e no sul do Acre, as estimativas são de que, até o final deste ano, o total de chuva deste mês de dezembro, que atualmente está em torno de 350mm, passe dos 430mm.
População deve ter cuidado com animais peçonhentos
O início do período das chuvas traz outro alerta à população em geral. O aparecimento de animais peçonhentos nessa época é bastante comum. Ao ter o seu habitat invadido pelas águas, os bichos procuram se abrigar em locais mais secos, por isso, o aparecimento cada vez mais comum.
O Corpo de Bombeiros orienta que ao serem encontrados o primeiro cuidado que se deve ter é não tentar capturar, pois tem o risco da pessoa ser picada e do risco de acontecer o acidente. O ideal é se afastar e pedir ajuda dos próprios bombeiros para fazer a captura.
Por exemplo, uma sucuri medindo 3,40 m foi encontrada na manhã desta quarta-feira, 27, em uma chácara localizada na estrada Mário Lobão, em Sena Madureira.
O professor de capoeira Raílton da Silva Brãna, o Porreta, percebeu que suas galinhas estavam muito assustadas, fazendo grande barulho e resolveu ir até o galinheiro. Chegando ao local se deparou com a cobra que, ao perceber sua presença, enrolou-se em um pedaço de pau que estava dentro do açude.
“Quando ela percebeu minha presença acabou se enroscando na malhadeira, e depois se enrolou em um pedaço de pau que estava dentro da água. Ela ia comer as minhas galinhas e meus patos, caso eu não tivesse chegado”, conta o professor.
Ao tentar segurar a sucuri, ela se enroscou em um de seus braços. “Foi difícil soltar ela do meu braço, mas consegui”, relata Porreta.
Sobre sucuri
A sucuri divide com a Piton Reticulada (Python reticulatus) o título de maior serpente do mundo, alcançando incríveis 9 metros de comprimento, muito embora seus indivíduos adultos, em média, alcancem em torno de 6 metros. Uma Anaconda pode viver com tranquilidade por até 30 anos.