Dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde no Acre (Sesacre) revelam que em 2015, 130 mulheres engravidaram em decorrência do crime de estupro. Dessas, três realizaram o aborto legalizado por lei. Em 2016, esse número caiu para oito casos de gravidez e apenas um aborto.
A maternidade Bárbara Heliodora é referência no estado para atendimentos de mulheres, crianças e adolescentes que já sofreram algum tipo de violência sexual. Até outubro desse ano, 140 vítimas desse tipo de crime foram atendidas na unidade. Outras quatro precisaram realizar o aborto.
Os números divulgados pela maternidade mostram que em 2016, 240 atendimentos foram realizados com vítimas de violência sexual. Desses, 1 aborto foi feito. Em 2015, foram 211 atendimentos e 2 abortos. Ou seja, de um ano para outro, o aumento foi de 14%.
Um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feito em 2016, aponta que quase 70% das vítimas de estupro que engravidam no Brasil não fazem o aborto legal. No Acre, esse processo já é realizado na maternidade
“Hoje existe a lei do aborto legal para vítimas de violência sexual, mas, mesmo assim, tem que procurar o hospital em 72 horas. Porque se passar mais tempo, não pode acontecer. A pessoa também passa por uma escuta, uma conversa. Há um atendimento especializado para essas mulheres”, garante a diretora da maternidade, Serlene Gonçalves.
A direção da maternidade também explica que existem situações em que alguns bebês que nascem frutos de um caso de estupro são encaminhados para adoção. Isso após a mãe passar por um acompanhamento psicológico.
“A pessoa que foi vítima de uma violência, de um estupro, ela só deve se direcionar à maternidade. Ela não precisa registrar um boletim de ocorrência. Ela pode vir, que vai ter atendimento com toda essa equipe e, baseado no atendimento, também é direcionada para procurar a delegacia da mulher e fazer o boletim de ocorrência”, explica Serlene.
Em Rio Branco existem diversos locais em que as vítimas de violência sexual podem procurar ajuda para tentar amenizar a dor de um crime tão grave.
“Temos a Delegacia da Mulher, a Casa Rosa Mulher, tem o próprio Tribunal de Justiça, que vem trabalhando isso, o Ministério Público e as unidades básicas de saúde que também têm esse atendimento. Ela deve procurar o que for mais próximo”, finaliza.