Falta de fiscalização nas fronteiras e guerra entre facções são uma das principais causas para o crescimento da violência no Acre.
Após repercussão nacional sobre os índices de violência em Rio Branco, o secretário de Segurança, Emylson Farias, comenta alguns dados divulgados e diz que acredita na redução da taxa de homicídios este ano.
Com o título “Guerra de facções torna Rio Branco, no Acre, a capital onde homicídios mais aumentam no Brasil”, a repórter da BBC Brasil, Amanda Rossi, relembra o começo da onda de violência e terror que invadiu a cidade, em 2016.
Além disso, a reportagem traz estatísticas que comprovam o crescimento de assassinatos na cidade. A taxa de homicídios passou de 34 por 100 mil habitantes, em 2015, para 62 por 100 mil habitantes no ano seguinte. Considerando os dados, de acordo com projeções feitas pela BBC, a perspectiva é de que o índice deve ultrapassar 75 por 100 mil habitantes, em 2017. Os números oficiais devem ser divulgados no final deste ano.
Em entrevista ao A GAZETA, Farias reconhece a situação de crise na Segurança Pública e enumera algumas medidas que serão tomadas para combater a violência no estado. Reforço do policiamento nas ruas e a criação de uma unidade especializada para combater homicídios com características de execução são algumas das ações que serão realizadas.
Outra novidade deve ser a parceria entre a Secretaria de Estado Segurança Pública, Ministério Público do Acre (MP/AC) e Tribunal de Justiça do Acre (TJ/AC), que visa enrijecer a pena para crimes com requinte de crueldade.
“Nós queremos colocar a pessoa em isolamento, no mínimo, por dois anos. Se for o caso, adotar outras medidas. Nós não temos uma legislação que seja capaz de diminuir o sentimento de impunidade que existe na sociedade brasileira. Acredito que vamos ter um decréscimo na taxa de homicídio ao longo deste ano.”
Segundo o secretário, as principais causas para o crescimento da violência no estado acreano são: falta de fiscalização nas fronteiras, fragilidade da legislação brasileira e a guerra entre facções criminosas.
O caso da jovem Déborah Freitas, 19 anos, que teve sua morte gravada por membros do Comando Vermelho é prova da fragilidade das punições, segundo Farias. Ele destaca que cinco pessoas participaram do assassinato, dois são menores de idade e já foram apreendidos. Sendo que, o principal acusado tem várias passagens pelo sistema prisional.
“Isso mostra mais uma vez a fragilidade da legislação. Os dois menores, que participaram do vídeo, em pouco tempo vão completar 18 anos e vão voltar a delinquir. São pessoas que não tem nenhum respeito pela vida humana. A Déborah era uma pessoa que filmava esse tipo de execução na facção rival, claro que isso não justifica e nem tira a crueldade do vídeo.”
Disputa de território
Outro problema, segundo o secretário, é a disputa de território entre as organizações criminosas. No Acre, as três facções Comando Vermelho, PCC e Bonde dos 13, brigam por espaço.
“Isso ataca a soberania do país e a própria democracia. Esse é o maior mal que existe hoje e está crescendo em todo o país. Dos homicídios registrados mensalmente, 80% são execuções, que vêm desses grupos. Como o estado-polícia se antecipa em situações como essa? A antecipação para evitar alguns crimes dessa natureza é muito complexa, mas em alguns casos possível.”
Muitas mortes em outros estados
Essa guerra entre facções está longe de ser exclusivo do Acre. A propósito, a situação pelo Brasil afora é tensa. No último final de semana, o Rio Grande do Norte teve uma chacina que elevou o total de homicídios para 33 mortes. Em janeiro deste ano, já são 206 assassinatos, o janeiro mais sangrento da história do Estado. Em Fortaleza/CE, apenas a ‘chacina do Forró do Gago’, no bairro Cajazeiras, ocorrida sábado, 27, e a ‘chacina da Cadeia de Itapajé’, ocorrida ontem, 29, já totalizaram 24 mortos. Em 2017, o Estado contabilizou mais de 5 mil pessoas assassinadas.